Imprensa sensacionalista
Vejo corpos mutilados, todas às vezes, em que folheio os jornais diários. Os vermes pululando o escatológico anônimo... - E as rotativas a todo vapor. É a reprodução do fato, quase sempre de enredo banal; não o chamamento à indignação. A certeza de que serei festejado nas páginas de um tabloide, em forma de retrato. E isso é tétrico.
A frigidez do papel, amarelando... – É o esforço da alma para fugir das letras. Àquelas mesmas que descreverão a mentira (lacônica) do que eu fora. A minha vida, em três ou quatro linhas sensacionalistas. – Um processo semelhante ao da carne em putrefação... – Embora os bichos citados primeiro devorem a consciência do mundo.
E se é assim, uma certeza... – prefiro me apegar ao esquecimento. Não há consolo melhor. Ele se encarregando da reminiscência dos estúpidos – E os tipos que inventei sendo enterrados comigo. Não permito que transplantem as minhas partes. Elas serviram apenas aos meus propósitos... – Como súditas devotadas de uma vida miserável. Além do mais, quem iria cobiçar um alargamento de mim?