BRASIL X ITÁLIA: UM JOGO INESQUECÍVEL

O futebol que encantou mas não levou

Em 1982, a Copa do Mundo da Espanha – país de Picasso, Velasquez e da dança flamenca – ficou marcado por uma tragédia. Não se trata de nenhum ato terrorista, mas de um atentado que deixou cicatrizes profundas na história do futebol brasileiro. Por aqui, a sociedade ainda vivia sob o jugo do regime militar, e o Corinthians, antecipando uma nova era política, colhia os frutos de sua “democracia”. Na Europa, a seleção brasileira encantava o mundo, revivendo o brilhante futebol da década de 70. Apesar de um percalço na estréia – uma falha de Valdir Peres – , a atuação do escrete canarinho fez desmoronar a muralha russa, guarnecida por Rinat Dasayev. E os adversários foram ficando pelo caminho, até os “hermanos” tiveram que se render ao talento dos craques brasileiros.

Mas, como o futebol apronta surpresas inesperadas, eis que no caminho da seleção havia uma pedra. Apesar de um início de campeonato medíocre, naquele 05 de julho os deuses do futebol sopraram a favor da “esquadra azurra”. Na retaguarda, uma nova e intransponível muralha – o goleiro Dino Zoff – , e na ofensiva um “bambino de ouro” – Paolo Rossi – que, com três disparos certeiros, adiou o sonho do tetra campeonato e levou milhões de brasileiros, inclusive um garoto de 13 anos, às lágrimas. Foi a primeira Copa do Mundo que trago na lembrança, uma recordação que me chega meio vaga e nebulosa, mas que jamais será esquecida. No esporte, umas vezes se ganha e outras se pede e, ao ver meu pai – filho de italianos – vibrando, eu compreendi que não adiantava ficar lamentando. E, por também ter um pouco de sangue italiano correndo em minhas veias, eu posso afirmar com toda a convicção que, naquele dia, tanto o Brasil como a Itália se sagraram vencedores.

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 20/02/2006
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T114181
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