QUESTÃO DE OPINIÃO

A ideia de que cada um pode e deve ter a própria opinião é um dispositivo democrático (reconhecimento da igualdade), mas, até certo ponto, quando a opinião da maioria prevalece e é a mais harmônica e construtiva. Passando-se desse ponto, a democracia (e o socialismo – o auto governar-se) torna-se um dispositivo de imposição e obstrução. Aí se percebe que a democracia (e o socialismo) é utópica, pois se fosse mesmo fazer-se valer todas as opiniões não haveria liberdade, pois as opiniões de todos seriam impostas sobre todos para fazerem-se valer, simplesmente porque todos quereriam viver segundo a própria opinião e não segundo a opinião alheia. E, assim, ou a sociedade se tornaria um caos por todos fazerem para si o que bem entendessem sem a preocupação de estar ou não desagradando e prejudicando o alheio, ou uma espécie de governo imporia as vontades divergentes de todos sobre todos, deixando as pessoas sem saber como proceder, ou todos chegariam ao consenso de adotar a forma de agir de uns que não criassem conflitos e prejuízos nos outros (que fosse benéfica e satisfatória na média para todos) e aí já não haveria mais lugar para opiniões divergentes, mas teria que se buscar harmonia entre as opiniões.

A democracia (e o socialismo) de fato não existe e nem tem como existir, pois se existisse não existiria governo, tampouco liberdade e muito menos direitos. Numa sociedade onde se vive segundo as opiniões divergentes somente se produz divergência e conflitos. Opiniões diferenciadas podem existir e serem trazidas à mesa, mas somente as opiniões harmônicas (mais que isto, construtivas) podem ser adotadas e postas em prática para o bem de essa sociedade não começar a desrespeitar os direitos uns dos outros, entrando em conflito e produzindo a guerra entre os indivíduos. Opiniões construtivas mais do que concordâncias, porque algumas opiniões se harmonizam para produzir deterioração e destruição. Por isto, opiniões harmônicas não podem ser confundidas com opiniões que concordam entre si, mas sim com opiniões que produzem harmonia e harmonia é jamais produzir desarmonia, tampouco deterioração, desequilíbrio, entrave, retrocesso e destruição.

Por exemplo, os jovens nas esquinas à noite se harmonizam para usar drogas, que, na opinião deles, é uma boa. Entretanto, todos sabem que tais atitudes começam por produzir conflito já entre eles e seus pais, entre eles e seus familiares em geral, entre eles e seus vizinhos, entre eles e seus estudos, entre eles e seu futuro, entre eles e as leis gerais, inclusive as do corpo; destroem suas saúdes, suas carreiras, seu convívio com a sociedade, põe-na em desarmonia à medida que essas filosofias se disseminam e vão sendo consideradas não inofensivas e assim por diante. Todos sabem, e eles também, que tais princípios não podem produzir uma sociedade constante, mas sim uma sociedade a caminho do completo caos e deterioração até ao extermínio.

Para produzir-se uma sociedade realmente produtiva e benéfica para todos não se pode permitir que todas as opiniões sejam disseminadas, cultivadas e venham a exercer poder, pois não se deve esquecer que opiniões não se relativizam, elas têm efeito em si e produzem efeitos. As pessoas podem ter opiniões diferentes e até viver segundo elas até certo ponto; dependendo de até que ponto essas opiniões não prejudicam a harmonia geral de sua mente, do seu corpo e da sociedade. Em última análise, porém, opiniões diferentes somente produzem efeito construtivo se não são divergentes. Não que não ser simplesmente divergentes entre si seja suficiente, mas que não sejam divergentes de um conceito harmônico e construtivo.

Embora as pessoas tenham desejos e objetivo diversos, uma ação, qualquer ação, somente será boa se for boa para todos. E não existe pessoa ou ação isolada; não existe pessoa ou ação sem efeito periférico e o efeito de nossa simples existência, quanto mais de nossas ações, não só pode como é sentido a distâncias que jamais imaginamos. O decreto de que as ações dos indivíduos e suas realizações somente serão boas se forem boas para todos não é mera imposição filosófica, com se uma filosofia fosse algo inócuo, sem efeito, e qualquer filosofia pudesse ser escolhida para ocupara a vez da filosofia ideal, mas as formas de pensar determinam a forma de agir e a forma de agir pode harmonizar ou conflitar uma sociedade, construir ou deteriorar relacionamentos, empreendimentos, casas, cidades, sociedades e civilizações.

