Alarmante indiferença

É realmente devastador viver no Rio de Janeiro. Onde se verifica a mais baixa taxa de esclarecimento criminal em todo o país a cargo dos órgãos públicos responsáveis pela segurança. O que é um elemento altamente motivador para os que vivem do crime ou de alguma forma o praticam.

Pode-se matar à vontade que dificilmente o criminoso será identificado.

Como se isso não bastasse, agora vemos quase 100 homens com fuzis se deslocando de um ponto a outro da cidade, para o enfrentamento com outra facção, sob o olhar de quase indiferença das forças de segurança. Levando o pânico, o terror e a total impossibilidade de locomoção a pessoas de bem residentes nos locais que são objeto da ação do verdadeiro batalhão de homens que não deveriam ter autorização para andar tão fortemente armados.

E milhares de crianças ficam impossibilitadas de ir à escola, o que é outra violência, além de trabalhadores não poderem ir ao trabalho.

A propósito, às FFAA vêm a público dizer que não dispõem de recursos para o combate às ações criminosas, faltando, portanto, com um recente compromisso que estaria garantido até o fim do atual governo.

Claro que os empresários e agentes do crime aplaudem, pois sabem perfeitamente que a população encontra-se desguarnecida e órfã das condições de segurança que ao poder público seria cabível proporcionar. O que torna mais fácil o trabalho deles.

Encontramo-nos, portanto, nas mãos de Deus. E não é só em termos de segurança, cujas condições de fragilidade observam-se praticamente por todo o país. Como pudemos constatar aqui no Rio com a culminância ontem, continuando hoje, das dramáticas ocorrências na Rocinha, uma comunidade com mais de 100 mil habitantes. Foram cinco horas ininterruptas de tiroteio.

Mas em Brasília, na comunidade Sol Nascente, a segunda maior favela do Brasil, com 90 mil habitantes, são mínimas as condições de habitabilidade. Não há saneamento básico, não há fornecimento regular de água potável, o lixo não é coletado com regularidade, todas as ruas ou vias internas estão em terra, o esgoto é a céu aberto, etc. Isso acontece em comunidade situada a 35 km do Palácio de Planalto!

É acintoso, portanto, o descaso do poder público pela população, seja de baixa renda, como em Brasília ou no Rio, seja de classe média e suas subdivisões, incluindo-se a própria classe superior, ainda no Rio de Janeiro, onde a insegurança alcança a todos.

Como diz uma moradora da Rocinha “é sentar, esperar e ver o que acontece com a sua vida”.

O poder público só não fica indiferente à corrupção. Nesse caso torna-se fácil para nós adivinharmos as atitudes que sempre são tomadas.

Rio, 18/09/2017

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 18/09/2017
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