Jesus, Gandhi, Francisco de Assis, Sócrates e Buda

Hoje, as pessoas em geral têm a mania de achar que ser seguidor de Cristo é sinônimo de se fazer sempre suave nas relações humanas e que não há nenhum compromisso de quem se diz cristão. É claro que muitas pessoas pensam diferente dessa maneira geral. O Jesus que nos pede mansidão e humildade é o mesmo que chama os religiosos de seu tempo de víboras e de hipócritas. O Jesus que oferece a outra face para ser batida é o mesmo que enfrenta Pilatos. O Jesus que come com os pecadores é o mesmo que derruba tudo no templo e expulsa do templo os que querem fazer negócio na casa de Deus. O Jesus amado e admirado hoje é o mesmo que foi chamado de blasfemo e de louco por aqueles que se diziam zeladores do sagrado. Ser seguidor de Cristo é procurar ser manso e humilde de coração, oferecer a outra face em certos momentos, baixar a cabeça em alguns, mas agir e reagir com rigor em outras circunstâncias, de acordo com a necessidade, pois o discípulo não deve ser diferente do seu mestre (isso na religião; na Filosofia, porém, é diferente: Aristóteles, por exemplo, elaborou uma filosofia que criticava e critica o pensamento filosófico de seu mestre, Platão). O Jesus que é amado hoje é o mesmo que foi assassinado pelos religiosos de seu tempo e que nos diz para não levarmos duas túnicas para a missão.

Muitas pessoas gostam de exibir frases de Gandhi, mas se esquecem de ler a história desse homem que deixou uma brilhante carreira para defender a Índia do Império britânico. Essas mesmas pessoas se esquecem de ler a história desse pacifista do século XX. Não sabem como foi a sua vida. Parecem não saber que ele foi perseguido e rejeitado por muitos. Parecem não saber que ele foi mais um assassinado. Muitos não conhecem o que ele escreveu; não conhecem a autobiografia desse homem de espiritualidade e ação.

Muitas pessoas dizem admirar Francisco de Assis, mas se esquecem de que ele também foi visto como louco. Não é fácil mesmo concordar com alguém que abandona uma vida cômoda para se meter a ajudar os pobres, sendo pobre. Hoje, porém, em certa igreja, há uma congregação (dividida) muito rica que se diz seguidora de Francisco de Assis. Como pode? Como alguém pode ser seguidor dos ensinamentos de um homem simples e humilde (que viveu sem luxo por opção, ao lado dos pobres), vivendo no luxo e longe dos problemas dos pobres?

Há pessoas que, nos dias atuais, dizem admirar o exemplo de Sócrates, mas se esquecem de ler a história e a vida desse pensador ateniense; não leem o que Platão e Xenofonte escreveram sobre ele. Assim como Jesus, e antes de Jesus vir a este mundo, Sócrates não escreveu nada. Essas pessoas não sabem como era a vida do patrono da Filosofia, o criador da moral. Não sabem que ele passava o dia interrogando as pessoas na praça e nas ruas de Atenas e convidando todas à prática da virtude, ao conhecimento de si mesmas. Não sabem o que o levou à morte. Não sabem que ele foi condenado à morte e aceitou essa punição com serenidade e sabedoria. Não deixou de filosofar e não aceitou a fuga que lhe foi proposta. Sócrates não fugiu. Lembrete: Sócrates era um homem muito chato. Será que a maioria dos brasileiros gostaria de conviver com ele nos dias de hoje? Será que a maioria dos brasileiros gostaria, nos dias atuais, de conviver com o criador da moral? Sem hipocrisia, a maioria deve responder não.

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Buda dizia que devemos ter: “Percepção correta, pensamento correto, fala correta, comportamento correto, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta”. Isso é um pouco do que Buda viveu, escreveu e aconselha. Esse homem era um príncipe. Abandonou a vida no palácio; abandonou tudo para viver sem nada. Uma boa opção é conhecer a Doutrina de Buda, para conseguirmos, no mínimo, o controle da nossa mente e viver os oito nobres caminhos apresentados neste parágrafo.

Buda não era e não é Deus. Buda foi um homem que conseguiu a iluminação. Foi mais um filho de Deus que nos deixou um bom exemplo de vida. Segundo o iluminado, tudo na vida é passageiro. Entre muitas outras coisas, ele deixou escrito: “Todos os tesouros do mundo – todo seu ouro, prata e honras – não se comparam à sabedoria e à virtude... Para se andar com segurança, nos labirintos da vida, é necessário que se tenham como guias a luz da sabedoria e a virtude”.

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Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 15/05/2015
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