O Desenvolvimento Econômico à Luz da Termodinâmica

José Lisboa Mendes Moreira

A maioria das pessoas,tendo introjetado os valores da classe dominante,não vê que a riqueza flui dos pobres para

os ricos e,não,dos ricos para os pobres.

Até os autores do famoso relatório do Clube de Roma (1972) sobre os “Limites do crescimento” rejeitaram a evidência.Após exaustiva pesquisa,chegaram à conclusão de que os problemas econômicos e ambientais se originam de um simples fato: a Terra é finita.Em face dessa constatação e sabedores de que os países ricos já abocanharam a maior parte das riquezas do planeta,não faz sentido supor,como fizeram eles, “que à medida que o resto do mundo se desenvolva economicamente,seguirá basicamente o padrão de consumo dos Estados Unidos”.

O desenvolvimento não é uma seqüência de etapas a serem superadas –como pensou Walt Rostow –nem está ao alcance de todos.

“O estilo de vida criado pelo capitalismo industrial sempre será o privilégio de uma minoria.O custo em termos de depredação do mundo físico,desse estilo de vida,é de tal forma elevado que toda a tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização,pondo em risco as possibilidades de sobrevivência da espécie humana.(...)A idéia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das formas de vida dos atuais povos ricos é simplesmente irrealizável.(...).Cabe,portanto,afirmar que a idéia de desenvolvimento econômico é um simples mito”.(Celso Furtado, O mito do desenvolvimento econômico,p.75).

Em decorrência da primeira lei da termodinâmica,o homem não tem capacidade para criar ou destruir matéria ou energia;não há forma de aumentar os recursos do planeta.Do ponto de vista global,o crescimento econômico é apenas um mito.

Por outro lado,pela segunda lei da termodinâmica,os recursos utilizáveis e a energia disponível vão diminuindo.O processo econômico transforma a energia e os materiais que entram nos bens e serviços que saem.O lixo,a poluição e o calor,engendrados por este processo e descarregados na biosfera,não são contabilizados como custos.Na verdade,o estilo de vida dominante no mundo está acelerando,perigosamente,o empobrecimento do nosso planeta.

Os economistas,sejam eles neoclássicos,keynesianos ou marxistas,tomam a economia como um sistema e a natureza como um mero subsistema,invertendo o mundo real.Nenhum deles tem a humildade de reconhecer que as leis da física prevalecem sobre as pretensas leis econômicas.

Transições para uma biosfera mais durável

Se o desenvolvimento econômico é um mito,falar em desenvolvimento sustentável é o mesmo que falar da quadratura do círculo.Entretanto,é possível fazer transições para uma biosfera mais durável.

1-Transição demográfica: descentralização;controle da natalidade;controle das migrações.

2- Transição energética:usar fontes alternativas ao carvão e ao petróleo (gás natural;etanol de cana-de-açúcar;energia atômica [o grande problema dos geradores atômicos é o lixo nuclear ao qual nenhum país do mundo conseguiu dar um destino definitivo];energia hidrelétrica,dando preferência às pequenas centrais;energia eólica;energia solar;células de hidrogênio.

3- Transição econômica:dar valor ao capital da natureza;modificar hábitos de consumo.

4- Transição moral:Verdade - Justiça - Altruísmo.

A grande dificuldade é que os governantes de todos os países e a maior parte dos povos não estão dispostos a fazer essas transições.Quando se dispuserem a fazê-las,talvez já seja tarde.

José Lisboa Mendes Moreira
Enviado por José Lisboa Mendes Moreira em 02/09/2008
Reeditado em 02/09/2008
Código do texto: T1158403