Os candidatos, o esquecimento e o Espiritismo

Nessa época eleitoral assistimos vários comerciais e chamados da mídia em geral convidando eleitores para estudar o passado dos candidatos. Importante iniciativa porquanto saber as realizações, postura e atuação do político é fator fundamental para votar bem.

Entretanto, no assunto pesquisar o passado dos candidatos fiquei imaginando se tivéssemos o poder de devassar suas existências pregressas.

Imagine saber o passado do deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo Paulo Maluf. O que dizer então de Roberto Jefferson e Renan Calheiros. Já pensou ter em mãos uma ficha completa com as realizações do presidente Lula. O que fez? Como fez? Por que fez?

E Hugo Chávez então? Imagine se descobríssemos que Chávez e Bush foram aliados? E Bin Laden morou por muitos anos nos Estados Unidos e jurou amor eterno à terra do Tio Sam. Como já dito em outros artigos, estamos vivendo em determinado país temporariamente, nossa pátria real é a dimensão espiritual, para a qual cedo ou tarde voltaremos após as lides terrenas.

Não estou, caro leitor, acusando ninguém de nada, apenas questiono o que ocorreria se tivéssemos o poder de devassar o passado dos homens públicos, descortinando suas existências, realizações e equívocos.

Sim, porque não sou daqueles que consideram que somente erramos em nosso passado. Não, acertamos também, aliás, equívocos e acertos fazem parte da experiência humana. Muitas das conquistas acumuladas hoje se originaram de enganos do passado, equívocos e acertos são processos pedagógicos de nossa evolução como espíritos, não há como evoluir sem errar, o importante é assimilar e seguir adiante.

E diante dessas elucubrações não pude deixar de refletir nas belas linhas traçadas pela espiritualidade e tão bem coordenadas por nosso Kardec, no capítulo “Esquecimento do passado, consta a seguinte afirmação da espiritualidade:

“O homem não pode nem deve saber tudo. Deus em Sua sabedoria quer assim. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria deslumbrado, como aquele que passa sem transição do escuro para a luz. O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si.”

Ah, abençoado esquecimento que nos permite mergulhar na Terra sem o peso do constrangimento dos equívocos. Abençoado esquecimento que presenteia com a chance do recomeço sem os olhares impiedosos da acusação. Abençoado esquecimento que idealiza nova vida repleta de realizações e chances de reparação. O esquecimento temporário é uma das mais belas formas de manifestação do amor divino, além de ser extremamente útil à democracia, porque nos permite estudar apenas o atual passado do candidato, porquanto, sem o esquecimento temporário correríamos grande risco de não ter em quem votar, inclusive seria até difícil depositar confiança em nós mesmos. Ah, abençoado esquecimento!

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 26/08/2008
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