Sobre esse tal Dia da Gentileza

Prazer: meu Nome é Gentil. A gentileza foi tão esquecida pelos nobres senhores de nome Gentil, que para lembrá-los, foi preciso criar o dia; porque a data de nascimento, está na Certidão e devidamente registrada em Cartório de Notas.

Do obscurantismo social, fez-se os subterfúgios enganosos da gentileza moderna; e uma vez que sou eu o criador do dia: muito prazer, meu nome é Gentil. Em tempo, se não fosse o descaso aliado à minha ineficácia, tudo deveria ser inspirado em mim.

Prefácio: O início deste texto é mera coincidência ficcional com a realidade cotidiana. Entretanto, para quem ainda apura os tímpanos ouvindo os hits da Legião Urbana, parte dele pode parecer com a letra da música "Eduardo e Mônica, escrita pela banda; porém, ao longo da descrição, vai se tornando verdades amargas, feito bile. Gume afiado da navalha em carne crua.

O contrário de gentileza, é cegueira: tanto a cegueira das vistas, como a cegueira do coração!

No portal de entrada da Casa Noturna, a inscrição em letras garrafais esclarece os vacantes: "Bem vindos à nossa cia. Divirta-se o quanto possível, mas não esqueça que Gentileza gera gentileza".

Numa balada qualquer, som pesado ribombando nas caixas e luzes turvando a visão. No salão, encenação de danças e coreografias, cujo lema é: "Na pegacão noturna, a qual os lobos solitários apresentam-se como carneiros frágeis, dóceis e mansos, todo mundo é de todo mundo; e ninguém é de ninguém".

Lá pelas tantas da madrugada, com o álcool derramando pelas bordas dos copos e uma brasa reluzindo o vermelho do fogo em cada olho, José e Maria se conhecem. Sorriem dissimuladamente. Feitas as prévias gestuais, chegam os lábios no ouvido um do outro: "como é seu nome? Meu nome é José; e o seu? Maria, mas pode me chamar de Má; ou mesmo, Boa cia para o café da manhã!"

Sorriem mais abertamente, aliás não só sorriem, como insinuam o "mal feito"; e após trocarem um "selinho" etílico, lábios nos lábios, o conhecimento está consolidado. Terminada a balada, sem maiores objeções, seguem para o aconchego do ninho; que muitas vezes, é oferecido pelos pais de um deles, ou dos dois. E de balada em balada, embalam-se nas fi(n)cadas, acostumam-se com o roça-roça sem pudor e escondidos debaixo do cobertor, com a rotina de dormir lado a lado no mesmo ninho de palha, ou no mesmo acolchoado de pena de ganso. Quando dominados pela paixão traidora, a riqueza ou a pobreza do ambiente é o que menos importa aos nubentes. Dizem que o vaso de tanto ir à fonte, uma hora ou outra, racha, quebra. Bendito seja a fala dos antigos e quem pariu Matheus, que o balance; porque quem não sabe o que faz, faz criança em vez de sexo.

E quê gentileza há numa família constituída nestes moldes? Certamente, de gentileza não há nada; mesmo porque, os atuais Eduardos, Mônicas, Josés, Marias, Joaquins, Raimundos, Ezequiel, Malaquias, Matheus, Richards, Dinorahs, Wellington e mais dezenas de milhões de brasileiros, de gentil em sua essência, não tem nada.

Gentileza requer percepção sensorial aguçada e sensibilidade à flor da pele!

Em uma sociedade embrutecida, maquinada pela tecnologia, contaminada pelo dinheiro, de passos apressados à procura do nada, cabisbaixa devido a depressão emocional auto-punitiva, adepta às coisas inócuas e vazias existentes na beleza física, de olhos arregalados nas redes sociais e amedrontada pelo do tiroteio urbano, é proibido aos usuários olharem-se meigamente e desejar ao outro: "Bom dia, Boa tarde, Boa noite, até logo; dê lembranças à família; aparece lá em casa para tomar um café; estamos de portas abertas para recebê-los; nem bem saiu e já estamos com saudades; como é bom vê-lo com saúde; muito obrigado; que isso, eu que agradeço; como estou feliz com sua vinda, etc."

