Fecundação: Problema ou Solução ?

Em nossa espécie humana, especificamente, existe uma gama imensa de fatores importantes entre os opostos da concepção ou não de um semelhante. A capacidade de conceber ou gerar repousa, sobretudo, nas condições de fertilidade que se manifestam de diversas formas, desde a sua presença até a sua ausência. Tal fenômeno oscila entre a preservação da espécie e a superpopulação.

Em referência à primeira, natural, divina, comum à maior parte da humanidade, espontânea, quase que imperceptível no decorrer do tempo cada vez mais “veloz”, o instinto desempenha papel fundamental na construção do objetivo que se traduz na continuidade da civilização.

Diversos aspectos contribuem para o seu êxito. O biológico, por exemplo, é primordial, ou seja, é condição “sine-quanon” , sem a qual nada teria início. O surgimento da expectativa de uma vida talvez seja o que há de mais sublime, sob o ponto de vista da Criação.

Outro aspecto relevante é o jurídico, desde que a lei põe a salvo, dentre outros, o direito à vida, a partir da concepção do nascituro. A legitimação ou o reconhecimento do filho apenas concebido, portanto anterior ao nascimento, é uma realidade incontestável da legislação.

Quanto ao fator social, devem-se ressaltar as necessidades mais elementares do ser humano, a iniciar pela nutrição, seguida pela educação e a sociabilidade, visando desde então o preparo para a disputa pela sobrevivência.

O aspecto conseqüente ou residual traduz-se na continuidade do ciclo vital, desde que ocorra novamente o fenômeno da fecundação, assim como a dedicação de cuidados específicos para com os antecessores, que por força da natureza tendem a findar suas existências.

Todavia, este fenômeno (fecundação), que acontece em progressão geométrica e com proporções preocupantes na atualidade, ocasiona o desequilíbrio entre a oferta e a procura, assim como a disputa por um lugar ao sol, ou melhor, um espaço para se poder viver. A estagnação é previsível e real, sendo que há muito, demonstra efeitos nocivos para a sociedade.

A população aumenta, mas o Planeta não. A continuação da espécie humana é imperiosa, enquanto que a possibilidade de saturação da mesma é um verdadeiro fantasma do futuro. A inseminação artificial, por exemplo, é uma solução para quem deseja ter um sucessor, ao passo que uma gravidez indesejada é um transtorno não só para a família como também para a sociedade como um todo, por mais ínfima que seja a participação no âmbito do problema, não deixa de ser uma parcela significativa.

Ressalte-se ainda que com o recente advento da clonagem, prevista por Aldous Huxley há quase três décadas atrás, em forma de ficção científica, no seu consagrado livro “Admirável Mundo Novo“, o assunto se torna infinitamente controvertido, pois embora tal experimento tenha sido eficaz em animais irracionais, já houve quem sugerisse a sua tentativa em seres humanos, o que poderia ser uma catástrofe para a humanidade, pois quem haveria de deter o controle de uma façanha tão inusitada e com conseqüências imprevisíveis ?

Como se não bastasse o desordenado crescimento populacional inerente ao mundo contemporâneo, surge agora uma situação muito preocupante, tornando a ética, a moral e os costumes demasiadamente vulneráveis ao avanço da ciência.

Alexandre Boechat
Enviado por Alexandre Boechat em 26/06/2006
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