GESTÃO DOS SERVIÇOS EDUCACIONAIS

Um espaço educacional democrático, com uma administração participativa e cooperação efetiva de todos os envolvidos no processo educativo, sempre foi desejado pela comunidade que o compõe, embora, não tenhamos chegado a tal nível de maturidade e muito nos falta para que esse possa ser atingido.

Isso pelo fato de acreditarmos que a escola deveria ser um espaço de reflexão contínua, de discussão, debate e análise, de introdução de princípios elementares como solidariedade, respeito às diferenças e fraternidade, espaço onde se possa perceber o mundo, não através das fechaduras, mas pelas portas que se podem abrir, dado o seu nível de amadurecimento, criatividade e criticidade; onde não sejam os professores, a mídia e os livros os únicos e levarem tais informações, mas tendo como contrapartida às experiências individuais e coletivas daqueles que geram o processo educativo, pois tal processo requer mútuas trocas e experimentos entre seus gestores, tornando-os cada vez mais libertos dos processos burocráticos impostos pela sociedade.

Todavia não é exatamente isto que se tem percebido nos processos de administração da educação, seja em qual instância aconteça, os processos se apresentam como sendo hierárquicos, onde o pouco tempo ou a inexistência deste, acaba por provocar a ausência de reflexões e análises acerca do processo, gerando uma prática pouco reflexiva e evolutiva; desnortes quanto aos conhecimentos aplicados criando sua fragmentação; acentuação do individualismo, tanto no tange diretores, professores, técnicos e demais envolvidos quanto entre pais e alunos; não há uma lógica entre o espaço escolar e o mundo social dos gestores; tudo e todos estão voltados para o cumprimento do conteúdo e da carga horária escolar, observando milimetricamente cada segundo de aula dada; rigidez e limitação curricular, por conseguinte uma avaliação quantitativa, centrada, única e exclusivamente, no aluno e não em todos os elementos de todo o processo educativo, tendo dessa forma, uma administração baseada no modelo fabril, apresentada no período industrial da nossa história, uma vez que preza também, pela hierarquização dos que pensam daqueles que executam com ênfase no produto em detrimento do processo de construção dos saberes. Salientamos, portanto, que a escola não é uma fábrica, onde os produtos devem sair igualmente confeccionados, com seriação e data de validade.

Os processos de administração da educação têm na escola o ponto de encontro da diversidade cultural que nosso País nos apresenta. Daí a necessidade de se pensar na constituição de fóruns permanentes de estudo, de discussão e formação continuada, não só dos professores, mas de todos os agentes que somam no processo de gestão da educação; ter na escola um espaço de intercâmbio cultural, científico e tecnológico, assim como no desenvolvimento organizacional da comunidade objetivando sucesso na busca incessante pela qualidade de vida, sendo esta mais equilibrada e tranqüila.

Durante o período da nossa formação, aprendemos que somos mediadores do processo ensino aprendizagem, mas quando assumindo as atividades profissionais, deparamo-nos com um sistema alijado, cheio de vícios, hierárquico e preso a modelos ultrapassados e sem objetivos reais em nosso atual contexto social, econômico e cultural.

Outro aspecto pouco discutido é a avaliação no processo de gestão da educação, isso porque, dada às inúmeras atribuições a serem executadas, falta-nos disponibilidade para pensarmos em processos de avaliação mais justos e menos excludente.

Dessa forma, podemos afirmar que a homogeneização dos processos de avaliação é seletivo, discriminatório, antidemocrático e não considera a heterogeneidade dos gestores, sejam diretores, técnicos, professores, alunos e outros, enquadrando-os numa concepção que exclui e despreza suas particularidades socioculturais.

De certo que muito se tem a fazer para que venhamos construir um espaço educacional que respeite e valorize as individualidades e não cultive o separatismo/individualismo produzido pelo atual sistema sócio-econômico difundido em nossa sociedade contemporânea. Sendo este um sistema que seleciona e classifica, em que somos incentivados a sermos sempre melhor que o outro não respeitando a coletividade, não reconhecendo a pluralidade de idéia, nem tampouco a unicidade da pessoa humana.

Assim, pensemos num processo de gestão da educação com características democráticas e participativas, espaço visível do exercício da cidadania, exercido pela participação coletiva de todos os segmentos da comunidade escolar nas ações administrativas e pedagógicas da escola, superando relações antidemocráticas, o separatismo e as diferenças sexuais, religiosas, étnicas e econômicas, acabando com o clientelismo, com o assistencialismo e a corrupção que perpetuam o sistema de dominação e o subdesenvolvimento. Comprometida com o desenvolvimento de um processo coletivo e compartilhado com a comunidade reconhecendo e valorizando suas crenças, seus valores, suas atitudes, suas motivações e iniciativas incentivando-os ao processo de inclusão social, contribuindo na formação política, intelectual, afetiva e humanística, uma vez que o processo ensino aprendizagem é possível a todos e a escola deve ser um espaço de troca, de experimentação, de interpretação, de elaboração e apropriação do conhecimento, de formação de opiniões e de desenvolvimento da autonomia individual e coletiva, conforme citado inúmeras vezes durante esta exposição.

JOSÉ FLÁVIO DA PAZ
Enviado por JOSÉ FLÁVIO DA PAZ em 20/05/2005
Código do texto: T18240