DISCUTINDO A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL

O PAPEL DA EDUCAÇÃO

Maria do Carmo M. Dantas Santos

Ao desenvolvimento harmônico da capacidade física, intelectual e moral do indivíduo denominamos educação, portanto, é evidente a importância do papel que esse processo desempenha na formação do ser humano, e, conseqüentemente, da sociedade.

Educar é uma tarefa que cabe a vários núcleos sociais, como a família, as comunidades, os meios de comunicação e à escola, sendo que esta última se constitui o foco fundamental de organização, transmissão e sistematização do conhecimento e guarda estreita e recíproca relação com a sociedade.

Assim sendo, a educação, no âmbito escolar, deve estar voltada para oportunizar a democratização e a transformação do ser humano, proporcionando-lhe além do acesso, a apropriação do conhecimento e da tecnologia, o avanço do grau de consciência pela instrumentalização científica e técnica, fomentando as capacidades intelectuais, as atitudes e a conduta crítica em relação à sociedade em que está inserido. Ao estar mediando esse processo, a escola estará, ainda, possibilitando ao aluno interpretar a realidade e interagir com ela de forma conscienciosa, analista e produtiva.

No mundo globalizado em que vivemos, em que as fronteiras estão cada vez menos definidas, novos conceitos histórico-geográficos passam a integrar o nosso dia a dia, se faz mister que a escola também amplie os seus horizontes, marcando mais presença na sua própria comunidade.

“Eduquem-se as crianças, para não ser preciso punir os adultos”. Esta famosa frase (Pitágoras), consegue retratar de forma categórica o que, na verdade, está faltando para que a educação cumpra realmente o seu papel: a família, considerada a célula mater da sociedade, nunca esteve tão desintegrada como nos dias de hoje, em que ocorre a inversão de valores e os princípios éticos, morais, sociais e religiosos são relegados a segundo plano, dando lugar ao descompromisso, à ambição, à liberdade desenfreada , como ao materialismo e isso se estende à sociedade.

Para Fullat (1994, p.19), a liberdade exerce um papel preponderante na tarefa educacional, uma vez que educar exige sempre ter que optar, preferir ou decidir-se por este ao aquele sistema de valores, e essa escola é o que dará autonomia ao indivíduo enquanto cidadão. Contudo, não se pode confundir essa liberdade com aquela que não dá limites, que não cobra, que não orienta.

A escola, por sua vez, está desencantada e desencanta professores e alunos. São projetos e mais projetos. São novas medidas e novos cursos implantados no sistema escolar, sob a alegação de se estar buscando melhorias, avanços no processo educacional.. Mas, na verdade, o que está evidente dentro desse sistema, é a insatisfação geral. Professores reclamam da falta de condições de trabalho e salários baixos; aos alunos faltam estímulos, talvez, também por falta de perspectivas. Então, precisamos levar em consideração o que diz Assmann (1998, p.23):

A luta pela revalorização e ressignificação salarial e profissional dos docentes, adquiriu tal prioridade, que muitos já nem se lembram de ancorá-la também no reencantamento pedagógico ou experiência educacional.

É preciso, portanto, reencantar a educação, e, ainda segundo Assmann:

Reencantar a educação significa colocar ênfase numa visão de ação educativa como ensejamento e produção de experiências de aprendizagem (1998, p.29).

A autovalorização pessoal do professorado, a auto-estima de cada pessoa envolvida nesse processo, segundo Assmann, está em jogo e está na hora de fazermos um esforço para trazer novos ressiginicados à educação e encarar o cerne pedagógico da qualidade de ensino.

Destarte, O papel da educação é preponderante para a formação do indivíduo e evolução do mundo. É necessário, entretanto, que se enfrente as dificuldades, que se busque novos caminhos para uma educação mais eficaz, mais humana, mais solidária, pois, ainda citando Assmann (1994, 32) a educação se confronta com essa gratificante tarefa de formar seres humanos para os quais a criatividade, a ternura e a solidariedade sejam, ao mesmo tempo, desejo e necessidade.

Referências:

ASSMANN

FULLAT, Octavi. Filosofia da Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

VOSI, Alfredo. Et all. Filosofia da Educação Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.