A CORRUPCAO

A CORRUPÇÃO

“A ocasião faz o ladrão”. Não há afirmação mais adequada à prática da corrupção do que essa. Talvez seja por isso que já se tornou uma manifestação cultural o famoso “jeitinho brasileiro”. A nossa disposição em levar a sério a “lei do Gérson”, que nada mais é do que o entendimento de que as questões éticas e morais podem ser desconsideradas, desde que para usufruir alguma vantagem pessoal. Infelizmente passamos a impressão de que somos uma sociedade malandra, corrompida e corruptora.

Enquanto não tivermos uma plena noção de cidadania haveremos de assumir essa falha moral. No Brasil esperteza é sinal de inteligência, egoísmo é comportamento normal para os que ambicionam poder e benefícios, mesmo que em detrimento da maioria, cinismo é característica dos que costumam tirar proveito dos incautos, alienação é a melhor maneira de passivamente aceitar o comando dos que recusam o compromisso com ações voltadas ao bem comum.

O termo corrupção, de origem latina, significa “tornar-se podre”. Na verdade o corrupto pode assim ser classificado, alguém com personalidade deteriorada por condutas como suborno, fisiologismo, clientelismo, prevaricação, extorsão, nepotismo, peculato, roubo, tráfico de influência. Esse tipo de comportamento, tão presente no nosso cotidiano, seja por políticos, seja por servidores públicos, seja por empresários desonestos, seja, até mesmo, por indivíduos do povo, facilita os negócios criminosos e a formação de quadrilhas que se especializam em desviar recursos públicos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, uso indevido da máquina administrativa, etc.

Contribuímos muitas vezes, sem nos darmos conta disso, para a incidência de procedimentos qualificados como corruptos, por ações, mas também por omissões. Para que possamos clamar com autoridade, pelo combate à corrupção e a punição exemplar dos que agem contra a ética e a moral, é preciso que façamos uma autocrítica, revendo nossas atitudes corriqueiras, coibindo qualquer ação nossa que contrarie os princípios da dignidade, da integridade, da decência, da honra, da lisura, da justiça social, da honestidade, da probidade, etc.

Esse mal estar coletivo que vivenciamos atualmente urge receber um tratamento de choque. Necessário se faz mudar nossos costumes políticos, resgatar nossa consciência crítica em favor do bem comum e do respeito aos deveres e direitos de cidadania. Sejamos promotores dessa revolução cultural. Todavia, só estaremos credenciados a nos envolver nessa luta, se não formos protagonistas da corrupção, ativa ou passivamente. É muito comum vermos o delinquente que reclama do abuso da polícia, o terrorista que fala em direitos humanos, o transgressor que não enxerga seus próprios delitos, ainda que pequenos. Nosso olhar de censura tem que estar livre de qualquer apontamento de culpa em postura de idêntica violação ética ou moral.

Rui Leitão
Enviado por Rui Leitão em 05/02/2018
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