REPRESENTATIVIDADE PARA QUÊ?

REPRESENTATIVIDADE PARA QUÊ?

Lucas Medeiros Santos – Professor

Século XIX, em meados da década de 60/70. Os movimentos de mulheres crescem e se espalham pela Europa. A cada momento as nuances culturais são questionadas e a luta por igualdade de direitos entre os gêneros é iniciada. Mas basta dar uma pequena olhada no século XXI. As lutas continuam. Não apenas de mulheres, mas de negros, LGBTQ+ entre outras minorias (minorias aqui são denominadas os grupos não necessariamente minoritários em seus aspectos de quantidade, mas sim em relação à noção hegemônica), minorias essas marcadas em seus corpos por um passado que insiste em se perpetuar no Estado Democrático de Direito vivido atualmente.

Muitos ainda insistem em negar os preconceitos praticados em nosso dia a dia. Mas como negar uma propaganda de emprego que deixa claro que não aceita entre seus colaboradores uma mulher de cor negra ou que seja gorda? Como negar a posição da mãe de uma aluna que não aceita de modo algum que sua filha seja ensinada por uma professora substituta negra e gorda? Como negar que em um ônibus que seja vistoriado pela policia, peça apenas para que a pessoa negra desça para ser revistada enquanto a de cor branca fica sentada dentro do transporte? Não tem como negar que o lombo dos negros continua a ser chicoteado, agora pelo Estado, em consonância com o período escravocrata.

Representação, do latim, representatio, ação ou efeito de representar, apresentar-se no lugar de. Há representatividade quando no cinema os negros possuem papel de destaque. Há representatividade quando uma mulher negra está no horário nobre apresentando um jornal em uma das maiores emissoras do país. Há representatividade quando um gari negro trabalha durante o dia, e a noite adentra em uma universidade pública para estudar. Há representatividade quando olharmos em nossa volta no dia a dia e percebermos negros, mulheres e LGBT´s ocupando lugares de destaque, sem ao menos questionarmos suas capacidades de ação levando em consideração exclusivamente seu sexo ou orientação sexual.

Os corpos sempre foram marcados, e essas marcas são como um ciclo vicioso que as naturalizam em nossos tempos.

Vivemos em uma época obscura onde a barbárie foi naturalizada, e cada um de nós somos responsáveis na luta contra qualquer tipo de discurso que queira escravizar os que já foram libertados, criminalizar o amor daqueles que amam corpos iguais, e calar vozes que hoje não se calarão mais.

Lume Santos
Enviado por Lume Santos em 17/11/2019
Código do texto: T6797167
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