As preocupações voam, e como voam...

Ufa! A memória de Alberto retorna para nos salvar, apresentar seu mais novo invento: uma máquina capaz de resgatar a cultura de seus compatriotas e eliminar o abuso cometido pelos individualistas ricos em frivolidades.

Como todo bom filho de um país, preciso de um herói e vejo em Santos = Dumont o melhor exemplo para nos dizer o quanto é importante a presença de um em nossa vidas. Seu pai ao escalar o Mont Blanc, recebeu merecida admiração e, quando ausente, a presença de Hector Servadac alimentava seu sentimento de ser humano preso, ansioso por liberdade jamais vista em pensamento, a liberdade de sonhar; pois eram nas tardes tristes da fazenda, quando proibido de amar Amélia, que revoltava-se e queria correr o máximo que pudesse, porém sua altura não o facilitava o deslocar necessário, o cavalo ele já há muito dominava, queria mais, mas o pai já providenciara o prazer de pilotar uma locomotiva. Aparentemente tudo era fácil em sua vida, queria mais, algo impossível, e, quando conseguisse mostraria a todos que as filosofias até então adotadas pelo ser humano, não mais prenderiam quaisquer fossem os sonhos.

Guardou o sentimento para exposição em adequado momento, quando seu pai melhorasse. Tinha enorme receio de perdê-lo e sabia que aconteceria, tinha de se preparar para todos os objetivos que o desprendimento à vista causar-lhe-ia. O chamar de seu irmão o acordava dos sonhos e o anunciava a viagem à Paris e naquele momento, em silêncio, em baixo da Aroeira, olhou pela última vez certo pássaro e decidiu voar, mas inteligentemente calou-se, seguia a lição do povo mineiro: a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro; afinal, fazia pouco, num grau histórico, haviam condenado Bartholomeu de Gusmão por querer invadir os céus.

As preocupações voam, e como voam, em torno das questões inúteis e não do que e a quem realmente interessa. Por este motivo, o Pai Henrique providenciou todo o necessário para a manutenção de seu sonho, longe da falta de estrutura do país, rico em Paris.

Após informado da morte do pai, resolveu honrar o herói e cumprir a sua então calada promessa, pois já havia providenciado grande parte do conhecimento e seu círculo social era totalmente favorável à criação do sonho, tanto que, um dia antes após alcançar mais de três mil metros com Machuron, fez questão de em conversa silenciosa avisar o pai do início de suas atividades, daí em diante não mais pararia e deixaria claro que os sonhos impossíveis poderiam ser controlados conforme o desejo de cada um, mas faziam-se necessários a prática de atos incomuns, afinal você nunca ousou, colocar nas cordas da árvore, em vez da cadeira de balanço, uma bicicleta motorizada.

Desta criatividade surge o nosso tão orgulhoso 14-Bis, com ele a calúnia dos irmãos Wright e ao mesmo tempo, na atualidade, uma oportunidade de reerguer o orgulho nacional, eliminando comentários infundados sobre nosso autor, e recuperando o exemplo ético a nós doado.

Dos atos incomuns, vale lembrar o seu desinteresse em patentear seus inventos, realmente doando-os à humanidade, sugerindo o fim da hipocrisia, entregando a todos a elegante “senhorita”, que agora ele conquistara e não mais era a simples garota presa em cercas de fazenda ou idéias ocultas; com a demoiselle ele finalizava uma de suas ocultas promessas; a liberdade não só de voar, mas a de escolher por onde.

Tantas mensagens devem ter ficado incógnitas na vida de nosso herói, acredito que sua gratidão ao mundo, depois da família, com certeza está ligada às mulheres, o qual sempre manteve o respeito, pois veio dele a audácia ou simplesmente carinho, que permitiu o primeiro vôo feminino, choque para a época, e nas cordas de piano, soluções para o excesso de peso, sugeria uma ligação à música, ao canto livre dos pássaros.

De tudo o que Santos=Dumont nos ofereceu, creio, nem metade compreendemos, é uma pena, ver que os heróis atuais não tem mais feitos, são meras criações e quando somem, nem sequer sentimos falta.

Quanto ao fim de nosso Alberto Santos = Dumont, prefiro dizer que não houve e que por respeito, deveríamos dar continuidade ao seu trabalho de pesquisas nas áreas correspondentes ao sonho de cada um, mas com uma certeza, paixão, se notar a falta de um rumo, lembre-se de um herói, o que está dentro de sua casa e para Dumont deixe o descanso de ser o nosso Vernet e o 14-Bis nosso Hector Servandoc.

"Texto enviado ao Concurso de redação da folha dirigida sobre o centenário do 14-Bis, mas por puro relaxo na escrita, acredito não será aprovado por falta de 5 linhas."

Bom, peço a opinião de vocês.

grato.

abraços.