A Fé e o Sonho

A Fé sempre acompanhou o homem, desde a sua criação. As leituras bíblicas são recheadas de testemunhos de fé no Criador, seja no Velho ou Novo Testamento.

Ao adorarmos o Senhor na sua Paixão, Morte e Ressurreição, estamos dando testemunho da nossa fé, por crermos que Ele não morreu definitivamente, mas que ressuscitou e continua vivo entre nós. Com isso, celebramos a Páscoa, que representa a celebração da vitória da vida sobre a morte.

Como se vê, a fé nos alimenta, nos dá ânimo para acrediter na Vida, nos dá a certeza de que amorte não existe para sempre. Isso é real. Não é um sonho-fantasia.

Mas, assim como a fé, o sonho sempre esteve presente na vida das pessoas.

O homem precisa sonhar para dar sentido à vida; sonhar com os pés fincados no chão.

E quando falamos de sonhos, não nos referimos aos sonhos obsessivos, porque esses são sonhos que nos prendem a situações embaraçosas e desgastantes, impedindo-nos de viver plenamente a vida. Sonhos assim obnubilam a nossa capacidade de pensar lucidamente.

Quando partimos em busca de nossos sonhos, o fazemos impulsionados pela fé de que algo novo poderá acontecer em nossas vidas. Estamos buscando o que nos falta: emoções novas, sensações diferentes que venham trazer respostas aos nossos desejos e inquietações. Ter sonhos e não desistir nunca deles é ter fé naquilo que pretendemos alcançar. É ter coragem de adentrar o novo, não se desanimar diante dos primeiros desafios.

Sonhar é bom, mas é preciso sonhar olhando para dentro de nós mesmos. O que está faltando? O que pretendo construir com esses sonhos? Trarão eles alegrias, harmonia, união e uma vida melhor para nós e para as pessoas que nos cercam?

Dessa forma, a fé e o sonho se masclam e têm sido responsáveis pelas grandes conquistas da humanidade. A fé nos mantém firmes, seguros nos nossos propósitos, e o sonho nos convida a sair da inércia. do comodismo; o sonho nos leva a alçar vôos mais altos, rumo à conquista de nossos ideais, tira-nos do mundo limitado da galinha e nos transporta-nos ao mundo da águia, conforme essa metáfora tão linda do Teólogo Leonardo Boff.

Em nossa vida, nas situações diversas por que passamos, paramos sempre para pensar, criar como frutos do sonho. E pensamos muitas vezes:Vai dar certo? Não vai dar? Não sabemos, temos que ir à luta, pois tentar é arriscar-se ao sucesso ou ao fracasso. Na vida, temos que correr esse risco, porque o maior perigo é não arriscar nada, como dissera Sêneca: "Não é porque as coisas são difíceis que a gente não arrisca; é por não arriscarmos que elas se tornam difíceis"

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E como disse também Buscaglia: "A pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada. Pode evitar o sofrimento e o pesar, mas não pode aprender, sentir, mudar, crescer, viver, sonhar ou amar. Só a pessoa que arrisca é livre".

Percebeu? Veja que não podemos nos entregar ao marasmo, à apatia, ao recolhimento dos tímidos, porque estaremos dando testemunho de nossa incapacidade, da nossa alienação diante da VIDA.

O mundo atual exige de nós autodeterminação, coragem, visibilidade. Não podemos nos manter escondidos. A nossa maior responsabilidade é tornar tudo o que não é, numa realidade viva. Não procuremos pensar e agir só em nosso benefício, mas levar aos que precisam de nós a nossa fé e o nosso sonho, porque "sonhar é preciso".

E muitos dizem: "Sonhar pra quê? Não conseguimos nada mesmo!"

Não fiquemos com as palavras dos fracos, dos descrentes. "É preciso sonhar". O homem que não sonha, morre, disse Rubem Alves.

Quem sonha vê concretizado seu sonho, mesmo que em outra pessoa. O ideal de vida maior é esse: crescer e ver o outro crescer também, porque "só os sonhadores podem mudar o mundo, pois os que não sonham estão sentados em suas casas, vendo a vida passar pela tela da TV", ou como meros observadores da vida, críticos de plantão.

O poeta Thiago de Mello assim se expressou sobre o sonho: "Sonhar, mas sem deixar nunca que o sol do sonho te arraste pelas campinas do vento. É sonhar, mas cavalgando o sonho e inventando o chão para o sonho florescer."