O efeito maléfico de uma sociedade meio caótica pode não ser percebido de uma geração para outra, até porque as pessoas que nascem e crescem dentro de uma sociedade meio caótica tendem a achar que as dificuldades dessa sociedade são normais. Esse é o caso de grande parte dos indivíduos nesta nossa sociedade meio caótica. As dificuldades produzidas por uma sociedade meio caótica se tornam normais à medida que se tornam comuns, mas, nem por isto deixam de produzir seus efeitos degradantes e eles podem não ser sentidos por essa sociedade imersa no caos (como o sapo que imerso não percebe a água aquecer-se gradativamente), mas, por fim, essa sociedade será destruída por esses efeitos em cascata, como o sapo estará cozido na água quando ela atingir o ponto máximo do aquecimento – a fervura. Já, os efeitos maléficos de uma sociedade caótica sentem-se imediatamente à sua prática, pois são vistos em contraste com seu estado equilibrado anterior. Comumente pessoas mais velhas, que conheceram a sociedade menos insolente e violenta de antes, surpreendem-se e escandalizam-se com a libertinagem, promiscuidade, irreverência, imoralidade e violência que toma conta da sociedade atual. Muito se surpreendem também com a passividade, inércia e aceitação das pessoas mais ajustadas frente ao caos que se instala. Muito mais perplexas ficariam as pessoas que morreram há dez, vinte ou trinta anos se vissem a deturpação filosófica que agora toleramos, pois quando elas pararam de observar o mundo era tudo muito deferente.

Uma miniatura de uma sociedade em que valesse a opinião de todos pode ser produzida observando-se o trânsito. Note-se que nos congestionamentos, querendo aproveitar o sinal aberto, os motoristas trancam os cruzamentos impedindo os motoristas transversais de exercerem seu direito de cruzar na sua vez. Essas atitudes não produzem maiores efeitos porque os motoristas lesados estão impedidos por seus interesses e pelas as leis gerais de vingarem-se avançando sobre os carros dos outros para retribuir-lhes o atraso. Estão também impedidos por essas duas forças de sair de seus veículos e agredir os que os obstruem, etc.. Do contrário, suas reações desencadeariam guerras urbanas que se tornariam triviais. Ainda assim, eles desferem agressões verbais, gestos ofensivos e todo tipo de retaliação possível.

Os interesses que na maioria das vezes os impede é que não gostariam de danificar seus automóveis para danificar os dos outros, mas, se não fosse isso e as leis, a guerra entre eles se instalaria imediatamente.

Não querendo ir longe e estender muito este texto, imagine os cruzamentos mais movimentados deixados à mercê do bom-senso e consideração de uns motoristas para com os outros. Em cinco minutos um trânsito fluente estancaria, os motoristas menos pacientes transitariam pelas calçadas aos buzinaços e, sem fiscais, alguns mais exaltados avançariam por sobre os da frente na tentativa de levá-los adiante para desobstruir a passagem. Os impropérios e gestos ofensivos fluiriam livres e logo os motoristas ofendidos, cada um por sua razão, partiriam para defesa de suas honras e direitos aos socos e todo tipo mais efetivo de agressão moral e física, combatendo indiscriminadamente qualquer um que parecesse ofensor. Dificilmente dois ou três concordariam para combater um terceiro e, se concordassem, com toda certeza se desentenderiam depois. E, assim, certamente nos próximos quinze minutos essa rua já teria se transformado num rio de sangue.

