IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA.

No último final de semana faleceu o jornalista e escritor brasileiro Gilberto Dimestain. Confesso que nunca havia ouvido falar dele e só fui tomar conhecimento da sua pessoa por intermédio do meu primo que me enviou um vídeo a seu respeito. Creio que tenha sido de fato um grande profissional em sua área, pois verificando às manifestações de carinho na internet e redes sociais deu para constatar tal fato. O que chama atenção é que no vídeo que gravou semanas ou meses antes de falecer aparece um homem fraco e abatido não só fisicamente por causa do câncer, mas principalmente pela vida que viveu (ou deixou de viver). Em sua fala, percebe-se nitidamente que havia se tornado ao longo dos anos um homem extremamente voltado apenas para si e sua profissão vindo só após a doença a se dar conta de que a vida tinha bem mais significado que isso. De acordo com seu depoimento foi uma pessoa extremamente insensível para coisas simples e que realmente tinham valor, como, por exemplo, o cheiro de uma flor e até mesmo o próprio amor. Isso sem falar da sua armagura política e seu provável ceticismo no transcendental que demonstrou em sua entrevista ao jornal._

_Nao tem como viver neste mundo sem sofrer. O sofrimento é inerente ao ser humano. Desde o Éden isso se tornou inevitável. Às dificuldades da vida vez por outra nos desanimam e nos deprimem. E isso afeta todos, uns mais e outros menos, mas todos tem seus dias e tempos sombrios. No entanto, viver sem crer em algo que seja para além do plano material ainda que não seja a crença, por exemplo, no Deus bíblico tradicional é ainda mais desesperador de suportar o sofrimento existencial. É interessante vê a fé de um ateu quando ele está em estado terminal (não tenho certeza se ele era ou não ateu). Não ter em que ou em quem se agarrar é de se desanimar. O nada ou o acaso são incapazes de amparar. Normalmente um ateu está a procura de algo que lhes de satisfação e sentido de existência (muitos obviamente vão negar isso) mas, justamente por negarem isso (orgulho, preconceito, vaidade, decepções pessoais, etc) dizem que não precisam de Deus ou de alguma outra divindade e que, portanto, se bastam por si só. Ledo engano! *Dostoiévski* dizia que há no coração humano um vazio do tamanho de Deus. Nada neste mundo faz sentido se não houver um lugar para onde ir depois que daqui partir. Se realmente Deus não existe e não passamos apenas de um amontoado de células e reações químicas, não faz o menor sentido e principalmente diferença viver, por exemplo, como Martin Luther King, ativista que lutou contra a segregação racial nos EUA ou Adolf Hitler que foi o "pai do nazismo." Ou entre Madre Tereza de Calcutá e Stalin. Sem Deus ou algo transcendental não faz! Isso não significa dizer que sem crer algo transcendental não é possível ser uma pessoa boa, honesta e justa. Lógico que é (graça comum). A questão é que se ele não existe como afirma um ateu ou niilista, não há nenhuma obrigação ou regra moral no mundo que obrigue uma pessoa a ser justa, amorosa e solidária. Mesmo que se tente justificar tais atos bondosos por meios racionais e pragmáticos ainda assim não faria sentido a vida sem a existência de Deus. *Vaidade de vaidade, tudo é vaidade diria o rei Salomão* (o significado da palavra vaidade no original é oco, vazio, sem sentido) Enfim, como tbm bem disse *C.S Lewis:* "Se busco desesperadamente por algo neste mundo que me dê sentido e não encontro, não seria uma clara evidência ou sinal de que fui criado para outro mundo sobrenatural? É de se analisar!

Danilo D
Enviado por Danilo D em 02/06/2020
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