Eu Levo a Futilidade a Sério

 


 

Viva Como Quiser, Mas Viva de Verdade

Como no filme de Bob Rafelson, da Nova Hollywood, com Jack Nicholson, Cada Um Vive Como Quer, eu vivo como quero — mas, diferente da maioria, isso é verdadeiro.

 

O mais comum é as pessoas viverem como os outros querem, segundo a vontade externa da sociedade e dos pais, contrariando seus próprios desejos e até sua singularidade.

 

Minha decisão é ser fiel a mim mesmo antes de tudo, seguindo esse preceito mais antigo da história da filosofia, que me faz levar a futilidade a sério. Porém, uma vida onde a futilidade tem o papel mais fundamental é uma escolha minha — e fui eu quem criei as circunstâncias da minha vida.

 



A Hipocrisia da “Autonomia”

Depois, vem a questão da hipocrisia social: muitos podem me julgar por eu permitir que meus pais paguem minha TV a cabo, por eu morar com eles, usar meu dinheiro apenas para mim mesmo, custear minhas futilidades — como um celular de 9 mil reais, quase 500 reais mensais em suplementos.

 

Mesmo ganhando bens dos meus pais, como celular, óculos de realidade virtual, ou mesmo recebendo parcelamentos nas compras feitas por eles, ainda assim…

 

Se formos ver, muitos que me julgam compraram apartamentos porque os pais financiaram e deram a entrada, dirigem carros comprados pelos pais, ou tiveram seus estudos e vida custeados pela família. Quando se tornam “autônomos”, acham que a vida que levam foi conquistada sozinhos. É cômico ver como a hipocrisia faz as pessoas acreditarem em uma independência financeira que, na verdade, foi herdada.

 

E o pior: mesmo com melhores condições de vida, muitos se tornam profissionais medíocres ou seres ignorantes — ignorantes de tudo e, pior ainda, de si mesmos, porque nem o próprio destino foi moldado por eles.

 



Um Destino Sem Prejuízo

Uma pessoa que mora em um apartamento comprado pelos pais e tem uma família própria pode ser muito pior do que eu — que não dei esse tipo de prejuízo para os meus pais, que não deixo filhos para eles cuidarem.

 

Minha única preocupação é comprar um celular caro, roupas bonitas, fluir da cultura, cuidar do corpo e do espírito.

 

Hoje, no cabeleireiro, vi uma mulher se auto-lisonjeando porque foi mãe aos 17 anos, tem dois filhos aos 27, e se orgulha de ser esposa e dona de casa. Ora, esse tipo de felicidade e orgulho me parecem até cômicos.

 

Ela se orgulha de cuidar de casa, dar de mamar e cuidar dos filhos. Minha preocupação, no entanto, é mais “fútil”: produzir conteúdo de qualidade intelectual, ler, estudar, cuidar do corpo. Para isso, preciso de um celular de 9 mil reais, roupas bonitas para registrar meus looks, e bons suplementos para manter minha saúde.

 



O Tempo Cobra

A diferença é que o futuro cobra. E essas pessoas, ao chegarem aos 40 anos — quando a beleza já é rara ou se esvai — talvez sejam traídas por seus companheiros, entrem em depressão, e, sem conteúdo ou sem terem cuidado de si mesmas, estejam fadadas ao esquecimento e ao arrependimento.

 

É isso que a literatura e a história ensinam: quem leva a vida dos pais ou da sociedade, no fim, não encontra amor verdadeiro, mas um amor banal, convencional. E quando o fim chega, percebem que tudo o que herdaram foi miséria.

 



O Amor Fati e a Sabedoria de Salomão

Eu sigo minha filosofia do amor fati, de viver o presente, não pedindo a Deus que me dê milagres para me beneficiar em detrimento dos meus irmãos, mas pedindo saúde e força de vontade para seguir meu próprio caminho e conquistar tudo por mérito próprio.

 

Assim como Salomão, que não pediu riquezas, mas apenas sabedoria — e, por isso, se tornou o homem mais sábio da Terra.

 

Essa busca pela fruição no tempo presente, em busca de cultura do espírito e do corpo, é para que daqui a 10 anos o tempo só me faça bem. Que eu colha os frutos das minhas decisões, com um físico mais bonito do que nunca, longe do açúcar e das porcarias.

 


 

Corpo, Espírito e Estilo

Mas sei que o corpo é apenas um invólucro. Por isso, prefiro que o corpo bonito esteja sempre bem vestido, com distinção e elegância — como um prelúdio para quem merecê-lo despido.

 

Entretanto, isso nada significaria se as roupas ou o corpo fossem mais bonitos do que as ideias que minha boca articula.

 

O descamisado, que exibe o corpo por vaidade, mostra apenas ausência de espírito e de bom gosto.

 



A Superfície do Mundo Virtual

O grande exemplo dessa falência de espírito é o macho tóxico. Se eu fosse mulher, jamais permitiria na minha rede social um comentário neandertal de um homem exalando machismo tóxico — tipo um “maravilhosa” seguido de corações.

 

Esses homens merecem ser bloqueados, denunciados e banidos da internet.

 

Enquanto isso, meus comentários — espirituosos, falando sobre saúde, beleza e fazendo alusões à mitologia grega — foram apagados, e eu, bloqueado.

 

Quando percebo o tipo de gente que orbita esses universos, vejo que querer ser exatamente aquilo que se é ainda vai nos levar além. E percebo que é um tipo de universo do qual não quero fazer parte.

 



O Amor é Livre

Fiz de tudo para me reaproximar de uma pessoa que, sem dúvida, amo. Ajo por amor. Mas se ela não quiser, foda-se.

 

Quando se é jovem, ainda se pode ser cobiçado por muitos. Mas daqui a 10 anos, essa pessoa terá apenas o dinheiro dos pais e o dos plantões médicos que fará como novata. E no final, só haverá arrependimento.

 

Digo isso com a sabedoria que a vida me deu — e com o apoio dos exemplos da história.