Rafael

Meu amigo.

Meu querido Amigo.

Onde você está?

O que você anda fazendo?

Onde está sua mente?

Como está a qualidade dos seus pensamentos?

O que você pensa sobre o futuro?

Sim. Sei muito bem onde lhe encontrar. Mesmo assim, não posso lhe visitar.

Há algumas semanas atrás eu vi você. Mas eu não te encontrei. Há mais de um ano você se perdeu. O que você ganhou com isso?

Não tenho o direito de lhe julgar.

Gostaria muito de saber quando você volta, se é que você retorna. Quando vou lhe ver novamente?

Lembro que falei contigo neste último encontro. Porém, não conversamos. Confesso que não lhe reconheci, apesar de ver a sua face. Um ano depois, ali estava o meu amigo. Apesar disso, identifiquei uma outra pessoa. Distante, apática, sem previsões para o futuro. Eu estava diante da tristeza e da melancolia. Mas ele sorriu. Nós sorrimos...

Minha vida nunca mais foi a mesma depois que fui informado de sua situação. Eu estava à milhas e milhas distante, num outro continente, e nada podia fazer para tentar ao menos interferir na situação. No entanto, a mesma sensação de impotência toma conta do meu ser, mesmo que essa distância física tenha diminuido após esse meu retorno para casa.

Um cara brilhante. Um artista nato. Um músico definitivamente talentoso. O piano sente a sua falta. A guitarra se afastou de um grande amigo. O violão ainda existe, pois eu vi, tanto é que a Madonna ainda está lá, rasgada, mas grudada nele, fazendo lembrar os áureos tempos. Os vocais sentem saudades de suas cantorias, sempre afinadas e repletas de sentimento.

Um professor de inglês diferente, mesclando conhecimento e irreverência em suas aulas. Um artista visual graduado pela universidade, possuindo em seu acervo interessantes obras de arte. Um fotógrafo alternativo, que emprestou sua qualidade para a conclusão da monografia de um grande seu. E, acima de tudo, um ser humano espetacular, famoso pela sua alegria, talento, criatividade e imensa bondade em seu coração...

Todavia, ouvi dizer que havia uma pedra no meio do caminho. Você infelizmente experimentou a pedra da destruição. E essa pedra te afastou do convívio da sociedade, da vida propriamente dita. Você ainda está vivo, mas, olhe o que aconteceu contigo! No que você se transformou? Quem é você agora? Por que tudo isso, meu Deus? ...

Nas minhas memórias, a lembrança de termos vários sonhos em comum. Um dia, assim como todo adolescente irresponsável, sonhávamos em "mudar o mundo". Ou, pelo menos, tornar esse local mais agradável, menos chato, mais divertido. Juntos, certamente faríamos essa diferença. Mas agora, que você está longe e ausente, tudo perdeu a graça. As cores foram embora, e "empurrar com a barriga" vem sendo meu lema, e não poderia ser diferente.

Para complicar ainda mais a situação, saiba que minha relação com as mulheres tem se tornado cada vez pior. Venho sendo amplamente ignorado por elas.

Definitivamente, o sexo feminino não valoriza aos homens que mais as admiram e que mais as respeitam. Parece que elas não gostam disso, querido amigo. Coleciono uma sucessiva história de fracassos com elas. Essa nova onda de feminismo consegue ser pior que o antigo machismo que imperava na sociedade. Um excessivo assistencialismo vem favorecendo ao sexo feminino. As mulheres não valorizam os caras mais legais.

Cansei de ver amigos meus sendo literalmente "jogados para escanteio" por mulheres desprovidas de sentimento. Para elas, tudo bem, pois no dia seguinte já encontram um homem que satisfará todas as suas vontades capitalistas.

Uma mulher em depressão resolve seu problema com muito mais facilidade. Basta ela sair à noite e se ajeitar um pouco, que algum homem interessante aparece e as coisas melhoram. No caso do homem, entretanto, tenha certeza que se ele estiver triste, melancólico e praticamente morrendo na mesa do bar, esqueça, pois NENHUMA mulher vai aparecer com o intuito de conversar com esse pobre homem. Se depender isso, considere morto esse homem, pois as mulheres absolutamente farão.

Desculpe, meu querido amigo, em importunar-lhe com esse assunto. Mas não se preocupe, pois essa questão eu resolvo em breve, assim espero. Enquanto isso, o "cinco contra um" continua sendo executado a todo vapor. Eu também ouvi dizer que "quem possui dez dedos não precisa do sexo oposto". Consequentemente, as boas e eternas musas de sempre vem povoando esses meus momentos íntimos. MAITÊ PROENÇA, claro, continua firme, reinando absoluta neste meu imaginário, mais real do que nunca...

OK, Cara. Fico por aqui. Saiba que o U2 continua lhe esperando. O Pink Floyd, idem. Como eu gostaria que você estivesse aqui. Com ou sem você, a vida precisa continuar aqui, do lado de fora dessa prisão. Estamos todos no aguardo de seu retorno.

Eu sei muito bem que, se você pudesse recomeçar a escrever as páginas de sua vida, você faria isso bem longe daqui, você manteria a si mesmo, você encontraria um caminho.

Que saudades de você, Rafael!

Espero lhe ver em breve...

Ass.: Jackson Sardá.

27/11/2008.

(Inspirado na música "Hurt", do Nine Inch Nails, na versão de Johnny Cash).

http://www.youtube.com/watch?v=DN-1A02X2sI