Compra-se, Aluga-se ...

...Adota-se, procura-se, se faz qualquer negócio para não usar a língua portuguesa corretamente. Já não bastasse nosso idioma ser tão complexo e repleto de regras, algumas raças e tribos estão criando dentro dele, dialetos, para simplificá-lo, quando na verdade o que está acontecendo é o reverso. Temos nos dias atuais inúmeras variações do Português, todos eles incorretos, pois o correto é a língua padrão, usada por uma pequena parte da população. Mas esse fato não parte dos dias atuais. Desde que o mundo é mundo, toda nação, em cada época, cada geração contribui para a composição desta espécie de dicionário negro da própria língua. O antônimo dos que os escritores, filósofos, poetas, enfim, estudiosos criaram e pretendiam para a humanidade. O Brasil, logicamente não está excluso do esquema, (afinal, do que o Brasil está excluso? não é verdade?) cada geração criou, adaptou a língua para sua maneira e necessidades. Uma pessoa chata, era chamada de “cri-cri”, conversar era bater um “lero”, e assim por diante. Não somente as gerações, e décadas criaram dialetos e idiomas, mas também os passatempos, esportes e profissões. Os surfistas, os rappers, os pichadores, skatistas, e a mais recente coleção de pérolas tratando-se em termos de gírias, é o “internetês”. Falado pelos consumidores da internet. Onde acentos, pontos, regras, e grafias se extinguem, não são nada perto de suas variações, praticamente transformações. Isso serve para facilitar a comunicação, escrever uma grande frase em questão de poucos segundos, usando o internetês, isso é mais do que possível. Mas as gírias não ficam somente dentre suas tribos e o povo que a utiliza, ela “vasa”, e outras tribos passam a se comprometer com a tal, formando então, uma junção e variação da gíria. E devido a popularidade, muitos a confundem com a língua culta, e falam errado quando se necessita do certo. Mas e porque então não adota-la no dicionário convencional e colocá-la na língua padrão. Por um simples motivo, imagina todas as gírias sendo adicionadas ao dicionário, de todas as tribos, de todas as gerações, e de todas as faculdades. Pois sim, alguns cursos possuem sua própria maneira de comunicação verbal. O dicionário já é bastante grande, e por conta disto, de difícil manuseio. Então se fossemos adotar todas as gírias e expressões como fazendo parte da língua padrão, assim reformulando o léxico, quando a tarefa estivesse cumprida, seria o momento de reiniciar a sua reformulação, pois novas gírias e expressões teriam sido criados neste período. Então, o jeito é continuar dizendo que ela está errada, porque não dá aumentar o dicionário em milhares de páginas de tempo em tempo, e fazer-nos carregar o peso de uma biblioteca inteira, e não de apenas um livro. Prestem atenção a este conceito de gíria: é um fenômeno de linguagem especial usada por certos grupos sociais pertencentes a uma classe ou a uma profissão em que se usa uma palavra não convencional para designar outras palavras formais da língua com intuito de fazer segredo, humor ou distinguir o grupo dos demais criando um jargão próprio. E essa Língua padrão, é que confunde tudo. Pois uma criança, que entra na escola, e a professora diz que ela fala errado, deve ser uma grande decepção. Ela não fala errado, somente não utiliza da língua padrão, o trabalho da professora então é educá-la e adaptá-la a esses conceitos, jamais a fazendo esquecer de suas origens. O resto fica para o resto, e a língua padrão para os que precisam e/ou gostam de falar difícil.

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 19/08/2008
Código do texto: T1135834
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