A MORAL NOSSA DE CADA DIA - parte 3, sobre poligamia

A maioria da população mundial segue a monogamia. Em geral, as pessoas pensam que é o modelo de união mais certo e justo. Contudo, a poligamia existe sem sofrer represálias em 3 de cada 4 sociedades atuais.

Na Antiguidade, além de natural, a poligamia era questão de sobrevivência. As mortes causadas pela velhice, guerras, caçadas, desastres naturais, clima e doenças reduziam as populações. Então para um grupo não ser extinto buscou-se na poligamia o recurso para manter as taxas de natalidade em alta. A poliginia (união de um homem com várias mulheres) era muito mais comum do que a poliandria (união de uma mulher com vários homens) por razões óbvias: um homem com dez mulheres pode gerar muito mais filhos do que uma mulher com dez homens.

No ocidente cristão, a poliginia foi exercida sem nenhum problema por reis, nobres e pessoas do povo até a Igreja instituir o sacramento do casamento em meados do século doze. Desde então, a única forma permitida de casamento é a monogamia. Já em sociedades como a islâmica, a poligamia masculina é aceitável, comum e tem apoio da religião. Para muitos pensadores muçulmanos, a poligamia, desde que o homem tenha condições de sustentar suas esposas, é preferível à monogamia. Dizem que a monogamia incita a infidelidade conjugal, como revelam as pesquisas. Já a poligamia evita que o homem vá buscar satisfação fora de casa. E sobre a crítica da desigualdade de tratamento, dizem que a lei corânica obriga todo muçulmano a tratar com igualdade todas as esposas e pune os maus maridos.

A maioria dos ocidentais defende a monogamia com base em alguns trechos bíblicos. Um deles diz: “O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher.” Entretanto, no mesmo livro encontramos diversas citações que apoiam a poligamia (só para os homens). Ele pode ter duas esposas (Êxodo 21,10). O rei pode ter muitas esposas (Deuteronômio 17,17). Salomão teve setecentas esposas e trezentas concubinas. Seu pai, o rei Davi, formou um harém bem mais modesto: apenas oito mulheres. Não se vê um “ai” de protesto do deus bíblico.