A droga de todo mundo

Distrito semi-rural em município do Estado do Rio.

- Os caras, depois do trabalho – trabalhadores em geral, até lixeiros –, costumam ir à praia curtir um baseado. Pra clarear as ideias. Não são viciados, não. São apenas usuários eventuais. É o que alguns gostam de chamar de uso recreativo, falava a moça para um amigo seu de passagem pelo município.

A verdade é que o uso da maconha, pelo menos, está disseminado e pronto. E todo mundo sabe. Em qualquer bairro, em qualquer município, possivelmente em todo o território nacional.

Torna-se, portanto, cada vez mais clara a necessidade de liberação dessa droga, considerada mais leve que outras. Isso vem sendo progressivamente imposto pelos diferentes segmentos da sociedade. Trabalhadores, estudantes secundários, universitários, profissionais liberais, dirigentes de empresas, magistrados, políticos, meio artístico, meio esportivo, etc. Todos, de uma forma ou de outra, consomem.

Liberação que poderia ter significativas decorrências. A primeira delas seria a gradativa eliminação da figura do traficante, pelo menos de maconha, pelo estabelecimento de pontos oficiais de venda livre do produto. Como são vendidas as bebidas com elevado teor alcoólico, outro tipo de droga, em botequins, supermercados, aeroportos, clubes, etc.

Outra decorrência seria o favorecimento da arrecadação tributária com a cobrança de imposto pela circulação da mercadoria. O que daria à droga um status de legalidade, comparando-a a qualquer outro artigo consumível. E eliminando do imaginário dos mais jovens, sobretudo, a ideia de uso exclusivo de algo proibido.

Sendo possível que o resultado mais importante fosse o desinteresse gerado pela facilidade de aquisição legal de uma droga que antes poderia levar o seu consumidor à prisão. Ou à morte. Sem falar que, nessa nova situação, possivelmente tivesse maior aceitação, especialmente em relação aos mais jovens, a mensagem que se refere à maconha como o trampolim para o uso de drogas mais pesadas, com capacidade de propiciar o imediatismo da dependência.

A maconha, como de resto todas as drogas, especialmente as mais pesadas, não são liberadas pela possibilidade de alto lucro financeiro que pode, eventualmente, ser compartilhado não apenas pelos traficantes. Isso todo mundo também sabe.

Rio, 131217

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 09/01/2018
Código do texto: T6221692
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