NADA SUBSTITUI O TALENTO PARA COMPREENDER AS PESSOAS.
 
 
Aprender todos podemos. Sempre! Ensinar é para quem pode,  para quem foi dado distribuir o que sabe  com a simplicidade de quem nada sabe. Mesmo sabendo que sabe muito. Compreender é para os sensíveis.
 
Aqui no RL, todos ensinamos e todos aprendemos. Sem cátedra. Ensinamos apenas escrevendo sobre nossos variados pontos de vista, sobre nossas variadas  experiências pessoais, sobre nossas angústias existenciais. Aprendemos apenas lendo os variados pontos de vista do outro, as experências pessoais do outro, as angústias existenciais do outro. E se de alegrias é feita também a vida, com as alegrias dos outros nos colorimos, quando nos faltam as nossas e aí já começamos a compreender.   
 
O RL tem esse efeito mágico de nos proporcionar o ensino,  a aprendizagem e a compreensão. Que de personagens nos vestimos, apenas escrevendo. Apenas compreendendo: a universalidade, a empatia, os sentimentos  que nos aproximam mais deste do que daquele, o inexplicável acontecendo quando  se olha para os olhos tristes, para a palavra cansada, e se adivinha o mundo em seu grande dia: o dia do outro.
 
Mas aqui no RL tenho descoberto por acaso,  entre alunos e  mestres, alguns professores. Que contrariando todas as normas do bom senso, nos fustigam com vara.
Eu daqui, fico abismada com a subserviência com que  aprendizes e mestres os tratam. Tudo bem: os homens escrevem! Mas esse escrever não lhes dá o direito de escolher um nome para o meu texto, uma intenção para a minha função, um julgamento para o meu caráter, um limite para os meus sonhos,  uma mínima restrição para onde devo, ou não devo, direcionar o que escrevo, quanto escrevo, ou deixo de escrever. Pois eles fazem tudo isso! Sem compreender a mínima compreensão.
 
Segundo esses,  o usuário do RL não pode escrever um texto todos os dias: isso é ser uma máquina.  Pois não é que eu sou? Embaixo do sangue de Jesus, até agora tenho sido, e tenho aguardado ansiosamente a hora mágica de me sentar e escrever. Escrever para mim, é respirar, e se não respiro, morro.
 
Segundo esses, um escritor não deve almejar jamais ser lido. Ser lido ou não lido, seria um fator meramente circunstancial. Discordo em gênero, número, e grau. Tenho um blog onde ninguém me lê. Posso escrever lá: “essa noite eu fiz xixi 2 vezes” que ninguém neste mundo saberá que “essa noite eu fiz xixi 2 vezes.” Por que conservo esse blog? Porque acho lindo o lay out que me oferecem lá. Considero aquele lugar a minha casinha de bonecas, sobre uma árvore, suspensa entre a terra e o céu.  Mas até mesmo eu, essa encantada com bonecas e casas suspensas da terra, fica indecisa entre deletar ou conservar esse espaço virtual que me leva do nada para lugar algum.
 
Por que? Porque quero ser contactada. Quero contatar e quero ser contactada,  e quero ser interpretada, e quero que essa minha mínima interpretação, sirva para uma mínima pessoa que, em me lendo lá, possa realizar a troca com alguma coisa que eu escreva aqui. Trocar conceitos e paradigmas, sem saber que se está trocando, da mesma forma como eu recebo conceitos, sem saber que estou recebendo:  não há preocupação com a nota, com o dever de casa, com os regulamentos, mas com a compreensão.
 
Não me preocupo com os tais regulamentos que esses professores impõem. Eu apenas sigo com o meu objetivo: ler e ser lida, compreender e ser compreendida. Com esse objetivo, inscrevi-me no diHITT, um site voltado para notícias e relacionamentos. Creio que a maioria conhece, mas explico para os que não conhecem:  Lá o forte é a notícia. Você pode apenas indicar notícias interessantes que encontrou pela WEB e fazer amigos. Lá você pode ser “amigo” de um famoso Sidney Rezende ( é meu amigo!!!)  mas também pode ser amigo de uma anônima Ana Maria: essa que vos escreve.  A proposta básica contudo, não é a amizade, é a notícia. Ou melhor, a notícia é o pretexto para que se estabeleça uma rede de relacionamentos entre pessoas que gostam das mesmas coisas: ler e  escrever.
 
