O encontro da saudade com a esperança...

Saudade é um sentimento que transita acompanhado em nossa vida. Quando seu par é a inconformação, ela é densa, taciturna, acabrunhada, desembocando na tristeza, na amargura, na depressão, no baixo astral... Quando a saudade caminha ao lado da tristeza as lembranças do ente amado perdem o viço e a vida perde a graça, vivemos em um turbilhão de emoções cuja essência são lágrimas de inconformação que banham nossa alma com a dor da ausência.

Quando a saudade se encontra com a tristeza nos debatemos nas gaiolas do sofrimento e dos questionamentos que nada resolvem. Por que comigo? Por que com minha família? Por que com meu ente querido?

Quando a saudade se liga com a tristeza sentimos um vazio, um nada, uma pequenez no coração... A saudade assim é vilã, maltrata, machuca.

Mas há a outra face da moeda, mais jovial, serena, tranqüila... Este outro lado da moeda reflete-se no encontro da saudade com a esperança. Quando a saudade se encontra com a esperança a tristeza se esvai, a inconformação perde espaço, a vida ganha viço.

Quando a saudade se encontra com a esperança as lembranças do ente amado que partiu são ternas, alegres, sorridentes...

Quando a saudade se encontra com a esperança, temos certeza que reencontraremos o ente amado que partiu, que a separação é temporária, que a vida prossegue, que os laços de amor não se desagregam como o corpo... Quando a saudade se encontra com a esperança aprendemos que a vida supera triunfante o porão escuro de uma morte que nos foi ensinada como absurdo. Mesmo após 19 anos é difícil para um coração materno superar a dor da partida do filho querido, isto porque crescemos imersos em conceitos que situam a morte como o fim da linha existencial, uma viagem inadiável para o descanso eterno, a separação irremediável dos amores... Essa teoria acerca da viagem inapelável que todos faremos cedo ou tarde deve ficar para trás, enterrada no passado do pouco conhecimento sobre as leis que regem a vida.

Hoje o coração materno rejubila-se porque se descobriu a imortalidade da alma. A vida prossegue, nossos amores que nos precederam na grande viagem da vida continuam a existir, sentir, amar... Hoje, com o aval do conhecimento acerca das questões que envolvem vida e morte, ou melhor, vida e vida, o coração materno pode promover a amizade da saudade com a esperança, e dizer, com a emoção que o momento requer: “Até breve, meu filho!” “Até logo, meu querido filho!”. Essas frases demarcam na vida de uma ou de várias mães um grande marco representando a certeza de que os laços do coração jamais são desatados pelo cordão chamado morte.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 29/05/2008
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