O CUSTO DA CORRUPÇÃO

Segundo um levantamento em 2006 a corrupção custa ao povo brasileiro cerca de 10 bilhões de reais por ano. O que para alguns é um mal necessário, para outros é um desrespeito à cidadania.

Muitos nem se apercebem da corrupção, porque ela já é endêmica. Outros acreditam que ela só existe nas esferas dos governos. Todas as leis criadas que visam aumentar a arrecadação, quer por simples aumento de alíquotas, quer para punir “exemplarmente” infratores de trânsito, trazem em seu bojo o estímulo ao funcionário corrupto. O funcionário público sabe que a arrecadação cresce mais que seu salário, o que também é uma forma de corrupção oficial.

O valor das propinas não vem muito ao caso. Tanto faz se são os dois reais do flanelinha, porque está implícito que ele tem o poder de riscar seu carro sem que nenhuma autoridade policial veja, ou se são os milhares de reais pagos a um alto funcionário para que um empreiteiro receba a fatura que lhe é devida. A essência do crime não altera se alguém dá um bombom a uma criança um carro a quem já tem vários.

Administrar mal também é uma forma de corrupção. A moeda de troca nesse caso nem sempre é dinheiro. Um administrador que emprega quem não merece, ou quando não é necessário à realização do trabalho também está praticando corrupção. A condescendência ou a tolerância com situações e atos escusos é uma forma de cumplicidade.

Há pessoas “honestas” que jamais seriam capazes de roubar uma moeda de um vizinho ou desviar qualquer níquel na empresa onde trabalham. Ao mesmo tempo não consideram crime algum sonegar impostos, desviar energia ou água. Há pessoas que aceitam propinas sem a menor cerimônia, mas aplaudiram o desmascaramento da quadrilha do Arruda em Brasília.

Há ainda os que, embora jamais aceitem dinheiro de fontes duvidosas, concordam tacitamente que um administrador público enriqueça porque afinal “ele rouba, mas faz”. Não raro se vê essas pessoas afirmando que “política não é pra gente honesta”. O brasileiro é condescendente, mesmo não concordando com a mazela que fazem com o dinheiro público.

A realidade pura e simples é que a corrupção produz pobreza. Cerca de dois por cento de crescimento na economia deixa de acontecer todos os anos por conta da corrupção. Em um pouco mais de 30 anos, teríamos um Brasil novo. A pobreza não é gerada pelo pagamento puro e simples de “taxas extras”. Os corruptos também são consumidores em potencial, portanto ajudam a fazer girar a roda da economia com o dinheiro assim obtido. A pobreza vem da concentração de renda, do desestímulo a investidores estrangeiros e do ponta-pé na criatividade do micro investidor local.

A corrupção não é boa para ninguém. Eleva o custo das obras, do ensino público e da saúde pública. Ela também é responsável pela enorme carga tributária que nos é imposta. O custo da auditoria também não é desprezível. Não raramente, para contratar auditores, há necessidade de licitações públicas. Não seria de admirar que também ocorresse corrupção na escolha da empresa que iria chafurdar as contas em busca dela.

Com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal ficou mais difícil esconder a corrupção. São leis como essa que renovam a esperança de que um dia ela poderá ser controlada e os infratores punidos. Enquanto isso não acontece, há muitos à espreita, querendo uma fatia do bolo de dez bilhões de reais.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 25/01/2010
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