Portanto, todos podem ter suas próprias opiniões e trazerem-nas à mesa de discussões, mas as opiniões que regerão a vida de todos não devem só estar em harmonia com a opinião de todos, mas com um conceito de bom para todos, não somente no sentido de satisfazer a vontade de todos, mas de produzir efeito benéfico em todos e para todos. Logo, embora todos possam ter opiniões diferentes, não se pode permitir que os indivíduos vivam em conformidade com essas opiniões se elas produzem prejuízo para eles mesmos e para a coletividade e ninguém pode dar-se ao luxo de presumir que suas atitudes destrutivas para consigo mesmo não prejudicam a ninguém mais, porque tudo o que fazemos como indivíduos produz efeito em toda a sociedade.

Entretanto, porque todos podem ter suas opiniões, na opinião de cada um sua opinião produz o melhor efeito para todos já que, ao ver de cada um, produz benefício para si. Assim, esta sociedade vive permanente conflito de opiniões, querendo encontrar o caminho da perpetuidade social ao mesmo tempo em que permitindo as pessoas viverem segundo suas diversas opiniões. O que temos produzido, porém, é tremendo choque filosófico, a completa degradação moral, a violência até entre os do bem, o ódio entre os tidos por bons, a exploração econômica institucionalizada e clandestina, a indiferença entre grandes e pequenos, a hipocrisia quase geral, o egoísmo generalizado, o reter para si a todo custo, a injustiça social, o roubo marginal e não-marginal, a incompetência e desinteresse profissional, a corrupção operária e magnata, etc., enfim, cada um cuidando apenas de si mesmo como se estivesse isolado em uma ilha e não fizesse parte de uma engrenagem cujo efeito é transmitido de um setor para o outro simultaneamente a cada ação.

Finalmente, todos podem ter suas opiniões diferentes, mas, para produzir benefício e permanência inclusive para si mesmo, a opinião de cada um deve estar em harmonia com uma opinião que produza benefício para todos e há somente uma opinião assim, a de Deus, pois Ele é o único dentre todos que tem interesse em beneficiar a todos em vez de unicamente a Si mesmo, pois Ele é o Criador de tudo e todos, sendo assim o Pai de todos.

Portanto, jamais existirá uma sociedade dirigida pelos seres humanos capaz de respeitar e satisfazer a opinião de todos e ao mesmo tempo beneficiar a todos, produzindo benefício a todos e perpetuando-se enquanto essas opiniões de todos não usarem como referência (não moldarem-se) por uma opinião comum e benéfica a todos. A única opinião capaz de satisfazer a todos os interesses e ser ao mesmo tempo benéfica a todos (embora todas as filosofias aparentemente benéficas que existem) é a de Deus, expressa em Sua Palavra, a Bíblia, e vivida por Jesus Cristo, Seu Filho, e imitada pelos cristãos cuja prática religiosa não distorce nem adapta os ensinamentos da Bíblia às opiniões particulares dos indivíduos e grupos.

Respeitando, porém, tanto quanto possível, a opinião de todos, há que se fazer esforço para impedir que as opiniões destrutivas proliferem-se levando a tantos quantos possível a ponderar e reconsiderar os benefícios e prejuízos das opiniões e forma de vida que adotou para si. E isso só se conseguirá tendo coragem de contradizer a estimada opinião de cada um, oferecendo-lhe a opção de examinar nova opinião, mesmo que para isso se corra o risco de ser confundido com intolerante e inquisidor. Quem não considera opiniões divergentes é preconceituoso.

Quem deseja uma sociedade harmônica, cuja filosofia contemple a opinião de todos e, ao mesmo tempo, beneficie a todos, deve sair do preconceito e conhecer pessoalmente a nova (antiga) fonte filosófica da Palavra de Deus intocada (a Bíblia), não ficando só no ouvir dizer, mas consultando diretamente a fonte original dessa filosofia de vida e social para ver por si mesmo se funciona ou não. Para tanto, deve Solicitar um estudo Bíblico progressivo na Igreja Adventista do Sétimo Dia mais próximo de casa, na Rádio e TV Novo Tempo (canal 14 Sky, 56 sinal aberto, FM 99.9), na internet ou em uma das emissoras da rede espalhadas pelo Brasil, América Latina, Hope Channel, na América do Norte, e uma rede cobrindo todo o mundo.

Essa sociedade harmônica e benéfica para todos está próxima. Prepare-se e ela virá em breve.

Wilson do Amaral