Doce Família

Antigamente quem não tinha uma família era alguém com certeza em si mesmo desamparado. Naquele tempo a família era a instituição mais importante na vida do cidadão. A família era tão importante que pais respeitavam filhos e filhos respeitavam os pais. Havia comunhão entre si, o abraço, o beijo e rolavam lágrimas que a emoção libera; compaixão e pensamento de união. Pedia-lhe a benção era abençoado, sentia-se dor era socorrido. Filho casava tinha de ficar com a esposa ou marido, transavam e engravidava-se a mulher, os netos eram bem recebidos, com a família os problemas eram facilmente sanados. Vale à pena continuar discernindo sobre este tema.
A família não precisava ser aquinhoada, mas era considerada como célula principal, era aquela que protegia, amava e alegrava-se, e era demasiadamente protetora do filho, seu bem maior. Tal proteção precisava ser demonstrada entre si: bastava para isso uma pitada de compreensão, um beijo no olhar.
Quem não tinha uma família era carente de afago: era aquela pessoa que não aprendia amar. Quem não valorizava a família era um pecador, os afortunados entregavam-se um ao outro e tudo era compreendido. Não tinha família quem ao desabrigo vivia. Iam-se ao cinema, à casa de leitura e ao teatro abraçado aos pais e sentavam-se todos juntos à mesa posta.
A família era pacto de amor e bondade, ainda que lisonjeiro ungida por Deus e em tempos de guerras lutavam para salvar um ao outro.
A família, todos sabiam valorizar, acariciavam-se escondido na hora do filme, flores eram colhidas no jardim e oferecidas de súbito, a poesia era lida no compasso, gargalhada rolava quando descobria a meia puída, alimentava-se desejo incomparável de voar junto para o exterior, era bem-vinda a ideia do metrô, do teleférico, do foguete interplanetário, do computador e do celular.
Dormiam-se ao cair da noite, rezavam abraçados e iam junto às compras. Falavam-se do próprio amor, ficava horas e horas admirando o outro nos olhos; abestalhado de alegria pelo brilho da união estável.
Trazia consigo dedicações ocultas e dedicava livros; recortava artigos de revistas e jornais, sabia o individuo que era bem amado. Não amava sem gostar; gostava aprofundadamente sem padecer. 
À família dedicava-se, nela o sujeito brincava e vivia cheio de felicidade, ficar só não era sinônimo de solidão, ria de si mesmo e não tinha medo de amar sem ser amado.
Família era sinônimo de alegria, as meninas vestiam-se roupas leves e caminhavam de mãos dadas com jeito de criança, se enfeitavam de margaridas, eram cheias de ternura e esperança, “E agora José”? – Pergunta o poeta.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 17/03/2009
Reeditado em 17/03/2009
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