Bom, Bonito e Barato

É barato?... bem, tevê aberta custa quase nada, só uns míseros kilo.watt.horas a mais na conta de energia elétrica, no final do mês... então, é barato; mais barato que pegar o carro e sair pra dar uma volta, correndo-se o sério risco de ser assaltado na primeira esquina...

É bonito?... well, os bonecos e bonecas são escolhidos a dedo, ou melhor, a olhos (não se descartando, necessariamente, o dedo...), pelos caça-'talentos' da poderosa e quase onipresente 'vênus platinada': corpos malhados, peitoris, bíceps, tríceps, quadríceps e eticétereps, pernas e bundas expostas, mas tão expostas que quase saltam da telinha para a sala do telespectador... Então, é bonito!... fechando-se os olhos, ocasionalmente, para alguma celulite enxerida não filtrada pelas lentes hi-end do plim plim.

É bom?... deve ser, né?!... afinal, o show anual (no sentido cronológico, eu pensei... mas pode ser em qualquer outro sentado, digo, sentido que o programa possa inspirar...) é comandado por um cara rotulado de intelectual e antenado, além de poeta... distribui milhões... é visto por milhões... recebe milhões de ligações telefônicas... e...

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A verdade é que esse "Bom, Bonito e Barato" acaba saindo caro, às vezes muito caro, para tantas famílias, para milhões de pais às voltas com a educação de seus filhos, tarefa cada vez mais difícil nestes dias de muito acelerador e pouco freio.

A superficialidade, a futilidade dos diálogos, a baixaria generalizada, os desvios de caráter, as tramas sórdidas que se desenrolam em cada capítulo dessa pornotragicomédia nacional, queiram ou não os aflitos pais, acabam por contaminar as ligações neurais das personalidades ainda em formação das nossas crianças e adolescentes, sempre tão expostos aos veículos de comunicação cuja prioridade zero é ficar o mais distante possível do zero da escala do ibope.

E, como quase sempre proibir não funciona, o jeito é dialogar, chamar a atenção das nossas crianças e adolescentes para o 'lado B' desse show "Bom, Bonito e Barato". Em outras palavras, aproveitar a 'oportunidade' para educar... pelo exemplo de como não proceder.

Resumo da ópera, digo, do programa: do lado de lá da telinha, brigam por um milhão (e meio, agora... tá subindo... o prêmio, também...); do lado de cá, a família acuada no paredão da televisão - neste caso, longe do sentido pornotragicômico da situação...

E, ainda acreditando numa salvação, recorramos ao poder da oração: que Deus nos proteja de tanta esculhambação!