As lupas da crítica cega

Aceitar as críticas é a melhor forma de buscar o aprimoramento pessoa. Mas há críticas e “críticas. Mesmo quando certas, a acidez e a maledicência de uma crítica descaracterizam uma possível intenção de informar e acrescentar uma melhor qualidade à pessoa ou ao objeto criticado.

Existem aquelas criaturas, que por uma necessidade patológica de mostrarem-se superiores, fazem questão de inferiorizar a outrem. Mergulham às raias da minúcia para erguerem-se satisfeitas por sobre as falhas alheias. Afinal, uma das características desta psicopatologia, é crer que o mundo é composto pelos “eleitos” e pelos “beócios” e, obviamente, na primeira definição é onde os maiores críticos cegos se incluem.

Ao contrário da crítica cega; a crítica construtiva engrandece, orienta, aprimora e, principalmente, não ofende nem desmerece.

Felizmente em nossa vida os melhores críticos são os racionais. Ao longo de nossa vida ouvimos críticas de nossos pais que buscam aperfeiçoar nosso caráter, transmitindo as experiências pelas quais passaram; dos nossos amigos que querem que sejamos pessoas agradáveis e bem sucedidas; dos professores que são co-responsáveis pela formação de nosso caráter e pela nossa instrução; dos colegas que nos auxiliam e torcem por nosso sucesso na escola ou o trabalho; dos patrões que zelam pela qualidade de seu produto/serviço e investem seriamente no empregado.

Todas as críticas acima mencionadas nos chegam de forma construtiva, mas mesmo este rol de bem-intencionados pode vazar uma ou outra crítica azeda, mas certamente eles não fazem disso seu modo de vida.

Todos nós somos críticos por natureza. Agentes que podem ajudar ou prejudicar aqueles que nos cercam. Exercitar a tolerância e dosar o peso de nossas palavras é fundamental para alcançarmos a intenção de obter o aperfeiçoamento do objeto da crítica.

A lupa da crítica cega percorre com avidez as linhas e entrelinhas do livro das vidas alheias e, lastreados em seus “elevados padrões”, esses senhores impecáveis em seus conceitos, arrasam com satisfação as mínimas falhas. Criticam, mas não apresentam sugestões, não participam e pior, ocultam-se! Fazem de seu esporte predileto o denuncismo, a fofoca, o disse-me-disse, o veneno corrosivo da maledicência.

Geralmente os “donos da verdade” são pessoas problemáticas, e ai de quem inadvertidamente ousar criticá-los! Como criticar a perfeição? Mesmo as críticas bem intencionadas batem no muro intransponível de um orgulho doentio e atraem a ira santa dos “infalíveis”.

Errar é humano, detectar erros é humano, ajudar a quem errou é humano. Pisar sorridente nos erros alheios é abominável.

Eu prefiro usar do dístico: “Elogios? Elogiem-me aos outros. Criticas? Façam-nas a mim”. E acrescento: desde que esta crítica venha acompanhada da devida orientação. Senão... prefiro continuar errando.