O CAMINHO OBSCURO do DESEJO.
O Vídeo e a Vingança Silenciosa
A veracidade de um vídeo do Instagram não pode ser comprovada, mas o vídeo do link abaixo mostra um rapaz — um bailarino, tipo um Billy Elliot — dançando em 2014 com uma menininha loira. Ele rouba-lhe um beijo, e a reação da garota é de total asco. O vídeo então corta para 2024, dez anos depois, e mostra o menino transformado: agora é um rapaz bonito, forte, atraente, todo definido. Essa foi sua vingança.
https://www.instagram.com/reel/DIwRqc2NpYu/?igsh=ZTVxYWhrdDdndXg0
Essa é a única vingança verdadeira: a expressão da vontade de potência, que não visa eliminar o objeto do ressentimento, mas volta-se para si mesmo, para o próprio aperfeiçoamento.
Muito diferente daquele menino de adolescência que, ao ser preterido, revidou de forma passiva e destrutiva contra o objeto do seu desejo.
Em Busca da Grande Beleza
Como Giuseppe Garandella, do filme A Grande Beleza de Paolo Sorrentino, eu também estou em busca da grande beleza. Ele é um sexagenário elegante e culto, um dândi e bom vivant, que, sofrendo um bloqueio criativo, procura algo para se inspirar e escrever novamente — tentando reencontrar a beleza perdida de seu primeiro amor.
Nessa minha busca, me atraem o inconvencional, o exótico, o diferente — desde que, é claro, seja do sexo feminino.
O Fascínio Pelo Inesperado
Nem precisei procurar muito. No trabalho, há uma menina — quer dizer, ela tem 19 anos — que pesa menos de 45 quilos, é lésbica, e se veste como uma toy boy, parecendo a Avril Lavigne. Não há dúvidas de que ela é bonita, muito bonita, e cheia de personalidade.
Ela namora a recepcionista de lá. São um casal diferente e interessante: a outra menina é mais cheinha, de cabelos cacheados, se veste de forma mais feminina e diz ser bissexual.
A loirinha é desbocada, fala palavrões com naturalidade, mas também tem um lado carinhoso, chamando todos de “amor”. Ela exala personalidade em tudo: na maneira de se vestir, de se expressar, mesmo com pequenas contradições — como dizer-se palmeirense, mas usar a camisa do Corinthians. No fundo, apesar da marra, é uma princesinha.
Os Mistérios do Desejo
Estranhos são os caminhos do desejo. Às vezes, a própria pessoa ignora os desejos que carrega.
De uns dias para cá, ela começou a brincar mais comigo. Sempre procuro ambas para conversar nos tempos livres, pois são ótimas de papo. E, apesar de ela ser lésbica, a loirinha e eu trocamos olhares cúmplices — ao meu ver, olhares de afeto sincero — e rimos juntos. Quando passo por ela e volto para cumprimentá-la, ela sorri de um jeito bonito e genuíno.
Recentemente, uma doutora nova chegou ao posto. Quando abri a porta para ela, a loirinha brincou comigo, dizendo que eu havia deixado uma “poça d’água” de tanto babar. Agi naturalmente. E me chamou de canto e foi até a regulação pra repetir essas brincadeiras. Outro dia, ela fez perguntas diretas: quem são meus crushs, quem eu gostaria de beijar, se queria ter filhos (respondi incisivamente que graças a Deus, não), se eu usava camisinha então. Fiquei tímido diante da ousadia dela. E enquanto perguntava, não pude deixar de perceber que, involuntariamente, ela mordeu levemente o lábio inferior.
Tudo começou quando falei de um amigo, J., e mostrei a foto dele envolvido em um triângulo amoroso. Ela comentou que, pela aparência dele, ele deveria ter um “pau grande”.
A Tensão Involuntária
Vocês sabem que gosto da tensão sexual inocente com amigas, mas juro que com ela não tive segundas intenções. Fiquei até tímido. Brinquei que gostaria de beijar um velhinho que trabalha conosco — poderia ter respondido algo mais sugestivo, mas sinceramente nem pensei nisso, fiquei perplexo.
