AS FALTAS DO MUNDO

Será que as pessoas estão condenadas a não terem nem ao menos diversão? É preciso tanta violência, tanta estupidez? Está tudo errado, será que ninguém percebe? Que importa de quem foi a culpa, quando as vítimas são sempre os inocentes que sofrem as consequências destes montros que só e apenas sabem fazer o mal? Eu não assisto TV. E cada vez que me arrisco a espiar o que está acontecendo no “meu/nosso” mundo, é isso. VIOLÊNCIA. Em tudo, em todos...Juro, optei por ser uma pessoa alienada. É uma fase, eu sei. Nela, fico dentro de mim, tentando descobrir os “porquês”. Tentando achar um meio, uma solução. Mas quem sou eu? Nada. Sou apenas uma pessoa que sofre com esta violência que se faz presente em nossas vidas. Fico desinformada, então. Desligo tudo que me faça mal. Me desconecto do mundo. Fujo. Covarde? Sou! Mas minhas propostas para mudanças são feitas de mim para mim, pois de mim eu entendo, do resto não. Tento entender. Até me esforço, mas não consigo. Sei que a disparidade é imensa em nosso meio e não acho que nada em nenhum lugar, tenha resultado positivo se existe aí a presença da violência, da agressão. Talvez o erro seja meu. Talvez, no meu tempo, as pessoas tivessem tempo para amar. Talvez eu tenha sido criada com excesso de carinho e atenção, rodeada de familiares e amigos que deixaram em mim, um pedacinho bom de cada um deles. Criei meu mundo. Um mundo perfeito. Um mundo sem violência. Um mundo inteiramente puro e bom, mas aberto a qualquer um que queira habitá-lo. Mas, ninguém quer. Então encontro-me só e nele me ponho a pensar, a pensar, pensar..Penso por que este meu mundo perfeito não pode servir de exemplo para o mundo de hoje. E pergunto-me por que não conseguimos tranformar coisas ruins com sorrisos e palavras? Sei que até se consegue. Mas de forma ínfimamente pequena. Quase insignificante se comparada com as maldades que prevalecem em nosso mundo. Como ampliarmos estas formas então? Acredito nesta possibilidade. Aliás, acho que ela é verdadeiramente nossa única saída. Sei que é possível, mas volto a pensar, no que me difere dos meus irmãos (não me refiro aos que nunca tiveram nada, nem a mínima esperança para sobreviver), refiro-me aos que tiveram oportunidades de estudar e trabalhar, e que por possuírem algum tipo de poder, agem como animais. Acredite, eu não posso ver. Passo mal. Me revolto. Isto mexe com meu metabolismo. Me modifica. Crio bloqueios. Páro de pensar. E choro. Choro até pelos que nunca vi, nem nunca verei. Pelos que conheço e pelos que jamais conhecerei. E choro um pouco mais por saber, convictamente o quanto é difícil estas situações mudar. É difícil porque as pessoas não cedem. Acham que sendo violentas estão imunes a qualquer tipo de perigo. E a violência passeia conosco diariamente. Vai conosco pra onde quer que a gente vá. Ela é maior de idade e livre. Anda com autoridade por entre nós. E faz-se presente em todo lugar. Então volto a pensar: Porquê?

Talvez seja culpa de nós mesmos...se no mundo tudo deve basear-se em respeito, e o mundo está do jeito que está, é óbvio que uma das faltas do mundo é o RESPEITO. Deveria então, ser matéria de escola já que muitos nunca viram isto em seus lares. Deveria existir um medidor de crescimento pessoal que acompanhasse o estudante durante o ano, ensinando-o e incentivando-o a crescer, aperfeiçoar-se, e a produzir ajudando os colegas. No final de cada ano se premiariam os melhores. Desta forma seriam criadas mais oportunidades para nos aprimorarmos. Para sermos felizes. Talvez fosse por aí. Talvez se tornasse hábito. Passaria a ser “normal”. Respeitar os limites. Respeitar os irmãos. O processo é simples. Milenarmente sabemos que recebemos o que damos. Se fôssemos continuamente orientados e ensinados para darmos o melhor de nós mesmos em qualquer e toda situação, talvez nos acostumássemos a fazermos somente o bem. Será que ninguém percebe? Está tudo errado! Temos que apagar tudo e recomeçar...como se fôssemos crianças, puras e ingênuas que absorvem tudo a sua volta. Talvez...não sei...

Estes dias ouvi a conversa entre dois colegas de profissão, onde um contava em detalhes ao outro, como terminaria com a vida de alguém. Assim, orgulhoso de haver encontrado uma solução. Tudo muito prático. Muito natural. Achei até que fosse brincadeira, mas não. Algumas pessoas acham que tirar vidas é alguma solução. Desconhecem outros meios de resolver seus problemas. Optam pela violência. Onde foi ou quando foi que estas pessoas perderam a emoção? No diálogo que ouvi, não havia sentimento nenhum. Somente razão. E o que é pior, sem razão. Ponho-me a pensar novamente: O que faz as pessoas perderem seus sentimentos? Se não se respeitam, jamais serão respeitados. E se não sentem nada então, está tudo acabado. Pronto. É o fim. Não resta mais nada. Não sentem, então, não sentindo nada, ferem para não serem mais feridos. São machucados e machucam e continuam sem sentir nada. Seria isto? Ou enlouqueci? Me diz quem das suas relações é “normal”? Indignada, recolho-me em mim mesma, pensando. Que me importa o que possam achar? Não firo ninguém. Apenas penso...que estas pessoas que nada recebem, nada dão. Não amados, não amam...agredidos, agridem...,sem culpas, sem frustrações. Será então que estas pessoas pensam? Acho que não. Pelo menos tudo me leva a crer que não. E volto a pensar:...

A meu ver, o que mais falta em nosso mundo é AMOR. Se sobra raiva, ódio e violência, é porque com certeza, aí deve faltar cuidado, atenção e amor. AMOR. É do que o mundo precisa. Precisa de amor para se curar, porque não sou perita nem profissional da área para constatar que falta muito amor. Ficaria imensamente feliz se descobrissem algum remédio para acabar com a violência . Qualquer comprimidinho, que fosse distribuído como “camisinhas” à população. Deveriam buscar fórmulas de extinguir o ódio, este mal, pois se a violência é um desvio nos padrões de comportamento, é portanto doença. Será que nenhum profissional no mundo vai descobrir um “remedinho que coloque a violência para dormir”???? E os “poderosos”? Quando vão estudar a possibilidade de “distribuirem” oportunidades, respeito e esperança aos nossos irmãos? Talvez assim algum dia eu possa chamar meus semelhantes, de seres humanos!

Em: 03.10.2005

Maira Knop
Enviado por Maira Knop em 21/05/2006
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