APELO AO BOM SENSO

O ano é eleitoral. Mais uma vez vamos obrigatoriamente escolher um dos candidatos a prefeito e vereador de nossa cidade. Para mim, é um tanto incômodo e até assustador pensar: quem devo creditar tal posição de extrema responsabilidade, equivalente a uma procuração dada às mãos de alguém que tomará decisões inerentes à minha vida como um todo. Sou sincero em dizer que isso não me anima nem um pouco. Sou um cidadão comum que, como todos, tenho a expectativa de uma vida melhor para mim e para os demais e, como a maioria pensante, sofro a indignação de sentir-me traído toda vez que vejo nossos representantes junto ao governo priorizando seus interesses particulares, como se o Brasil fosse a grande '' casa da mãe Joana''. Hoje todos nós sabemos que um cargo executivo é um grande negócio. Além de ser muito bem remunerado, é uma ótima oportunidade de bem relacionar-se. Posso dizer com toda a certeza do mundo que 99,0 % dos candidatos visam seus próprios interesses na corrida eleitoral.

Outro dia, participei de um jantar político onde um tal candidato em seu atrapalhado discurso insistia em frisar que pessoas de "bens" deviam votar em pessoas de "bens". A princípio, levei àquilo como um simples erro de concordância, se não fosse a audácia de um certo momento ele acrescentar, ''materiais'' isso mesmo! ele não se referia a pessoas de bem, de bom caráter, mas sim, a pessoas de bens materiais ou financeiros, tal como ele. Àquilo me deixou muito incomodado e, com certeza, tal candidato jamais terá meu voto.

Por mais alarmante que isso pareça ser, é a mais pura realidade. Por isso, apelo ao bom senso de todos nós os ''causadores'' disso tudo, para que no momento em que formos as urnas, tenhamos a certeza de que estamos fazendo a coisa certa para nossas vidas. Tudo o que nós somos como ser humano, depende dessa decisão. Analise seu candidato, suas propostas, seu passado, pesquise à respeito de sua vida. Tenha a certeza que seu candidato vai trazer benefícios à sua cidade. Não só ao seu bairro, luxuoso ou não, mas a todas as classes sociais, principalmente as mais necessitadas. Temos a arma do voto em nossas mãos, vivemos uma democracia fragilizada ,mas, mesmo assim, é uma democracia. Vamos usar isso ao nosso favor. Vamos fazer valer nossos direitos; mesmo que tenhamos que ir as ruas como faziam nossos jovens heróis nos tempos terríveis da ditadura, qual davam suas vidas à sacrifício para o bem comum. Hoje não temos mais a boca amordaçada, mas ainda não demos o grito tão almejado por aqueles que morreram em favor da justiça social. Não falo a respeito do nosso país somente; mas das Américas, da África, da Oceania, do Oriente Árabe e de todas as nações e continentes que sofrem com o abuso das classes dominantes. Deixo aqui registrado o meu apelo à você eleitor; faça a coisa certa. Não só para você, como fazem os hipócritas, mas para todas as pessoas: negros, brancos, pobres, ricos e, principalmente, aos 50 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da miséria, isto é, não comem sequer uma vez por dia.

*Artigo publicado no sábado do dia 28 de agosto de 2004. Jornal Gazeta Centro Oeste, cidade de Campo Mourão, estado do Paraná.

marcos barreto
Enviado por marcos barreto em 31/05/2005
Reeditado em 10/06/2005
Código do texto: T21065