Não obtive muito sucesso com o diHITT.  Timidamente apareço por lá, uma ou duas vezes por semana, e timidamente saio de lá. Sinto que aquele universo, objetivo e técnico, - os caras são feras em linguagem tecnólogica-  ainda não me pertence e nem sei se me pertencerá algum dia.  Não tenho vocação para o jornalismo,nem para a tecnologia,  tenho vocação para o intimismo. Mas eu tento. Não sei quantos repararam em um artigo que escrevi sobre Adriane Galisteu e Silvio Santos: aquilo não tinha nada a minha cara. Foi apenas uma tentativa de atrair os meus amigos do diHITT para serem meus leitores. Não deu certo: a notícia não mereceu publicação,  e, ainda assim,  continuo marcando presença no diHITT. Só tive uma notícia publicada. Mas a bem da verdade, tenho que admitir: não tenho notícias publicadas, porque entendo que minhas notícias não são assim “notícias.” São rascunhos de mim mesma. Contudo,  continuo no jogo, porque não sou de desistir: indico outras notícias, voto em algumas que me são sugeridas, aceito todos os que pedem para adicionar-me à sua lista de amigos, sou “amiga” de todo mundo, e só não tomo café na casa deles, porque a nossa casa é virtual e o nosso café guarda apenas a lembrança de que dois amigos bebem  café. Em dias de chuva.
 
Isso é aprendizagem e é também compreensão. Quando você guarda intacta a possibilidade de deslumbrar-se com um mundo novo, quando você se esforça para aprender com o que o outro tem para ensinar, de maneira espontânea, sem academicismos arrogantes,  o seu saber será compartilhado e o seu esfôrço, de alguma maneira, será recompensado,e acrescentado, com o compreender e ser compreendido.
 
Foi a partir do diHITT  que o mundo dos blogueiros abriu-se para o “Abrahana- Conte tudo.”  Timidamente. Que valor tem para mim,  saber que sou lida por Maria, do “Idéias Distorcidas”, por Júnior do “Ferananet”, por Aninha Goular, do “Arquivinho.com”, por Marcos França, do “Cultura Nordestina”, por Tânia Marchezin, do “The New Web Post”, por Rodrigo Piva, do “Curiosando”. E os selos que essa moçada tem-me conferido?  Viram quantos?  Os selos significam assim: “Ana, reconhecemos que você é gente escrevendo a vida, para a gente ler na sua vida, a vida da gente.” E eu leio na vida deles, a minha vida, a vida que passou, e nem por isso já foi. Ainda está comigo.
 
Os professores do RL.
 
O professores do RL também querem nos ensinar algo sobre títulos. Os nossos títulos precisam corresponder ao redondo, completo, e acabado conceito, que eles têm, acerca de títulos. Segundo eles, os títulos não chamam. Chamam sim! Apenas quando já se conhece bem o autor, pode-se dispensar o crivo do título. O título é a parte mais difícil para mim. O título é a parte que não conheço em vocês. O título me é o mistério.
 
Escrevo textos bons, que são pouco lidos. E escrevo outros apenas regulares, que são muito lidos. Ou clicados, segundo eles. Ok, clicados. Pois isso se deve a quê? Aos títulos. O título é a solicitação visual mais forte, o título, em certo sentido é a mensagem toda.  Eu sou a emissora da mensagem, e vocês são os recebedores da minha mensagem. Pois para que vocês recebam- ou não - a minha mensagem, que é o texto, eu dependo do canal, que é o título. Títulos “eruditizados”, sem chance. Títulos do tipo “ De volta para o futuro II” sem a menor condição. Não sou dogmática, mas essa, pelo menos,  é a minha experiência pessoal.
 
Aprendo a arte da linguagem até com os seres menos complexos, não aprenderia com as inteligências privilegiadas que por aqui circulam? Seres menos complexos: Tenho 03 gatos, todos devidamente recolhidos da rua para ganhar um teto. O título que lhes chama atenção para a minha leitura, toda noite, é quando grito com toda a força dos meus pulmões: “ Quem vai querer? Co-mi-di-nha!” Ao som desse título, eles acodem todos. Qual é a mágica? É o som que traduz um apelo. O apelo é a comida que lhes dou para saciar a fome que eles têm.  Pois os títulos são como o menu de um restaurante.
 
