"NOTÍCIAS QUE NOS MATAM AOS POUCOS" = Artigo escrito com um nó na garganta=

Hoje em dia não é preciso ficar muito tempo assistindo tevê para chegar à conclusão de que muitas das notícias veiculadas nos matam aos poucos. Matam-nos aos poucos ao percebermos que nos tiram a alegria de viver, a esperança de dias melhores, a crença de que um dia a humanidade será melhor e que não existirá tanta desgraça neste mundo. Doce ilusão...

De ontem para hoje já fiquei sabendo de um consultor de trinta anos de idade que jogou o filhinho do alto do prédio e depois se jogou; de uma coitada de uma mãe que esqueceu a filhinha no carro e a encontrou morta horas depois; de um maldito empresário que após uma discussão besta no trânsito atirou covardemente no veículo e matou um menininho de apenas dois anos e meio. Essas três foram as que me marcaram mais. Mas em apenas vinte e quatro horas, se ficarmos ligados em todos os noticiários, a lista de tragédias seria imensa. Tem sido imensa. Parece que será cada vez maior.

Amor...palavra tão pronunciada, tão presente em tantos poemas, poesias, sonetos, romances, novelas, no dia a dia e, ao mesmo tempo, tão confundida com outros sentimentos baixos, tais como ciúme, posse, complexo de inferioridade, dependência física, ódio, tesão, vingança, paranóia, psicopatia e tantas outras que resultam em infortúnios...

Um sujeito que em plena mocidade, com apenas três décadas de vida, tem a coragem de matar o próprio filho – qualquer que seja a idade- para ferir a mulher que não mais o queria, era apenas e tão somente um psicopata, um anormal, um monstro que talvez se escondesse sob a capa da simpatia, da amorosidade, da necessidade de dar e receber amor sem jamais ter entendido o real significado da palavra amor. Quem ama não fere, não mata, não agride, não magoa. Quem fere, mata, agride, magoa e não se desculpa, é quem odeia e acha que esse sentimento é amor.

“Matou por amor...”. Conversa fiada dos infernos. Essa maldita frase deveria vir sempre com a tradução logo adiante: “Matei por ódio a quem não me quis”, ou “Matei por ódio a quem queria me deixar”, “Matei por ódio a quem não me aceitou”. Matar “por amor” é conversa pra boi dormir ou para servir de argumentação a advogados.

Que ardam nos infernos os dois assassinos, o pai que jogou o filho e se matou e o empresário covarde que matou a criança de menos de três anos, e que Deus amenize aos poucos a dor da pobre mulher que esqueceu a filhinha no carro. São os meus mais sinceros votos.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 19/11/2009
Reeditado em 09/12/2009
Código do texto: T1932753
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