Por Que NEGROS Preferem BRANCAS: Continuação
O Debate Está Aberto
É um grande prazer quando um texto meu suscita discussões e gera debate. Foi uma surpresa e um sucesso eu não ter bloqueado os comentários anônimos, pois foram justamente desses que vieram as contribuições mais proveitosas para a conversa.
Em resposta ao meu texto anterior, “Explicando por que NEGROS gostam de BRANCAS”, um leitor comentou que, na família dele, por parte de pai, todos os homens negros se casaram com mulheres brancas. Ele atribui isso ao fato de sua avó ser racista e não gostar de negros, mesmo sendo casada com um.
Curiosamente, esse relato vai ao encontro de outro comentário que especula que o motivo da baixa taxa de casamento entre mulheres negras seria que os próprios no homens negros são preconceituosos e preferem as brancas, sendo, assim, racistas — da mesma forma que a avó do exemplo anterior. Já as mulheres brancas, segundo essa perspectiva, seriam menos racistas e mais receptivas a essas relações. É interessante como esse argumento inverte a questão histórica do racismo. Além disso, a mesma pessoa sugeriu que negros escolhem brancas porque elas seriam “mais gostosas” que as negras.
Essas são as observações. Agora, vamos à minha opinião.
A Herança Familiar e o Ideal de Beleza
Curiosamente, minha própria avó, embora fosse mais escura que eu e casada com um homem tão escuro quanto ela, dizia que tinha medo de morrer e “se encontrar do outro lado deitada com um negão”. Ao longo de sua vida, descobriu em sua árvore genealógica uma antepassada chamada Julia, que teria sido senhora de engenho, com olhos azuis “como pedra de anil”. Minha avó era racista e idolatrava os japoneses, que, para ela, eram um símbolo de superioridade moral e intelectual. Lembro que, quando soube que eu viajaria para Maceió com um amigo japonês, quase o tratou como uma celebridade, quando ficamos em sua casa para receber a carona que nos levaria até ao aeroporto.
Raízes Históricas e Desejo
Agora, vamos colocar os pingos nos “is” e sofisticar a discussão. Proselitismo não é a minha cara.
Você sabia que Gilberto Freyre, em Casa-Grande & Senzala e Sobrados e Mucambos, argumenta que a arquitetura das favelas e sobrados é uma extensão da relação entre senhores e escravizados. Se a estrutura das moradias reflete esse passado, o gosto e os padrões de desejo também podem ser heranças desse período.
Essa é uma interpretação livre e autoral minha. Quero ver dizerem que é “chatgpt” ou “copia e cola”.
O Desejo, a Pele e a História
A análise é muito simples e remonta ao período colonial do Brasil português e escravocrata. É falho dizer que a mulher negra é preterida em relação à branca. A mulata brasileira sempre foi símbolo de sensualidade e voluptuosidade, a personificação da mulher gostosa, da bunda desejada. No imaginário internacional, é a mulata que representa o Brasil, atraindo olhares de estrangeiros que buscam turismo sexual e outras fantasias tropicais.
Os colonizadores portugueses mantinham relações extraconjugais com escravas e, dessas relações, nasceram os mulatos – como eu. E esses mulatos, por sua vez, preferem as mulheres alvas. Mas vale ressaltar: a preferência dos colonizadores sempre foi extraconjugal. Como amantes, as negras ocupavam um papel fundamental no desejo masculino, mas no altar, eram as brancas que reinavam. Isso explica, em parte, por que as mulheres negras são menos escolhidas para o casamento, embora sejam inegavelmente desejadas.
Beleza, Desejo e Poder
No Brasil, dizer que a mulher brasileira é a mais bonita do mundo pode ser um equívoco. Mas dizer que é a mais gostosa, não. Há um senso comum pejorativo que define a mulher brasileira como a famosa “Raimunda”: boa de bunda e ruim de rosto. Já a loira, essa é o símbolo da beleza clássica, o que a torna mais atraente para muitos negros, não pelo corpo, mas pela estética.
Entretanto, culpar a preferência estética dos negros pelas mulheres brancas pela condição celibatária das mulheres negras é um erro. Porque, embora a mulher branca sinta um desejo instintivo pelo homem negro, esse desejo continua sendo algo extraconjugal. É uma fantasia, um segredo, algo que precisa ser ocultado, assim como no passado, quando as senhoras da casa grande se aventuravam com os escravos.
O Desejo Proibido
Esse mesmo desejo é retratado de forma magistral em Dogville, de Lars von Trier. Há aquela cena arrebatadora de sexo entre a loira e o negro. E a outra, ainda mais intensa, em que ela se imagina no banheiro, cercada por homens negros, corpos úmidos, líquidos escorrendo, a entrega completa ao desejo. Mas, na realidade, os brancos ainda se casam entre si, preservando patrimônio, linhagem, nome.
O desejo pelo negro é intenso, mas não oficial.
Ele é a aventura, a transgressão, a carne forte, a experiência que leva ao êxtase. Algo maior, digamos assim, mais duro e mais forte. Grandes aventuras eróticas.
E essa história, repetida geração após geração, ainda ecoa nas escolhas de hoje.
No Limite da Desejabilidade
Quando houve a Copa do mundo no Brasil em 2014havia relatos de moças europeias, holandesas e escandinavas do leste europeu que se relacionavam apenas com mulatos e negros das favelas, enquanto esses homens se envolviam só com loiras, sem falar inglês.
Dissonâncias de Desejo
O mesmo se aplica às mulheres negras. Os homens brancos e ricos muitas vezes as veem apenas como objetos de exploração sexual ou amantes, e não como parceiras. Assim, apesar da atração mútua entre brancos e negros, ambos os sexos se mantêm distantes em termos de casamento. Os brancos ricos continuam a se casar entre si, enquanto os negros permanecem em condições de pobreza, perpetuando a desigualdade e contribuindo para o equilíbrio social do status quo da miséria humana.
Desejos e Ética
Agora, para discutir se há racismo ou uma decisão ética em meu desejo por mulheres brancas, é importante observar que a ética diz respeito a questões que poderiam ser diferentes do que são. Logo, o desejo, que é uma necessidade fisiológica, o amor — assim como a ida ao banheiro ou o vômito (desculpe a comparação) — não se enquadra nos limites da ética. Portanto, não se trata, e não cabe aqui falar em racismo ou em questões éticas em relação ao meu desejo de deixar minhas marcas com toques delicados e carinhosos nos glúteos de uma mulher alva, desde que haja consentimento e seja um sinal de amor e respeito.