A POLÍTICA DE BRANQUEAMENTO FERE DE MORTE O RJ.

A POLÍTICA DE BRANQUEAMENTO FERE DE MORTE O RJ.

POR VALÉRIA GUERRA REITER.

A história não é só a ciência do passado, mas também é filha de seu tempo. Ontem (22 de setembro) o corpo de uma criança de oito anos foi enterrado no Rio de Janeiro: ela recebeu um tiro fatal de fuzil, quando voltava para sua casa no Complexo do Alemão.

Foi nas costas, que a pequena que sonhava em ser bailarina foi alvejada. Ela era feliz, apesar de todas as dificuldades que a vida impunha a quem recebeu o rótulo cultural: de favelado.

Afinal de contas, a História do Brasil consciente revela os fatos da intensa segregação racial que se inicia pari e passu com os desmandos mundiais que ditaram e ditam as regras do jogo de gato e rato em sua trajetória de subjugo.

Primeiro os índios foram abatidos, logrados e escravizados – Depois com o advento da cana-de-açúcar como modo de produção da Coroa Portuguesa, o negro foi a bola da vez. O Homem coletado na África foi confinado em porões de navios tumbeiros e trazido para (durante trezentos anos) ser espoliado aqui na sua grande SENZALA/BRASIL.

Seus nomes tinham de ser abolidos; eles eram rebatizados, com a intenção de esquecerem de qualquer resquício de identidade nacional pretérito. Estas pessoas sofriam toda a sorte de desdém, e demérito, e quando conquistaram a liberdade continuaram descalços e foram arremessados a um caldeirão de indigência que até hoje perdura ...

E depois de séculos de chibata e morte, quando seu trabalho barato não interessava mais...os patrões do Sistema bolaram um plano interessante para banir o elemento negro de sua antes planejada e demográfica miscigenação: o branqueamento.

Branquear o país que dantes precisava ter mestiços fiéis, é premente. Foi então que ocorreu a imigração de europeus e asiáticos para o país em fins do século XIX até meados do século XX. Com Italianos, alemães, espanhóis, japoneses que vieram ocupar espaços demarcados pelo governo brasileiro.

O Sul principalmente foi recolonizado para tal empreendimento planificado. O Rio de Janeiro por sua vez, precisava mudar sua paisagística de cidade colonial, e transformar-se em um modelo arquitetônico ao estilo francês, e tal feito se deu no início do século XX na administração do prefeito Pereira Passos.

Foi quando moradores de cortiços foram empurrados para os morros vazios (como o da Providência) "para se aninharem e reproduzirem" bem longe do progresso do centro remodelado: aquelas populações iriam apenas servir de mão-de-obra barata para a elite bem nascida e branca – como serviçais, trabalhadores de fábricas ou o que o valha.

No primeiro parágrafo vimos que a HISTÓRIA é uma ciência do passado, porém filha de seu tempo; pois é, e eu digo que há um presente recheado de futuro para cada temporalidade. E nesta fase do tempo presente, os gestores ou senhores do mundo desejam sanear outra vez a cidade do Rio de Janeiro, e transformá-la em uma white city. Utilizando a prerrogativa de combate ao crime organizado atiram para matar e acertam os filhos e netos descendentes de um tempo histórico escravocrata. Onde quem enriqueceu com o escravismo instituído (como modo de produção) foram as elites nacionais.

A menina Agatha Félix não foi branqueada, ela nasceu perfeita, e foi assassinada por um Estado de terror que liquida gente negra e pobre. A ordem é abater (seus iguais) com base em um pacote legal do Ministério da Justiça. - Como bem disse Martin Luther King: Nunca se esqueça que tudo que Hitler fez na Alemanha era legal.

“Minha neta tirou dez, ela não gostava de tirar notas sete ou oito, era uma menina muito estudiosa” ressaltou o senhor Aílton Félix, avô da menina Agatha, morta no último dia 20. Agatha que ao pé da letra significa: perfeita, boa e virtuosa

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Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 23/09/2019
Código do texto: T6752363
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