O Tempo.

O T e m p o . . .

Não tenho mais barba, bigode raspei faz tempo,

acho que em meados agosto ou será de setembro?...

Cabelos na cabeça, apenas uns tiquinhos,

brancos como a neve, e continuam durinhos.

Os dentes já são todos de mentira,

e suas formas nada a haver com os quais nasci,

amarelados agora servem para o que vieram,

e não mais para sorrir.

Meus olhos, antes tão eficazes,

hoje se escondem por detrás de fortes lentes

obscuros e perdidos pelos ares,

escorrem lágrimas ardentes.

Tento me lembrar, já não me lembro tão facilmente,

já me esqueço algumas vezes e até constantemente

imploro aos céus para que eu viva contente,

e não me torne um inconveniente.

O tempo levou-me “algos”,

trouxe-me “uns”,

tirou-me “alguns”,

deixou “nenhuns”...

“Uns” muito me ajudaram,

“alguns pouco acrescentaram,

“nenhuns” nada deixaram.

O tempo mudo, surdo,

parece não dizer nada,

mas é o único que diz tudo,

lembrando autoritário,

que nada fica impune neste mundo...

Eber Emanoel
Enviado por Eber Emanoel em 19/01/2009
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