O OBSERVADOR SOCIAL – FUNDAMENTOS E VERTENTES

A observação social é uma atividade de acompanhamento sensorial, ou seja, com o uso dos sentidos humanos, realizada pelo “Observador Social”. Esta atividade tem por objetivo a identificação dos mais variados comportamentos humanos dentro do meio social em que esse está inserido, assim como as relações e reações que mantem com os seus semelhantes e objetos circundantes.

O Observador Social é o elemento intelectual passivo que através de realização de curso de qualificação ou desenvolvimento de habilidade intelectiva e redacional independente, realiza as atividades de Observação Social do meio circundante. De forma silenciosa e critica, no primeiro momento observa, após, de forma criativa, redativa e relatória, retrata o comportamento das pessoas e coisas passando a tratar os fatos presenciados, “in loco” ou à distância, sem a interferência direta, para construir uma apresentação real ou ficcional, a fim de difundir a observação na forma de relatório técnico ou de literatura social.

Ao Observador Social é dada a autonomia e liberdade de reconstruir os fatos conhecidos na forma real com inserções de elementos ficcionais ou não, sem, contudo, ter necessariamente que explicar ou elucidar os acontecimentos registrados. Não cabe, também, ao Observador Social, análises técnicas e comportamentais dos atores envolvidos nos fatos relatados e nem a busca de explicações científicas, legais ou psicológicas dos fatores que interferiram nos comportamentos sociais observados no contexto considerado.

Pode, porém, quando na vertente técnica, em atendimento a necessidades, quer de caráter político, estratégico ou funcional, quando em missão de paz dentro ou fora de seu país de origem, circunstanciar os relatórios produzidos com fins específicos de subsidiar trabalhos que tenham os seus objetivos voltados aos interesses da ordem social, da segurança pública, da segurança nacional ou das relações internacionais.

A observação social não pode ser confundida com a psicologia social, pois não é uma ciência, e nem sempre tem como objetivo entender o comportamento das pessoas no meio social. A ela é dado o direito de interferir com possibilidades que, na maioria das vezes, não correspondem com a verdade absoluta dos fatos, mas que por intenção do observador, conduzir para uma realidade, em muitas ocasiões, ficcional e irônica em relação ao objeto em pauta ou com as pessoas observadas.

Esta atividade por ter a sua gênese na área das relações humanas, pode ser considerada como a precursora de atividades tais como a psicologia, a medicina clínica, o jornalismo e a literatura, dentre outras atividades profissionais, pela maneira e forma como realiza a sua abordagem funcional. O exercício do seu experimento empírico oferece possibilidades de aprofundamentos com objetivos técnicos e científicos.

Como disciplina que tem a sua matriz na observação do comportamento humano no sentido “lato”, registra e relata os fatos preliminarmente, para posterior receber a análise e as críticas por outros seguimentos do conjunto social. Cabe aos setores considerados técnicos ou científicos, a realização da retirada dos dados para análise da subjetividade dos comportamentos das pessoas e da situação das coisas, valores materiais, psicossociais ou literários em atendimento aos seus interesses específicos.

A OBSERVAÇÃO SOCIAL PODE SER APRESENTADA EM DUAS VERTENTES:

1. Vertente Técnica:

Nesta vertente encontramos o trabalho do Observador Social voltado para a busca de observações do meio social com o objetivo de retratar a observação com caráter de veracidade e em consonância com os fatos ocorridos. Nesta atividade é necessária a fidelidade dos registros da observação tendo em vista que os registros poderão ser utilizados por órgãos oficiais, para os mais diversos fins. Os fatos presenciados, os locais e as pessoas devem ser apresentados de forma fidedigna, conforme ocorreram e se apresentaram, para que, em ato continuo do trabalho realizado, o mesmo seja objeto de confirmação e análise, quer quantitativa como qualitativa, para atender os propósitos a que foram solicitados.

A forma de buscar a fidelidade nesta vertente pressupõe o atendimento de pré-requisitos básicos para a aceitação como verdadeiras as observações realizadas pelo Observador Social. Os pré-requisitos, fundamentais para a aceitação da fidedignidade da observação, serão o atendimento às respostas conforme elenco abaixo:

a. Que;

b. Quem;

c. Como:

d. Quando;

e. Onde;

f. Porque.

O atendimento dos pré-requisitos básicos dará garantias de que os fatos observados e mencionados, são confiáveis a luz da confirmação ou cotejamento, sempre que necessários. Tais pré-requisitos não devem aparecer no corpo do documento técnico como pergunta e resposta direta, mas sim, de forma a serem identificados pela leitura dos fatos observados. O relatório, nesta situação, é o documento que melhor se adéqua aos propósitos da observação técnica, por tratar formalmente a apresentação dos resultados da observação considerada. O documento deve ser redigido em forma clara, precisa e concisa, sem pairar dúvidas sobre a sua finalidade.

Neste tipo de documento devem ser observadas as normas técnicas da ABNT, por tratar-se de elemento importante para futuras providências e tramites administrativos, procedimentos jurídicos e legais ou de ordens governamentais.

2. Vertente Literária:

A vertente literária da observação social difere em objetivo e forma da “vertente técnica” por se tratar de representação de fatos sociais verdadeiros, mas sob a ótica do autor, com possibilidades de tratamentos coloquiais, ficcionais e irônicos, com objetivos voltados ao entretenimento do leitor. As formas que melhor representam a esta vertente literária são as crônicas e os contos, onde o autor brinca com as possibilidades de criação e uso do universo disponível no imaginário popular para representar os fatos verdadeiros observados no contexto social.

O Observador Social, não é o senhor dos fatos e destinos dos seus observados, até porque não apresenta resultados concludentes sobre o que observa. As observações não podem ser fidedignas para os casos de seus relatos, tendo em vista que o objetivo é somente apresentar a sua ótica sobre o contexto considerado naquele momento, e para aquele caso específico. Vale lembrar que nesta condição está o Observador retratando uma situação social em forma de literatura popular, estando isento de preocupação com apresentação de dados técnicos e precisos.

Não cabe ao Observador apresentar justificativas probatórias sobre os comportamentos e atitudes dos seus observados, mas somente relatar com olhar crítico e espirituoso o comportamento apresentado pelos atores sociais visualizados.

Os documentos próprios para a apresentação das observações sociais, são as colunas de jornais impressos, os livros impressos e eletrônicos, e os sítios e blog’s da internet. Por não haver a necessidade de tornar-se um documento peça probatória ou que venha a receber tratamento analítico, ou ainda, que seja fundamental para busca de direito na esfera judicial, livra-se a vertente literária da observação social, do engessamento natural a que está sujeita a vertente técnica pela sua razão lógica de existência e finalidade.

PS. Este é um trabalho resultante de reflexões e experimentos empíricos do autor, sobre os comportamentos humanos no tempo/espaço e contexto ocorrente em suas realidades.