O Silêncio dos Homens

O Silêncio dos Homens é um documentário feito pela plataforma Papo de Homem e patrocinado pelas empresas Natura Homem e Reserva, divulgado agora em 2019 e disponível no Youtube. É resultado de uma pesquisa que aborda a temática do gênero masculino como um ser reprimido, invisível e inseguro diante dos conflitos que muitas vezes enfrentam.

O filme chama a atenção porque traz à tona a pauta de uma masculinidade prejudicial e uma rigidez psicológica elevada entre eles.

Atualmente, enfrentamos um tabu cotidiano, que é saber o que significa ser homem. Afinal, por que os homens são tão retraídos? Por que devem ser fortes o tempo todo? A sociedade prega que eles devem ser firmes, que devem dar conta de tudo para serem considerados “machos” e, por sustentar essa imagem resistente, acabam sofrendo calados com todas as suas angústias, receios e medos.

No século atual, existe um conceito falho e uma compreensão errada do que é ser, de fato, homem. Todos somos vulneráveis e ninguém é obrigado a ser forte sempre. As mulheres, por exemplo, são categorizadas como sexo frágil. Sendo que já superaram e superam barreiras, como o exagerado senso de orgulho masculino, se empoderam e tomam cada vez mais espaço e voz ativa na sociedade. Então, esse rótulo é errôneo, não existe sexo frágil, homem e mulher são iguais. Na verdade, somos humanos. Já os homens, desde cedo, são obrigados a engolir o choro e não são ensinados a conversar, a expor suas dúvidas como homens, pois se fizerem isso viram motivo de piada. Os amigos estão sempre ali no momento de diversão e se entretendo uns com os outros, mas são sacaneados por esses amigos quando expõem suas fraquezas. Há até um ditado popular no qual afirma que “homem não chora”, sempre discordei dessa afirmação, visto que o choro demonstra instabilidade e chorar faz parte da natureza humana.

Além do mais, perdura um preconceito tão grande em se mostrar seguro e efêmero que se torna notória a pouca presença de professores na educação infantil, ocorre a desvalorização da profissão, onde um mundo paternalista e machista impõe que homens devem ocupar cargos em grandes empresas, de maior importância ou que trabalhem com adolescentes. O prejulgamento então existente é que homem não pode cuidar de crianças. Homossexuais também fazem parte de um grupo vítima de uma igreja e sociedade excludente, dado que não se encaixam no padrão para serem aceitos, sendo acusados de desconstruírem valores. Da mesma forma, há também os homens negros que vivem em constante conflito com os brancos, o mundo faz questão de mostrar que antes de tudo, eles são negros. Sofrem preconceito das mais variadas formas possíveis, seja no trabalho, na universidade ou em qualquer outro lugar que os rejeitam por causa da cor da pele, orientação sexual ou qualquer outro aspecto de identidade que expressem.

Talvez, usar violência como linguagem seja uma fuga por causa da

insegurança em pedir ajuda, por causa do não acolhimento dos outros indivíduos e que é resultado de um desconforto acumulado durante toda a vida. A ausência da figura paterna e aquela típica comparação, “você é igual ao seu pai” de modo negativo é também um dos motivos que faz com que em algum momento os homens “explodam”, exatamente por não conseguir suportar e saber lidar com esse conflito. Daí, a ignorância e a brutalidade falam mais alto, sendo algo automático.

Contudo, de acordo com pesquisas realizadas, o maior índice de suicídios e depressão é gerado por homens. Diante disso, vem a indagação necessária, faz bem viver assim? Como, então, quebrar o silêncio dos homens? É essencial pensar numa masculinidade saudável, sem distúrbios emocionais e sem cobranças exacerbadas, pois o foco do filme documentado é encontrar soluções e não culpados. Por isso é importante falar, quem não expõe o que sente se sufoca. À vista disso, O Papo de Homem, plataforma mentora do documentário, convida todos os homens a participarem de rodas de conversa e não se silenciarem.

ARTIGO DE OPINIÃO***

Natália Xavier de Oliveira
Enviado por Natália Xavier de Oliveira em 06/10/2019
Reeditado em 20/04/2020
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