Sob a luz da racionalidade, o título deveria ser de todos, mas lamentavelmente, gentileza é título de nobreza concluído por poucos na Universidade Universal de Vida!

Conclui-se, portanto, que ninguém dá o que não tem, ou melhor, ninguém oferece o que não aprenderam a ser; afinal, uma sociedade é constituída por inúmeras, miríade de famílias, que em teoria se unem para usufruir do bem comum. Em tempo, quando alguém dizia que algum Gentil era de confiança, entregava as chaves da casa ao confiado. Quer gentileza maior, que ser confiável de outrem, a ponto de receber as chaves da casa do amigo? Fidelidade harmônica, amizade sincera e respeito mútuo, são maneiras associativas que redundam em honestas gentilezas.

Gentileza não tem raça, credo, cor, religião, classe social, clubismo e muito menos, dono. Como também não tem hora, dia, mês, ano. O momento ideal para ser um solícito Gentil, é quando por exemplo, o silêncio de um deficiente visual solicita a minha prestimosa gentileza para ajudá-lo atravessar a rua.

s primeiras páginas do originalíssimo livro "Inteligência Emocional" do PhD em Psicologia, Daniel Goleman, relata a lição prática que ele teve com um senhor, cujo nome não é citado, mas quem leu o livro supõe-se que seja Gentle em inglês, ou Gentil em português, transitando no ônibus conduzido pelo motorista "Pacificador do Mundo", nas ruas estreitas e apinhadas de gente e carros em Nova Iorque.

Ainda dá tempo, gentileze-se!

Logo cedo, temperatura máxima na capital americana. Sobe e desce constante nos ônibus/coletivos que circulavam pela cidade. Nos pontos de parada, pessoas mal humoradas, com fisionomias carrancudas excomungavam a sorte. Xingavam-se mutuamente. Atento a tudo e a todos, Daniel sinaliza aleatoriamente com a mãos para um deles. Ao pôr o pé no degrau, é surpreendido com um sonoro: "Bom dia! É imenso prazer conduzi-lo ao destino. Una-se aos demais e que tenhamos, não só uma feliz viagem, mas um feliz dia. Sinta-se bem sob nossa companhia". Tais palavras atingiam o âmago dos passageiros, despindo-os do estresse cotidiano e caos urbano. E no decorrer da viagem, quem subira no ônibus tenso e irado, descia alegre e festivo; pois não havia uma cara fechada, um amargor sequer no coração, que não se rendia à gentileza daquele senhor sorridente, que para Goleman, era um imediato "Pacificador do Mundo".

As calorias do alimento material são queimadas pelo organismo para a manutenção da matéria alimentada; enquanto que a nobre e sutil gentileza alimenta, nutre duas almas carentes.

Aldous Huxley e a Admirável Nova Ordem Mundial

Aldous Huxley publicou o livro “Admirável Mundo Novo” em 1932.

Nele o autor descreve um novo mundo governado por um Estado Mundial, onde tudo é programado para atender o “interesse maior” de um estado que não é totalitário no sentido de autoritarismo, mas que controla totalmente as pessoas, desde a concepção até a idade adulta.

Duas décadas após a publicação de sua obra prima, Aldous Huxley justificou os motivos que o levaram a escrever o livro “Admirável Mundo Novo”, justificativa essa que passou a ser o prefácio das edições futuras do livro.

