Posse de armas: plausível ou inadmissível?

O Decreto de nº 9.685, foi editado pelo atual Presidente da República Jair Messias Bolsonaro no dia 15 de janeiro de 2019, que flexibiliza a posse de armas de fogo para os cidadãos brasileiros, onde nesse Decreto constitui aquilo no qual o Presidente prometeu em suas campanhas eleitorais, visando à segurança de cada individuo e também a proteção de sua propriedade privada. Este artigo auxilia o leitor a fazer sua própria analise dessa situação que a sociedade vive atualmente. Isto de fato é um assunto polêmico, que se estende em nosso cotidiano, cabe a nós refletir sobre tal posição, será que com o direito da posse de armas diminuirá a violência ou trará mais danos ao povo brasileiro?

Em um artigo feito por Walter Williams, Ron Paul, Stefan Molyneux, e Michael Snyder, apresentam argumentos que legitimiza a posse de armas de fogo para o cidadão. Eles baseiam-se pelos estudos da Universidade de Harvard, onde relatam estatísticas que demonstram a necessidade do individuo possuir uma arma. Neste estudo chega à conclusão que “quanto mais armas os indivíduos de uma nação tem, menor é a criminalidade”. Mencionam que as vendas de armas dispararam nos EUA, mas os homicídios relacionados a armas de fogo caíram 39% e crimes despencaram 69%, e que o número de fatalidades involuntárias causadas por armas de fogo caiu 58% entre 1991 e 2011. Mostram que o índice de violência, segundo as estatísticas do ano de 2011, despencou para 386,3 por 100.000 pessoas.

Porém, estatísticas também mostram que Estados com leis mais rígidas de armas têm taxas mínimas de mortes por armas entre crianças e adolescentes, e as leis para manter armas longe de menores estão atadas a menos índices de suicídios, segundo um estudo feito pela Universidade de Stanford. Segundo Stephanie Chao, professora assistente de cirurgia em Stanford, “uma criança tem 82 vezes mais chances de morrer em nosso país devido a uma lesão por armas de fogo do que em qualquer outra nação desenvolvida”, e acrescenta “Nós nos concentramos muito no Governo Federal e nas coisas que eles podem fazer para proteger nossos filhos de armas de fogo”.

De acordo com o economista David Hemenway, professor de saúde pública da Universidade de Harvard e Diretor do Harvard Injury Control Research Center, essa ideia de possuir uma arma em casa para proteger-se e proteger sua família é um mito, pois aumenta mais a possibilidade de violência e trás grandes ameaças aos residentes. Relata que “ter uma arma e usá-la para autodefesa não parece reduzir as chances de ser ferido”, disse a uma entrevista à BBC News Brasil. Conforme sua opinião, menciona que ter uma arma em casa é motivo de agir contra sua própria família, ou seja, aqui ele adverte o uso da arma de fogo com os acontecimentos de violência doméstica. Além da violência doméstica, aumenta também o índice de suicídios entre os cidadãos, uma vez que “quando há armas, em qualquer tipo de interação hostil, aumentam as chances de que alguém seja morto”, em outro exemplo, cita uma briga de transito, se ambos não tiverem armas, só darão empurrão um no outro, mas se tiverem, não vão “pensar duas vezes” em usufruir de seu instrumento.

Portanto, a posse de armas é controverso a realidade humana, pois como podem dizer que irá diminuir a violência gerando mais violência. Há uma necessidade de olhar a característica fundamental que possa abranger a vida, uma vez que tem uma arma o sujeito terá o julgamento de fazer justiça “com as próprias mãos”. Estão fundando-se em realidades imediatistas e não lançam um olhar para as consequências futuras, aquela frase que falam “caminhar por caminhos mais fáceis”, se é muito difícil dar uma boa educação que possa favorecer a vida, então é mais fácil colocar um instrumento na mão do individuo para impor a força e a crueldade. Isto posto, basta refletirmos, como será o futuro das novas gerações? Será que estamos fazendo o bem para a sociedade colocando em suas mãos uma arma ou vamos criar “pequenos monstros” que não se importam com o valor da vida? Essa reflexão nos proporciona pensar na oportunidade de olhar para nós mesmos e elevar a capacidade do ser humano em pensar sobre a importância da vida, como uma frase famosa do Bob Marley “Se todos derem as mãos, quem sacará as armas?”.