PARA QUEM PRETENDE TER FILHO

Não é novidade que depois da chegada de um filho, a vida muda radicalmente. E não são somente flores que será a vida pós-filho. Quando casam, poucas pessoas pensam no outro lado, isto é, no lado menos glamouroso da procriação. E por motivos particulares, os parentes, a sociedade e a Igreja não nos deixam saber sobre esse outro lado; ao contrário, fazem de tudo para nos incentivar a termos pelo menos um filho.

Antes de observarmos os aspectos negativos de ter filho, quero falar sobre os positivos. A meu ver, os três momentos mais emocionantes para um pai ou mãe, é o momento em que a criaturinha sai da barriga da mãe; quando a ouve dizer: “Mamãe (papai) eu te amo!”; e quando você a leva para o primeiro dia de escola, de mãos dadas, ela vestindo o uniforme impecável, com passos indecisos, a mochila comprada com as suadas economias. Nesse momento seu filho vai segurar sua mão com tanta força, estará tão assustado, que você terá a impressão de que ele gostaria de se fundir ao seu corpo para sempre.

Especialmente nesses momentos citados, você vai perceber que deverá ser muito forte para segurar as lágrimas; e algumas vezes elas inevitavelmente virão. Mas não tem problema. Terão um sabor de encantamento, de orgulho por ser pai (ou mãe) de alguém que você jamais imaginava que iria amar tanto, a ponto de, se preciso fosse, dar a própria vida por ele. Mas claro, há centenas, milhares de outros momentos em que seu filho vai lhe dar a certeza de que valeu a pena, que ele é o que há de mais importante em sua vida.

Mas...

Infelizmente, há o outro lado.

Que ninguém fala. Ou evita.

Mas você precisa saber antes de assumir o compromisso de perpetuar a espécie.

Ter filho significa que, pelo menos no primeiro ano, você não terá boas noites de sono. E se ele tiver saúde frágil, as madrugadas no hospital vão corroer seu bom humor.

As finanças são prejudicadas. Você deverá renunciar a maioria de seus interesses pessoais: viagens, cursos técnicos, embelezamento do carro, compras de roupas, bolsas, sapatos, etc.

O sexo após os primeiros anos pós-filho diminui em quantidade e qualidade para a maioria dos casais. E falta de sexo gera irritação, brigas, e procura por diversões fora de casa.

As brigas do casal aumentam. A mulher fica mais crítica em relação ao parceiro. O marido se vê posto em segundo plano. Com o tempo, ele esquecerá de cortejá-la, como fazia antes.

Conforme o filho cresce, ele abandona seu jeito angelical e dependente dos pais para se transformar em um adolescente cheio de problemas. Os pais se entristecem ao ver que foram tirados do pedestal de heróis, e há outros em seu lugar.

E reze para que seu filho nasça com saúde. Pais que convivem com filhos que necessitam de atenção integral devido a alguma limitação física serão em geral mais tristes e angustiados. Afinal, como ser feliz, se tem um filho padecendo com uma doença terrível?

No entanto, apesar de todos esses problemas, tudo isso pode ser superado se você e seu parceiro forem pessoas que sabem facilmente renunciar a liberdade e os prazeres pessoais pelo seu filho. O problema é que a maioria não aceita perder a liberdade e não é capaz de realizar os sacrifícios que um filho exige.

Ter filho é uma das experiências mais maravilhosas do mundo. Mas você deve se perguntar: estou preparado emocionalmente e financeiramente para recebê-lo e dar a ele tudo que ele merece de bom? Se não tem certeza, espere. Já existem muitas crianças abandonadas e rejeitadas no mundo. Elas não merecem isso.