O GRAU 30 NA FILOSOFIA MAÇÔNICA SOB A ÓTICA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

O Grau 30 da escada maçônica, também conhecido como Cavaleiro Kadosh, ou o Grande Eleito, fecha um ciclo evolutivo que se inicia no Grau 19, ou seja, o Grande Pontífice. Todo este trabalho de crescimento se justifica em razão de preparar o maçom ao Grau 31, que neste caso, adentrará no Consistório de Príncipes do Real Segredo (Grande Juiz Comendador). Simbolicamente, o maçom estará pronto para galgar mais um degrau na escada de Jacó. Vale recordar que todo maçom, por mais antigo que esteja nesta sublime Ordem, sempre será um aprendiz, disposto a aprender continuadamente.

Em muitos casos, o que se observa é que os maçons da atualidade se afastam da ideia do que procura esclarecer e lembrar este Grau 30, ou seja, a força e honra de um cavaleiro templário, cavaleiro Kadosh. Na recordação de uma época em que a palavra valia muito mais do que ouro ou qualquer outro metal precioso ou joia lapidada. Por esta razão, um dos exemplos de grande valor para este Grau é Jacques de Molay, Grão Mestre templário e que foi morto numa fogueira, no século XIV, levando consigo muito dos valores raros que devem fazer parte de um homem, independente da era em que tenha nascido.

Mesmo tendo lutado em nome da Igreja e por seus dogmas, no entanto esbarrou na trama de homens que preferem a falsidade e o bem próprio, ainda que ocupantes de cargos de representação pública, no caso em tela, o monarca, e se viu entregue à morte pela traição de fracos e hipócritas.

Neste sentido, mister recordar nas lições de um dos simbolismos maçônicos, da importância de valores templários. Porém, também é imperioso registar que a Igreja errou em muito, principalmente na motivação de conflitos entre culturas ocidentais cristãs contra pensamentos estrangeiros do oriente, fomentando guerras sem qualquer ideologia da verdadeira religião, e sim para atender a um preceito que confrontava com a tolerância, em aceitar os diferentes e também na obtenção de novas terras. O reflexo de muito do que foi produzido pelos templários pôde ser visto nas colônias ocidentais no oriente, no incremento de culturas de opressão.

Assim, neste estudo de Grau, é preciso muita sensibilidade para encontrar as respostas necessárias para a evolução do homem, do maçom, para um ser humano muito mais propenso a enxergar no próximo um irmão e não um oponente ou primo distante. Na prática, valores, atitudes éticas, princípios basilares de uma sociedade estão sendo deixadas para o passado e para o futuro está sendo construído o conceito de inversão de valores e ideias, independentemente da cultura. O problema consiste também no ingresso destes pensamentos equivocados profanos no seio das lojas maçônicas. Uma sociedade fundada em preceitos e princípios éticos não pode se deixar levar pela fragilidade do vícios do homem comum.

O regramento templário, ainda que seja algo além da beleza das roupas ou do seu simbolismo e filosofia, ensinam um pensamento de união, tal qual escrito nos versos do Apóstolo João ou do Grande Salomão, muitas vezes mal interpretados por aqueles que não possuem a formação adequada na busca do Bem, em razão de ser muito mais difícil no dia a dia do ser humano a prática da ajuda do que a do enfrentamento ou da difamação.

Por isso, um verdadeiro maçom deve entender que o topo do seu conhecimento, sempre será a próxima pergunta ou desafio a ser respondida ou enfrentado, e quando a inquietação chegar, novos passos devem ser dados. A beleza da evolução está justamente ai, no conhecimento, na sabedoria, e não na passividade ou harmonia ficta. Eis o resumo da instrução deste Grau que tanto atua na memória, no sabor pelo saber, pela aventura de um novo ser humano.

Por Alessandro Buarque Couto

Mestre Maçom – Grau 33