 As palavras provocam atração, indiferença, ou até repulsão.   Há que se pensar como escolher um título com sabedoria. É verdade que, nem sempre podemos escolher uma palavra apenas pela sonoridade, ou pelo mais puro sentido que ela traduz do tema. Às vezes, a experiência nos manda escolher um título pela popularidade. Que bobos não somos. Mas, às vezes, somos: Ontem escrevi uma crônica tão rasinha sobre uma piada que fiz com o Ivo, e nem me preocupei com o título. Afinal,  era de uma irrelevância tal que escolhi o título que melhor me pareceu: " Diálogo de um amor profundo." E fui surpreendida: meu povo "comprou" o título e compareceu, e riu, e gostou. E eu "vendi" o meu texto e  fui formir mais rica, mais feliz com a súbita aprendizagem.

 Pegando carona na questão do títulos, esses tais afirmam que é preciso ter muito cuidado  com a categoria onde os inserimos. Se você for uma eterna “cronificadora” de textos poéticos ou de artigos, como sou, já foi reprovada.
 
Os professores do RL também andam atribuindo importância  ao número de cliques que o outro recebe. Deixa eu ver: -“esse aqui foi mais clicado do que eu. Quero minha mãe! Manhêee!!!!”
 
Gente, como se faz para saber quantos cliques você levou e eu não levei? Como se faz para saber se você anda mesmo tão preocupado com os cliques que me clicam, quanto eu não ando nada preocupada com os cliques que te clicam? Eu te clico, tu me clicas, ele me clica,  mas se não me clicares, não nos clicaremos mais.
 
O professores do RL. Nem são muitos, nem são tantos. Talvez sejam dois ou mil.  Não quero ser-lhes excessivamente severa, porque creio que as suas intenções sejam positivas. Mas tenho que ser crítica para que o senso crítico promova a necessária reflexão a todos nós. Porque esses dogmaticismos não ajudam, eles paralisam. Eles tolhem. Eles cerceiam os que estão apenas começando, nesse mundo de gente que já tem muitos anos “de janela”.
 
Há leitores para todos os tipos de escritores. Cada leitor pede o seu escritor, aquele cuja mensagem o leitor vai poder decodificar e assimilar. Ou seja, antes, porém muito mais depois, quando se acaba de ler um texto, surge-nos um de dois sentimentos: valeu ou não valeu a pena o tempo que gastei alimentando os meus neurônios? A comida foi honesta, foi de boa qualidade? Os ingredientes foram puros?
 
Estarei eu sendo apenas professora se lhes disser que não podemos assentir que uma pessoa nos rotule de desocupadas por estarmos escrevendo um texto a cada dia? Estarei eu sendo professoral demais, se lhes disser que não se faz nenhum bem ao ser humano quando se diz “amém” aos seus equívocos? Estarei eu sendo polêmica, se estiver evitando a paralisação dos novos talentos, que com tantos “ podes e não podes” ficarão com a mão suspensa entre escrever ou bater em retirada?
 
Alguma coisa tenho que fazer. E essa coisa é escrever. E escrevendo, lhes digo: sejam escritores, sejam leitores, e sejam sensíveis.  Há espaço para todos os aprendizes: da escrita, da leitura e da sensibilidade.  Que aprendizes todos somos.
 
 Porque o melhor da letra é saber que a perfeição não existe, que a lapidação é um processo constante e contínuo no universo das palavras.  E mesmo sabendo,  tomar a imperfeição da letra nas mãos, com muito carinho, até finalmente, encontrar a perfeição, não na letra, mas no espírito da letra.
 
O espírito da letra pode alcançar a perfeição, mas a letra -essa sempre nos será flor do Lácio, ainda inculta em todos os jardins, nunca pronta para ser completamente tomada, jamais disponível para ter a posse reclamada.
 
A flor do Lácio perfeita é de todos e não é de ninguém. Um dia ela está aqui, outro dia ali, e no outro, acolá. Eu me deparo com ela quando visito várias escrivaninhas. E percebo que, exatamente quando volto para reencontrá-la, num outro dia, nem sempre a reencontro no mesmo lugar. Mas continuo voltando, porque  se não há flor do Lácio em caráter irrevogável e definitivo,  há rosas e “fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas.”
 
Obrigada a todos pelas rosas que me são oferecidas. Rosas cor-de-rosas, brancas, vermelhas e amarelas. As amarelas são as minhas preferidas. Mas todas me fazem igualmente  embevecida. Como na foto.
 
I loviu todos.

 * RL - sigla que significa Recanto das Letras, onde está abrigado o meu site.