Castidade pré-nupcial

CASTIDADE PRÉ-NUPCIAL
Miguel Carqueija

Fazem muitos anos assisti num desses programas de tv com jurados, um deles, jornalista prestigiado, exclamar com indignação que era preciso acabar com “o maldito tabu da virgindade”.
Pode ser que ele tivesse a sua parcela de razão. Mas o tempo passou e hoje em dia o que existe, mesmo, é o tabu da libertinagem. Explicando melhor: a grande mídia e os costumes generalizados como que dão a entender que todo mundo tem que transar com todo mundo, e de todas as maneiras possíveis. E ai de quem discordar disso: no mínimo será taxado de retrógrado e careta.
Pois bem, correndo todos os riscos vou por a mão na ferida. A moral do Cristianismo ensina que o sexo só deve ser praticado dentro do casamento — e de preferência o matrimônio sacramental, não apenas o civil. Quando a gente fala nisso (já aconteceu comigo) corremos o risco de sermos acusados de exigir das mulheres o que não se exige dos homens. Mas, não é isso que diz o código moral cristão. A recomendação é para homens e mulheres: chegarem virgens à noite de núpcias ou, se não casarem, morrerem virgens.
Ao longo de séculos e milênios sempre houve quem fizesse isso e, diga-se de passagem, não por imposição mas por convicção. Tanto homens como mulheres. E, ninguém diga aquele chavão desgastado de que nós olhamos o sexo como “uma coisa suja”. Não, nós cristãos — e falo como cristão católico, mas o que digo é extensivo aos demais cristãos — vemos o sexo como uma coisa santa, uma dádiva de Deus. Quem vê o sexo como coisa suja é quem suja o sexo, como as redes globos da vida.
A célebre cantora, atriz, compositora e apresentadora italiana Rita Pavone, que já esteve tantas vezes no Brasil (a mais recente em 2018), no seu livro autobiográfico “Nell mio piccolo” conta como, ao ficar noiva de Teddy Reno, fez questão de manter a virgindade até o dia do casamento. Afinal, Rita prometera à sua mãe casar virgem. A família era tradicionalmente católica, Rita Pavone permaneceu católica e em 2013 foi inclusive recebida, com a família, pelo Papa Francisco.
Isto, da parte de um ídolo da canção, quando sabemos quantas tentações existem no meio artístico.
Por certo, não prego qualquer tipo de intolerância contra pessoas. A Igreja Católica não julga nem condena. Ela recomenda sim, o cumprimento dos mandamentos e o sexto é “Não pecar contra a castidade”. Um dos pecados de natureza sexual é a fornicação ou sexo fora do casamento. Outro é a infidelidade ou adultério, sexo de pessoa casada com outra pessoa que não o cônjuge.
Sabemos porém que já não vivemos numa sociedade cristianizada, mas secularizada, e que cada vez mais o ambiente, inclusive midiático, induz ao amor livre até como coisa obrigatória. Muitas pessoas não possuem nem discernimento, nem formação moral-religiosa, nem força para resistir à lavagem cerebral do açodamento sexual. Como o pecado grave depende de três fatores (matéria grave, como costuma ser no caso do sexo, pleno conhecimento do entendimento e pleno consentimento da vontade) somente Deus, que é Aquele que sonda os rins e o coração, pode saber de fato até que ponto uma pessoa é culpada ou se em grau maior ou menor. E fiquem certos de que Deus é Amor. No caso dos católicos, há o recurso à Confissão e à Eucaristia, mas não é nada bom confessar e comungar sem a disposição de realmente mudar de vida. Novas quedas poderão ocorrer, porque a carne é fraca; mas confissões hipócritas não devem ser feitas tipo o sujeito que hoje procura o padre e confessa suas trampolinagens sexuais, mas já com um motel marcado para o dia seguinte, que deixará para outra confissão. Gente, a Deus não se engana.
Por fim, e independente da crença religiosa, é preciso entender que a prática sexual, embora santa em sua essência, não é obrigatória para ninguém e é perfeitamente possível passar sem sexo mesmo a vida inteira. E que o verdadeiro sentido do ato carnal é a propagação da espécie. Não é que cada ato deva gerar prole. Aqui conta a qualidade mais que a quantidade. Mesmo que nasça apenas uma criança em mil atos sexuais, as crianças que nascem são a verdadeira razão de existir o sexo. O prazer resultante é como uma recompensa que Deus dá pelo ato criador e, serve também para aumentar o amor do casal.

Rio de janeiro, 26 de junho de 2019.


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