Sabático: experimente!

Luiz Luna*

Os experts do mundo empresarial têm recorrido à Bíblia e à história de Jesus Cristo para inspirarem as pessoas a melhor lidarem com o concorrido mercado de trabalho. O resultado disso é a utilização de termos e a publicação de livros que têm nas escrituras sagradas seu apoio filosófico, embora sua utilização nada tenha a ver com religião, mas com a espiritualidade que habita nosso interior.

Baseados na história bíblica da criação do mundo, que relata o descanso de Deus no sétimo dia da semana, o sábado, é que surgiu o termo sabático, palavra usada para denominar o período em que o profissional pára para refletir sobre sua carreira. Essa reflexão tem um sentido amplo, pois ele tanto pode pensar no que fez até o momento, traçar novos rumos, bem como estudar a possibilidade de dar uma guinada em sua vida. Também pode descobrir que tem percorrido o caminho de seus sonhos, que a felicidade é uma constante na sua vida e que as mudanças já têm ocorrido, apenas para acompanhar as constantes evoluções que o mundo tem experimentado, ou simplesmente, um período de descanso.

A partir do entendimento que cada um tem necessidades específicas e reage de forma diferente às diversas situações oferecidas pelo mundo moderno, o profissional deve encontrar a maneira adequada de vivenciar seu sabático, extraindo dele lições para melhorar sua qualidade de vida. Quanto ao tempo, depende da disponibilidade de cada um e, conseqüentemente, de sua reação diante da opção escolhida. Sufocado por uma rotina estressante, onde tarefas consideradas trabalho passaram a ter o cunho de entretenimento, não sendo reservado sequer o domingo, resolvi, a meu modo, experimentar essa opção de um “encontro” pessoal.

A conciliação entre trabalho, universidade, família e estudos para concurso público não é fácil, ainda mais porque não podemos descuidar da saúde, sob pena de todos os nossos planos caírem por terra. Provavelmente você já se deparou com situação semelhante ou observou algum parente ou amigo no mesmo dilema. E a reflexão se faz necessária justamente nos momentos dessas indagações: Estou realizado? Que posso fazer para melhorar? Aonde terminará essa concorrência absurda do mercado de trabalho? Todos, realmente, têm lugar ao sol? Alcançarei felicidade plena?

Foi observando as águas do Açude de Coremas, no sertão da Paraíba, enquanto degustava um saboroso Tucanaré (peixe muito consumido na região), que comparava a imensidão das águas com a grandeza de nossos problemas, fruto da modernidade. A correria da cidade grande contrasta com a tranqüilidade do pescador, embalado pelo balanço das pequenas ondas. O mesmo ocorre com o restante da vida em cidades como a visitada: têm praticamente as mesmas coisas da capital, mas o ritmo é outro, a maciez é notada até no link da internet. Percebemos, de logo, o valor da paciência. Vemos pessoas que não vislumbram mérito na pressa.

Novamente reforçamos a idéia da individualização dos sentimentos, das experiências e da forma como cada um reage diante da gama de opções oferecidas na atualidade. Portanto, seja por meio de um sabático ou não, o fato é que possamos sempre estar de bem conosco e, consequentemente, com a vida.

* Jornalista e especialista em gestão de pessoas.

L L Jr
Enviado por L L Jr em 02/10/2006
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