É provando que se ama?

Pensar que o ano pode começar com o amor correndo em nossas veias, é a melhor realidade para quem sabe que a vida é cheia de amor. Vivemos exatamente em uma realidade que está-aí. Na pouca percepção ainda principiante na existência deste pensador, detendo-me na capacidade ou não de amar, nas provas de amor outrora tão necessária para alguém se sentir amado, fui refletindo sobre o tema ao passar dos minutos e horas do dia, sendo qualquer dia como todos os outros a constar no calendário universal.

Parece-nos que o amor está distante? Sem precisar parar por alguns instantes na rotina diária e preestabelecida, a reflexão sobre se o amor precisa de provas foi motivo para elaborar várias perguntas, tais como: O que é ‘prova de amor’? Existe prova de amor? É necessário provar o amor para dizer que ama? Como provar o amor? É prova de amar quem prova seu amor por uma pessoa? Quantas provas de amor são necessárias para provar que ama? Já não basta gostar de alguém; é preciso também provar que ama?. E assim vai uma cachoeira de outros questionamentos derivados dos citados, e isso, vale salientar, sem perder o ritmo da vida, igual a tantas, vivendo no mesmo espaço-tempo de uma realidade aparentemente desprovida de amor.

Foi pensando sobre o amor que sentado em uma mesa de jantar pude, em um gesto tão simples e corriqueiro, que respondi a pergunta título desse artigo. Naquele momento, comendo macaxeira e salsicha, estando ao lado de uma octogenária e de sua neta, percebi que o amor não precisa ser provado, mas se mostra a cada momento que estamos o procurando. As questões supra citadas foram respondidas pela prática cotidiana do amor em sua relação mais plena de dois indivíduos que se amam e realizam, as vezes sem saberem, atos de amor ou até nem isso, mas se relacionam de tal forma que não é preciso uma prova de amor para dizer que ama; se ama e ponto.

“Vovó, a senhora vai comer isso?” – Questionara sua neta à dona Lourdes, por tão prazerosamente colocar manteiga em duas fatias de pão de forma integral. E não estava passando pouca manteiga como poderia ser o de costume. A neta estava atenta e sem criar grande alarde, sua avó, não sabendo o que fazer a não ser comer o pão, acatou a idéia de Roberta, sua neta, em passar para esse seminarista os pães não mais simplesmente matéria de consumo a ser posteriormente digerido pelo estômago. Eles estavam cheios de amor, por fazerem parte de uma prova de amor tão bem arquitetada que só pode parecer obra do Divino.

Comi aqueles pães sabendo e espalhando para todos que estavam na mesa e fora dela, que tal gesto representado pela neta e avó tinha um sentido de amor. Poderia passar despercebidamente o ato de comer o pão com manteiga, a qual é rica em gordura e calorias, mas para quem ama, sabendo que tal alimento repercute na saúde e na vida de quem o digere, é um atentado para si mesmo. Enfim, a prova de amor está aí: em qualquer lugar, em qualquer tempo, sempre podemos contemplar e viver as provas de amor em todos os minutos e horas de nossa vida.