A "Amazonha" é nossa!

Olha o Brasil aí gente, atropelando a agenda mundial com desferidos a pelo no atacado e guerra no varejo.

Sim, pois não é guerra o que propõe os tais índios que atacaram o ainda outro dia? "Quero ver virem me prender", arrota o véio cacique no Jornal Nacional.

(A mesma certeza faz tribos inteiras viverem à beira de estradas cobrando "pedágio" dos automóveis, ônibus e caminhões; muitas vezes armados até os dentes).

Não é a a mesma e velha retórica da caserna - agora recheada da sabedoria que só anos na Amazônia podem dar - o discurso do General Heleno? Discorda dele quem não sabe que a Amazônia só é "nossa" porque o Exército Brasileiro está lá, ocupando fronteiras estratégicas, dando suporte e apoio logístico (muitas vezes integral) a cidades inteiras, provendo saúde e educação a índios em locais próximos às aldeias, alimentando recrutas de forma a - inúmeras vezes - livrá-los da inanição e torná-los homens completos, vários detentores de uma profissão aprendida nas fileiras do glorioso.

(Você viaja dois dias e meio subindo o Rio Negro e não vê 'alma. Lá pelas tantas uma igreja, uma escola, meia dúzia de , o cais e o campo de futebol. Gente, só dias depois, em Cara-Caraí).

Que o ministro Minc possa lutar pelo humano na Amazônia tanto quanto pela "lenha", em si. Plantações de cupuaçu - o néctar divino da região - só são viáveis no permeio à floresta e demandam extração manual dos frutos, fixando o trabalhador na região com qualidade de vida. Subsídios amplos para programas de ()industrialização de , reflorestamento em Rondônia e estímulo ao agronegócio em serão necessários para manter a presença humana brasileira na floresta sustentável. Combate ao narcotráfico e contrabando nas fronteiras secas só se fará através de força policial federal especializada, que pode ou não ser braço do próprio Exército.

(Quando atravessei de viatura a belíssima estrada entre Cara-Caraí e Boa Vista reparei em imensos silos abarrotados e perguntei o que eram. "Soja que apodrecerá no campo", diziam, porque o Governo Federal não completou a construção de uma estrada para a Venezuela para escoar a safra. Depois do estado "quebrar" com a demarcação da reserva ianomâni - que interrompeu o ciclo do garimpo - mais uma vez a bancarrota viria.

Naquele ano venezuelanos e americanos faziam exercícios conjuntos na fronteira, o que fez o mobilizar cinco mil homens para a região conhecida como , onde ficamos por quase trinta dias - mais para marcar presença. E não, a matéria de capa da IstoÉ da semana passada não é sensacionalista).

* Planície amazônica é balela. Lá dentro da floresta, é 100m de socavão prá baixo, 100m de socavão para cima, com um igarapé gelado no meio. Planícei é na copa das árve.

** Sabe como chama pernilongo em Manaus?

"Carapanã", responde o turista.

"Não chama. Tem tanto que não carece chamá", responde o local.

*** A maior parte do estado de Roraima é composta de campos e planícies planas, excelentes para a agricultura, e NÃO floresta tropical, como quase todo mundo pensa.

**** Manaus é uma megalópole de mais de um milhão e meio de habitantes, grande maioria , muitos em . Os anos de Zona Franca se foram em um incêndio provavelmente criminoso - verdadeira queima de arquivo na acepção da palavra.

***** Socialite muito bem relacionada me contou há uns quinze anos, quando morei em Manaus, qual o papel de alguma autoridades no esquema que punha a cidade na rota do tráfico internacional. Achei que ela era louca, nem liguei muito para a história. Anos depois, deu no Jornal Nacional, exatamente como ela havia dito. E fim.

Renato van Wilpe Bach
Enviado por Renato van Wilpe Bach em 30/05/2008
Reeditado em 30/05/2008
Código do texto: T1012667