COMPARAÇÃO INEVITÁVEL

Há pouquíssimos dias o mundo acompanhou com interesse o fim da trajetória do papa mais popular da igreja católica romana. Intitulado como João Paulo II, Karol Wojtila foi o único pontífice da história que ocupou o lugar mais cobiçado do Vaticano e não era italiano.

Que o papa era pop não ficaram dúvidas.

Amado por todos? Também.

Estadista? Como poucos.

Político? Extremamente.

Culto? Muito.

Santo? Há controvérsias.

Recebeu o título de representante direto de Deus na Terra. A santidade em tempos de guerra. Mas acompanhe os fatos e pondere com cautela. Há dois mil anos, aproximadamente, um Homem também esteve aqui. Não recebeu nome de mártir e também não era romano. Andou por entre as multidões que o pressionavam, matou a fome física e espiritual de muitos, recebeu as criancinhas, falou com as prostitutas, assentou-se com os cobradores de impostos. Sua segurança eram os discípulos e as pessoas que o seguiam de vilarejo em vilarejo, presenciando os milagres e testemunhando as almas que eram libertadas de seu cativeiro espiritual.

Discursou no templo, de onde expulsou os cambistas que profanavam a casa de seu pai. Andou por sobre o mar. Acalmou a tempestade. Ressuscitou mortos e transformou o intocável em tocável.

Era dono de tudo e, no entanto, nunca ostentou sua realeza. Um Rei que comia com os plebeus. Foi traído, condenado, morto. Atraiu uma multidão que enfurecida gritou:

CRUCIFICA-O.

Não teve honras de chefe de estado, apesar de haver sido o maior estadista que o mundo já conheceu.

Não choraram sua morte. Pelo contrário, ela foi alívio para muitos.

Não ocupou o trono romano, foi condenado por ele.

Não teve vestimentas reais, foi envolto em panos.

Foi sepultado em um túmulo emprestado.

Foi rejeitado até o último momento mesmo pelos melhores amigos.

Quase ninguém chorou a sua partida prematura.

E vejam que contradição: O pontífice romano, homem comum como os demais, rcebeu através do voto dos cardeais, o título de Vigário Filho de Deus. Viveu rodeado por toda pompa que é oferecida aos reis. Tinha seu trono instalado onde condenaram o Rei do universo. Falava oito línguas - foi um poliglota. Jesus confundiu as línguas e entendia todas.

As multidões não podiam tocar o papa.

Jesus podia sentir sair poder de sua roupa ao simples toque curador.

Jesus curou enfermos e teve morte destinada aos foras da lei, morte de bandido. O herói entre os execrados.

O papa foi velado por sete dias. Jesus por poucas horas.

Quando desceram Seu corpo do madeiro, apenas os mais próximos estavam presentes.

O papa quando foi levado ao sepulcro foi aclamado como santo.

Jesus ressuscitou ao terceiro dia, mas o povo não compareceu para dar-lhe as boas-vindas, pelo contrário, duvidaram.

O papa jaz no frio mármore da história e será esquecido como todos os heróis humanos.

Eis a grande diferença: JESUS ESTÁ VIVO.

Fernando Davila
Enviado por Fernando Davila em 26/05/2006
Código do texto: T163296