Num trecho do prefácio, Huxley diz:

“Não há nenhuma razão, bem entendido, para que os novos totalitarismos se pareçam com os antigos. O governo por meio de cacetes e de pelotões de execução, de fomes artificiais, de detenções e deportações em massa não é somente desumano (parece que isso não inquieta muitas pessoas, actualmente); é - pode demonstrar-se - ineficaz. E numa era de técnica avançada a ineficácia é pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente «eficiente» será aquele em que o todo-poderoso comitê executivo dos chefes políticos e o seu exército de diretores terá o controle de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuída nos estados totalitários de hoje aos ministérios de propaganda, aos redatores-chefes dos jornais e aos mestres-escolas.”.

Mais à frente Huxley observa que: “O amor à servidão não pode ser estabelecido senão como resultado de uma revolução profunda, pessoal, nos espíritos e nos corpos humanos.” e para alcançar esse objetivo ele cita as seguintes providências:

- “Primeiro, uma técnica muito melhorada da sugestão, por meio do condicionamento na infância e, mais tarde, com a ajuda de drogas, tais como a escopolamina.”;

- “segundo - um conhecimento científico e perfeito das diferenças humanas que permita aos dirigentes governamentais destinar a todo o indivíduo determinado o seu lugar conveniente na hierarquia social e económica (pinos redondos em orifícios quadrados possuem tendência para ter ideias perigosas acerca do sistema social e para contaminar os outros com o seu descontentamento);”;

- “terceiro (pois a realidade, por mais utópica que seja, é uma coisa de que todos temos necessidade de nos evadir frequentemente) - um sucedâneo do álcool e de outros narcóticos, qualquer coisa que seja simultaneamente menos nociva e mais dispensadora de prazeres do que o gim ou a heroína.”.

- “Quarto (isto será um projecto a longo prazo, que exigirá, para chegar a uma conclusão satisfatória, várias gerações de controle totalitário) - um sistema eugênico perfeito, concebido de maneira a padronizar o produto humano e a facilitar, assim, a tarefa dos dirigentes.”.

Por simples observação podemos constatar que as três primeiras providências já estão em andamento há décadas, quanto ao quarto item, a manipulação genética de bilhões de seres humanos é técnica e praticamente inviável, então a partir da criação do Instituto para Pesquisa Social (Escola de Frankfurt), iniciou-se um processo de condução do pensamento nas sociedades ocidentais, principalmente, que hoje já mostra seus efeitos.

Abrindo um parênteses neste ponto, é importante se ressaltar que eventuais divergências de opiniões sobre se o Marxismo Cultural existe de fato ou se a Escola de Frankfurt teve a intenção de iniciar um processo de destruição da Cultura Ocidental, é irrelevante. O que me parece mais palpável e urgente é que alguns, ou muitos, se aproveitaram e estão aproveitando, das teorias de Karl Marx e Lênin e da filosofia do Instituto para Pesquisa Social para alterar o comportamento e conduzir centenas de milhões, ou bilhões, de indivíduos com um propósito final que pode ainda não ser perfeitamente claro para a maioria das pessoas, mas que não deixa dúvidas que faz parte do eterno jogo de dominação, presente na Humanidade desde seus primórdios.

Que digam que é mais uma teoria da conspiração mas, tudo indica que as previsões de Huxley estão se concretizando na Nova Ordem Mundial e os saltitantes “progressistas” são peças importantes nesse jogo.

Por curiosidade vamos relembrar alguns personagens do livro:

Henry Foster - Henry Ford;

Benito Hoover - Benito Mussolini e Herbert Clark Hoover (presidente dos Estados Unidos de 1929 a 1933;

Lenina Crowne - Vladimir Ilyich Ulyanov (Lenin);

Polly Trotsky - Leon Trotsky (Revolucionário bolchevique);

Bernard Marx - Karl Marx;

Darwin Bonaparte - Charles Darwin e Napoleão Bonaparte.

Sarojini Engels - Friedrich Engels

Herbert Bakunin - Mikhail Bakunin (teórico político russo)

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 14/11/2018
Reeditado em 03/02/2019
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