DESAFIOS DO VOLUNTARIADO NO SECULO XXI: SERVIR A CAUSA

Relatos de diversos setores do trabalho voluntário nos contam sobre pessoas que violam as regras de boa conduta, retirando para si, benefícios destinados àqueles que devem ser os assistidos.

Como exemplo, podemos citar as casas da sopa, onde um contingente de pessoas famintas se dirige em determinados horários para muitas vezes, terem a única refeição do dia ou, tristemente a única em muitos dias.

Não é raro nesse tipo de serviço, encontrar aquele voluntário controlador ao extremo que não contente em estipular as regras organizacionais, extremamente necessárias para a fluidez do serviço (formação de filas, higiene básica, destinação dos restos, etc), impõe muitas da vez sem necessidade ou por simples capricho, limites as quantidades servidas.

É evidente que em um ambiente com grande quantidade de famintos e pouca comida, seja necessário colocar condicionantes como: quantidade de determinados alimentos (como as guarnições), quem deve ser servido primeiramente e quem ficaria por ultimo. Mas nem sempre é assim que acontece.

Já soubemos de tristes casos onde o assistido, por apresentar cara fechada e palavreado grosseiro, foi mal tratado pela equipe de voluntários ou deixou de receber um prato de comida, com a total concordância da coordenação, enquanto voluntários se empanturravam com o alimento destinado aos necessitados.

Nesses casos, a instituição mantenedora deve tomar providencias inicialmente orientativas, pois pode ser que aquelas pessoas não atentaram para o desserviço que estão prestando, ou na reincidência, convida-los a deixarem o trabalho que deveriam prestar e até mesmo a instituição.

Assistir ao necessitado implica prestar-lhe o serviço do qual necessita, sem julgamentos ou críticas.

Não podemos exigir das pessoas, comportamento que desconhecem ou que nunca tiveram acesso, como condicionante para que lhes sejamos uteis. Isso não é caridade.

No Projeto Social que administramos, a criança é prioridade. Alimentação, seja na qualidade ou na quantidade, nunca pode ser utilizado como objeto de negociação ou exigência de bom comportamento. Ao servirmos os assistidos, a prioridade é para as crianças, iniciando-se dos mais novos para os adolescentes, educadores ou voluntários das atividades, devem sentar-se a mesa com seu grupo de educandos, preferencialmente alimentando-se com eles. Oportunidade na qual é observado e copiado em seus modos, inclusive de higiene. Os demais, havendo a sobra e o desejo, podem também alimentar-se.

Pode parecer as vezes, que somos cruéis ao exigir que o voluntário que não se enquadre nesses quesitos, deixe o serviço. Mas tenha certeza, é melhor sem sua presença. Caso o voluntário insista em ter alguma preferência, não temos o menor constrangimento em sugerir que se inscreva na condição de assistido, quando terá direito a essa prioridade.

Fato constatado e que devemos buscar, com todas as nossas forças em benefício de melhores instituições: “O voluntário deve servir a causa, e não servir-se dela”.