INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS, FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICA PEDAGÓGICA

As novidades tecnológicas são apresentadas cotidianamente na rotina escolar. Todavia, as práticas educacionais nas salas de aula continuam as mesmas. Nada muda e tudo na escola e no espaço da sala de aula parece inerte as mudanças contemporâneas extra-escolar.

Há, portanto, reflexões que carecem ser discutidas quando a temática é inovação tecnológica no fazer pedagógico diário escolar.

Acredita-se que as mudanças não ocorrem na sala de aula por mera acomodação, medo e falta de vontade do novo, afinal, ninguém quer se comprometer com os possíveis erros e, engajar-se nessa luta exige coragem e determinação.

Por outro lado, há uma real incompetência docente, pois com a fábrica de diplomas que se instalou a cada esquina do osso País é muito fácil encontrar professor com documentos comprados e que por isso, sequer sabem do que, de fato trata o seu curso ou determinada temática da área, uma vez que só se apresentou conteúdos vazios de possibilidades reais de ensinagem, também são ultrapassados e nada condiz com o contexto atual das escolas, dos alunos e da contemporaneidade.

São, portanto, ainda incapazes de formular maneiras críticas e criativas para solucionar as dificuldades de aprendizagens apresentadas em sala de aula, de trabalhar em equipe, buscar soluções coletivas e reflexões acerca do fazer pedagógico escolar.

Existem ainda, as desvantagens sociais da profissão pelo fato da banalização, nos últimos anos, da figura do professor – a condição salarial que coloca esse profissional à prova to instante, a falta de preocupação dos governantes e o descaso para com a instrução e formação intelectual da população.

Com todo esse descaso e desvalorização profissional fica difícil somar as necessidades do professor d se capacitar, estudar, ler, buscar formação continuada viajar outras iniciativas não apresentadas aqui que fazem desse profissional um verdadeiro educador.

Ouve-se com freqüência aspirações de professores em mudar de área ou que trabalham e três ou quatro lugares para garantirem uma condição de vida mais digna e justa para si e seus familiares. Embora seja uma tarefa árdua, pois em que momento ele e seus familiares gozarão de alegria conjunta e de lazer familiar?

Vale ressaltar que o professor também precisa de diversão, descanso e, sobretudo, ser amado e reconhecido pelo que se propôs a fazer. Logo, não adianta somente vê pelo aspecto social, mas pessoal e cidadão.

Sabe-se das inúmeras frustrações que esse profissional vive, mas acredita-se que tal cenário pode e deve ser modificado, basta que se alie socialmente em prol de uma educação que respeite as diferenças e reconheça o professor como gente que gosta de gente, mas acima de qualquer coisa é gente que sente prazer, se realiza e vibra com amadurecimento e crescimento do outro e da comunidade que atua.

Desse modo, a melhor maneira para que se avance na perspectiva de dias melhores na educação é ter o aluno e a comunidade escolar como aliados nessa luta.

Para tanto, é mister conhecer o alunos e a comunidade, bem como suas realidades para que, em se seguida, se façam diagnósticos acerca da suas vivências para além da sala de aula.

No âmbito da sala de aula, deve-se ainda, expor as reais necessidades de tais conteúdos serem ministrados, seus objetivos e quais os procedimentos metodológicos que serão utilizados, para que o aluno se senta mais a vontade e parte ativa do processo de construção de conhecimentos e saberes, uma vez conhecendo os motivos porque está na sala de aula e as propostas preparadas para e por ele, podendo inclusive intervir e sugerir aos seus professores mudanças e possíveis alterações.

“Os alunos sentem uma necessidade imperativa de falar de todas as coisas estranhas à atividade que está sendo realizada, ou de falar dessa atividade com revolta ou ironia. O professor luta contra essas derivações para manter ou fazer manter com que os alunos retomem ao tema e à rede de comunicação. O professor age como o cão do pastor que leva de volta as ovelhas perdidas para o rebanho. Esse é o seu papel. No entanto, se o desempenha com excessivo rigor, priva seus alunos de liberdade, de emoção, de riso, em outros termos, de oxigênio. É vital ter direito e tempo para conversar. Essa é a fonte de sentido, de identidade, de força. As instituições penitenciárias, que proíbem qualquer comunicação entre os presos, sabem muito bem disso. Para quebrar o indivíduo, impede-se que ele fale com seus semelhantes – tal prática é tão antiga quanto a repressão.” (PERRENOUD, p. 71, 2001)

Sabe-se que tais discussões estão no âmbito das utopias, por isso mesmo possível. Cabe, portanto, a cada indivíduo zelar pela vida e preservar a espécie.

Apesar de tudo, isto é o cotidiano e é necessário dar o melhor de cada um, todos os dias, na busca pelo amadurecimento e desenvolvimento humano, a partir de um projeto íntegro de justiça social e de valorização dos atos educativos, pois “se sonhamos com a democracia, que lutemos, dia e noite, por uma escola em que falemos aos e com os educandos para que, ouvindo-os, possamos ser por eles ouvidos também.” (FREIRE, p. 92, 1993)

As inovações tecnológicas sempre fizeram parte do dia-a-dia da humanidade e graças a ela própria avançou-se e se chegou onde ora nos encontramos, mas não podemos fazer desse projeto vital da humanidade - ˝uma camisa-de-força para todas as atividades escolares, (pois) estaremos engessando a prática pedagógica.” (ALMEIDA, 2001)

Logo, precisa-se de um projeto que valorize e respeite o homem em seu contexto real e, nesse sentido, o contexto real é aquele que envolve a tecnologia através dos games, jogos eletrônicos diversos, computadores e outros que num grande número de vezes são condenados pela escola e ignorados pelos familiares e professores.

Desse modo, vale ressaltar mais uma vez ”o trabalho por projetos requer mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, consequentemente, na postura do professor”. (PRADO, 2005)

É nessa perspectiva que se deseja apostar: numa postura firme do professor diante dos processos tecnológicos, dentro e fora do espaço escolar e sua adaptabilidade ao fazer pedagógico cotidiano. Ocasião que aluno terá para expor pensamentos e possibilidades de ensinar/aprender a partir do que lhe propicia alegria e satisfação colaborativa e, não somente através de concepções arcaicas e tradicionais, das quais nunca fará uso ou poderá interligar ao seu dia-a-dia vital.

Logo, o ato de traçar projetos pedagógicos inovadores, ”não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função da escola”. (HERNANDÉZ, p. 49. 1988)

Assim, compete a todos os professores e efetivos educadores lutarem por um espaço escolar que respire ar puro, de caráter inovador e criativo, onde o ensinante/aprendente se sinta parte dessa construção histórico-social, harmônica e equilibrada. Espaço que possibilite, inclusive, o construir e o reconstruir de novos processos tecnológicos de ensinância e aprendência para o espaço escolar, afinal, construímos e reconstruímos na coletividade, precisa-se do grupo para interagir e avançar nesse contexto tecnologicamente globalizado, de difusão massiva do conhecimento e da informação.

REFERÊNCIA BIBLIGRÁFICA:

ALMEIDA, F. J.; FONSECA JÚNIOR, F. M. Projetos e ambientes inovadores. Brasília: SEED/PROINFO – MEC, 2000.

FREIRE, P. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. 10ª ed. São Paulo: Olho d’Água, 1993.

HERNANDÉZ, F. Transgressão e mudança em educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.

PERRENOUD, P. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

PRADO, M. E. B. B. Pedagogia de projetos: fundamentos e implicações. In: Integração das tecnologias na educação. Brasília, SEED-MEC, 2005.