O discurso perigoso do frei Gilson

Recentemente, o frei Gilson chamou bastante a atenção e muitas discussões surgiram a respeito das críticas que ele tem recebido na Internet. Jair Bolsonaro e Nikolas Ferreira saíram imediatamente em defesa do religioso para dizer que ele tem sido atacado porque a esquerda - que seria o mal - persegue os cristãos e não foram poucos os católicos e evangélicos que disseram que tanta gente fez barulho por causa do frei porque o bem incomoda o mal. Então, vamos analisar o porquê do nome do frei estar causando tanta polêmica. Será que ele disse mesmo coisas passíveis de censura ou está sendo atacado simplesmente porque os cristãos são perseguidos?

Se observarmos bem, o seu discurso sobre a mulher, dizendo que a Bíblia determinou que a mulher deve ser auxiliar do homem e falando que se a mulher quiser mais do que isso é “fraqueza” já que está determinado no Livro Sagrado que o homem é que tem que ser o líder foi altamente misógino e não podemos nem mesmo dizer que ele disse isso por ser conservador. Ele não é conservador. Ele é reacionário e ultrapassado. O seu discurso machista e preconceituoso, na verdade, está plenamente de acordo com a Bíblia. Aliás, o discurso dele também não é neutro. Está totalmente alinhado com o discurso machista e misógino dos mgtow e red pill, com a fala antifeminista de mulheres como Ana Campagnolo, Zelma Werneck e Pietra Bertolazzi e com essa onda ultraconservadora que tem assolado o Brasil e outros países. Coincidência ou não, o discurso asqueroso do frei Gilson - que muitos supõem erroneamente ser um homem de Deus perseguido por sua fé - acompanha a ascensão da extrema direita na Europa e nos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump.

Outra fala muito perigosa do frei Gilson foi a que ele deu sobre o racismo e a gordofobia. Ele reclamou que hoje em dia não se pode nem mesmo chamar alguém de “pretinha” ou “gordinha” porque essa geração de hoje é a geração vitimista, ou seja, a geração “dodói”, que fica ofendida com tudo e considera tudo preconceito e bullying. Muita coisa está implícita nessa fala. O frei, com sua fala discriminatória, dá a entender que a pessoa que não quiser ser chamada de “preta” ou “gorda” está sendo dramática e se ofende por nada. É um tipo de discurso que fala como se o desrespeito fosse uma coisa normal. Devemos lembrar bem que se deixarmos passar quando alguém nos desrespeita, isso logo pode evoluir para coisa pior. Quanta gente, sob o pretexto de que “está só brincando”, não se aproveita para dizer coisas bem grosseiras e desrespeitosas? Pode acontecer de uma pessoa chamar outra de gordinha e logo depois a “brincadeira inocente” evoluir para apelidos bem grotescos como “baleia”, “rolha de poço” ou “elefante”. Temos que tomar cuidado. Outra coisa é que o frei não é psicólogo. Não cabe a ele dizer o que é uma ofensa séria ou mimimi de pessoa melindrosa.

Por sinal, não são poucos os líderes religiosos que têm dado palpites sobre assuntos que não lhes dizem respeito. E frei Gilson, como autoridade religiosa, logo poderá estar dizendo coisas piores que infelizmente farão com que muitas pessoas achem que ele é o dono da verdade. Talvez ele vá começar a dizer que antes os pais davam umas chineladas ou palmadas e ninguém morreu ou ficou traumatizado mas que hoje os pais não podem nem mesmo dar uma bronca para os filhos não ficarem com trauma. Infelizmente, muitos dos que seguem o frei não se dão conta de que ele não é um cristão, mas apenas um fariseu disfarçado de cristão. Ele não prega o amor e a caridade. Age como muitos cristãos que têm uma pose moralista e se acham no direito de dizer como os outros devem viver. Pesa muito contra ele o fato de estar intimamente ligado à política. Esse frei não é um cristão, ele não prega o amor. Quem tiver olhos para ver que veja.

NOTA: Se você defende o frei, faça-o na sua escrivaninha.