ATROPELAMENTOS

Sempre que se constrói uma rodovia cruzando os interiores deste imenso Brasil há uma constatação: Alto número de acidentes, quer por atropelamento, quer por acidentes com vítimas de dentro dos carros. Em ambos os casos eles poderiam ter sido evitados. Parece não bastar aos usuários e morados das cercanias destas estradas o conhecimento do perigo. Precisam testá-lo com a própria vida, ou com a própria morte.

O motorista acostumado a rodar em estradas de chão batido, quando se depara com a firmeza de uma pista asfaltada quer logo testar os limites do carro. Acaba descobrindo às duras penas que o limite do motor pode estar à frente do limite da direção que não consegue fazer a próxima cura.

O morador do interior acredita que não há perigo em atravessar animais de um lado a outro da pista de rolamento. Assim, tentando salvar alguns deles que se demoram na estrada, acaba pagando com a própria vida. Estes fatos logo fazem com que as pessoas se questionem sobre a necessidade do “progresso” a esse preço. Aparecem até aqueles que combatem, a própria necessidade da rodovia. Hoje, constata-se que estas coisas não acontecem apenas no interior.

A construção de ruas cada vez mais largas para dar vazão ao trânsito nas grandes cidades nem sempre vem acompanhadas da necessária conscientização dos pedestres acostumadas à ruelas bem menos perigosas. A exemplo do que acontece no interior, não foi o pedestre que saiu de seu habitat, mas este foi alterado em frente á porta de sua casa.

Um relato de um comerciante da Avenida Brasil corrobora esta informação. Para quem não sabe, a Avenida Brasil existe há décadas e sempre serviu para atender as pessoas do Bairro da Compensa quase com exclusividade. Três fatores contribuem para que esta avenida se tornasse uma das mais perigosas de toda a Manaus: O aumento da população na área da Ponta Negra, Lírio do Vale e da própria Compensa; O congestionamento da Estrada do São Jorge e Pedro Teixeira; A melhoria da própria avenida Brasil com sua ligação com o Boulevard Álvaro Maia.

Este comerciante relata que em dias diferentes da mesma semana duas crianças em idade escolar e com uniforme escolar foram atropeladas e possivelmente morreram em conseqüência destes atropelamentos. A mídia não costuma dar tanta atenção a estas mortes porque há assassinatos que chamam mais a atenção do público, infelizmente também acontecendo na cidade. A morte por arma de fogo ou branca, planejada e executada com requintes de crueldade recebe mais atenção que aquela acontecida acidentalmente. A revolta para os parentes pode ser maior na primeira, mas a dor, com certeza, é a mesma em ambos os casos.

Sempre que morre uma pessoa jovem acontece um momentâneo estado de torpor e de impotência porque a corrente natural da vida foi quebrada. Não é natural que os filhos morram antes dos pais. Contudo, os pais, as autoridades e a sociedade em geral devem fazer um “mea culpa” porque mortes acidentais podem ser evitadas. Não se trata de acusar, nem de sugerir um sentimento de culpa que nada constrói, nem de questionar obras que visam beneficiar a coletividade.

Acidentes podem e devem ser evitados. Para isso é necessário que haja educação para o trânsito. Educação familiar, escolar e, logicamente, dos motoristas.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 04/06/2010
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