ETNOCENTRISMO

Ao estudar tal conceito podemos compreender que é uma característica de quem só reconhece a legitimidade e validade das normas e valores vigentes na sua própria cultura ou sociedade.

Tem sua origem na tendência de julgarmos as realidades culturais de outros povos a partir dos nossos padrões culturais. Pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros.

Os valores da sociedade a que pertencemos em muitos momentos são declarados como valores universalizáveis aplicados a todos os homens, ou seja, dada a sua “superioridade” tal modelo deve ser seguido por todas as outras sociedades. Adaptando esta perspectiva não é de estranhar que alguns povos tendem a intitularem-se os únicos com legítimos e verdadeiros representantes da espécie humana.

O que é Etnocentrismo? É a forma que colocamos o nosso eu, como referência e anulamos ou rebaixamos a opinião do outro. Um bom exemplo de etnocentrismo é o que fazemos como os Índios, os chamando de preguiçosos, cultura inferior e ultrapassada. Outro exemplo é quando os nossos jornais ocidentais os quais referem aos movimentos radicais islâmicos como grupos de “fanáticos” e “antidemocráticos”.

Podemos confirmar que tal análise e totalmente etnocêntrica, uma vez que não levamos em consideração que a “democracia” não é um “bem universal”; e que os estados islâmicos têm uma forma muito especial de diferenciar a relação entre religião e política, que não pode ser descrita como “fanática” só por que é diferente da nossa realidade. Isso acontece porque a nossa mídia julga esses movimentos religiosos da mesma forma que julgaria se eles fossem “cristãos” e estivessem ocorrendo aqui.

O etnocentrismo existe na medida em que transpomos os nossos conceitos para outros contextos sociais, culturais e pessoais que não vivenciamos.

A principal consequência do etnocentrismo é a intolerância, já que uma pessoa etnocêntrica é incapaz de aceitar e entender as ideias e os costumes alheios; não observando a realidade a partir da perspectiva do outro, mas da sua própria.

O conceito etnocêntrico está envolvido com a grande estranheza que se dá no encontro do grupo “eu” e o grupo do “outro” que utilizam como referências e características algo como exótico, excêntrico, anormal, exuberante e primitivo. Iniciando a formação de preconceitos, manipulações ideológicas, julgamentos precipitados e sérias distorções culturais, comportamentais e educacionais.

Entretanto, podemos perceber traços etnocêntricos na construção do conhecimento da trajetória dos ameríndios na nossa “civilização ocidental”, pois jamais lhe era dado o direito e o dever de falar de si próprio, sendo sempre mal interpretado e estereotipado em filmes e livros didáticos, ora como bravos, ora como mansos, ora como preguiçosos, ora incapazes, ora como bobos e nunca ser pensantes, inteligentes, dotados de cultura, tradições e costumes.

Os perigos da atitude etnocêntrica se fixa na negação da diversidade cultural humana (como se uma só cor fosse preferível ao arco-íris) e, sobretudo os crimes, massacres e extermínios que a conjugação dessa atitude ilegítima com as ambições econômicas provocaram ao longo da história.

Depois da segunda guerra mundial e do extermínio de milhões de indivíduos e povos, a antropologia promove uma abertura da mentalidade, passando a seguinte mensagem: em todas as culturas encontramos valores positivos e negativos, se certas normas e práticas nos parecem absurdas devemos procurar o seu sentido integrando a totalidade cultura, o conhecimento metódico e descomplexado de culturas diferentes da nossa, permitiu a compreensão do que há de arbitrário em alguns dos nossos costumes, tornando legítimo optar, por exemplo, por orientação religiosa não só daquela em que fomos educados, buscando questionar determinados valores vigentes em respeito ao outro, construindo nossos critérios de valores das relações sociais, com a natureza, etc.

A defesa legítima da diversidade cultural conduziu, contudo muitos antropólogos atuais a enxergarem a diversidade das culturas e das sociedades.

No prisma da análise podemos concluir que não existe valores universais ou normas de comportamentos válidas independentemente do tempo e do espaço.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 11/04/2013
Reeditado em 16/04/2013
Código do texto: T4234917
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