POST IT - LIVRE… NA GAIOLA

“Pássaros criados em gaiolas acreditam que voar é uma doença.” (Alejandro Jodorowsky)

Há pessoas escravas do “establishment”; como casais que se detestam e, aprisionados, não conseguem escapar nem mesmo de si mesmos. Algo que costeia o universo da Síndrome de Estocolmo*, “fenômeno psicológico em que uma pessoa mantida refém desenvolve sentimentos de afeto pelo algoz captor”.

Muito antes desse episódio, a obra de Nelson Rodrigues percorreu tais comportamentos, sintetizados na expressão/apelo “Perdoa-me por me traíres”, em “A Vida Como Ela É”, coletânea de contos publicados entre 1950 e 1961.

Talvez seja o fenômeno proveniente do estado de torpor da escalada de confusão mental, no universo psicanalítico, projetada nos limites e nas dimensões do ID e do EGO, percebidas entre o requisito fundamental de lealdade a si mesmo e a prisão do voto de fidelidade ao “ambiente”, transformando em dogma e pecado o que os olhos veem e teimam, amedrontados, não reconhecer.

Tema para o Dr. Sigmund.

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(12/03/2022)

*Expressão cunhada após assalto a banco em Estocolmo, no ano de 1973, onde os reféns passam a defender os sequestradores, após libertados.