A verdade é que a namorada dela não demonstra o mesmo interesse por mim — zero, pelo que percebo — embora ela seja a “bi” da história.
Só houve uma vez em que usei meu blaser de professor Zara, e ambas trocaram um olhar cúmplice de aprovação.
Conversas e Ciumeiras
Na sexta, conversei mais com a namorada dela do que com a loirinha. Sem nenhum cálculo, contei sobre minha vida: como já tive empresa, gastei dinheiro, recusei uma proposta de R$ 4 mil, arrumei emprego para meu irmão — que, aliás, foi promovido a analista.
Mostrei meus vídeos de treino em realidade virtual. A namorada ficou muito interessada, dizendo que tudo que precisava na vida era ganhar R$ 4 mil e morar sozinha. Respondi que esse dinheiro para mim não traria felicidade. Ela logo começou a procurar concursos públicos.
A loirinha, porém, ficou abatida de repente: jogou as chaves de qualquer jeito e virou a cara, provavelmente tomada de ciúmes — mas de quem, não sei ao certo.
O Destino e a Aceitação
Como vocês sabem, não estou procurando nada nem ninguém. Apenas aceito de bom grado o que o destino me oferece, sem forçar. Quero continuar amigo de ambas, sem segundas intenções, mas também sem negar o que o destino me trouxer.
A Tulipa entendeu errado quando falei que queria superar um colega de trabalho. Não é por competição, inveja ou ciúmes: é inspiração para me tornar melhor.
Se ele cuidar de si como eu cuido de mim, será difícil superá-lo, pois é bonito naturalmente. Mas eu tenho consciência do meu valor.
A Busca Pela Completude
Sei que há homens mais bonitos, com corpos melhores, mais dinheiro, mais elegância ou inteligência. Mas ser mais completo é raro.
Clóvis de Barros Filho e Cortella são muito mais inteligentes, mas não têm o físico que eu tenho.
Leandro Karnal é inteligente e atlético, mas não tem a minha elegância.
Na academia, há quem seja mais forte, mas falta repertório cultural.
Eu busco ser completo. Um homem total.
O Que Realmente Atrai
Brincamos sobre como o tamanho do pênis atrairia mulheres, mas sabemos que isso não é o principal.
O que mais atrai, especialmente para um relacionamento sério, é:
• Status social e financeiro
• Humor
• Aparência física
• Inteligência
• Cultura
• Ser interessante
• Elegância
Essa é a ordem real.
Claro que, para amantes, a condição social pesa menos. O prazer e a capacidade de sedução importam mais.
A Filosofia da Estética
Dostoiévski é muito criticado por escrever de maneira falada, e seus tradutores melhoram seu estilo. Mas o erro mais grave, ao meu ver, é a ideia de que “se Deus não existe, tudo é permitido”. Não é verdade: a sociedade e a consciência humana impõem limites.
Minha definição abdominal é quase uma questão filosófica: ela sinaliza, sem palavras, meus hábitos, minha disciplina, minha filosofia de vida.
Já nas mulheres, não valorizo o físico “perfeito”. Gosto da imperfeição, da celulite, da beleza espontânea.
Como dito em Pulp Fiction: a barriguinha na mulher é charmosa; no homem, não.
A Elegância do Ser
Estilo e elegância têm mais a ver com valorizar suas particularidades do que seguir padrões. É ser fiel a si mesmo.
A loirinha com seu visual tomboy destaca sua beleza única. Em mim, isso não combinaria. Meu estilo finesse encaixa melhor na minha identidade.
Essa beleza não convencional é o que me atraiu nela — e, talvez, vice-versa — em desejos ocultos que nem ela percebe ainda.
Aceito de bom grado o que surgir, mas ficaria mais feliz se, em vez de se interessar apenas por dinheiro e status, ela se interessasse também pelos meus valores: treino, saúde, cultura, filosofia.